JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
— A Neytiri ainda te assusta? — Yisa perguntou de repente, como se soubesse o que eu pensava.
— Muito — confessei, rindo baixo. — Ela me olha como se pudesse me arrancar a alma só com os olhos.
— Ela é assim mesmo. Acredite, eu já lutei com ela uma vez — Yisa disse sério, depois abriu um sorriso malandro. — Quase virei adubo.
Eu gargalhei alto.
— Você e a Neytiri? Sério?
— Longa história envolvendo uma discussão idiota e uma flecha muito afiada. Moral da história? Nunca desafie uma futura Tsahik.
Eu ri mais ainda, encostando minha cabeça no ombro dela.
— E as crianças? — ela perguntou depois de um tempo. — Está se dando bem com elas?
Pensei antes de responder.
— Sim. Eles são... legais. Loucos, mas legais. Spider é o mais tranquilo de lidar, eu acho. Ele entende mais do que qualquer um o que é... não pertencer totalmente a lugar nenhum.
Meu peito apertou um pouco quando falei isso. A verdade tem esse efeito, mesmo quando você está fingindo.
Yisa acariciou meu cabelo, gentil.
— Você pertence. Aqui. Comigo. Com seu pai e com a sua mãe. Com a sua família.
Eu queria acreditar. Parte de mim quase acreditava.
— Uma hora você vai parar de fingir tanta força — ela disse baixinho, sem me olhar. — E quando isso acontecer, tem gente aqui que não vai deixar você quebrar sozinha.
Engoli seco. Eu não podia chorar ali. Não podia sentir aquilo. Não era pra sentir nada.
Mas, por um momento, só um, eu deixei a cabeça encostar no peito dela e deixei a paz me enganar.
O filme começou, e eu me forcei a relaxar.
Eu estava atuando. Era parte do plano. Era tudo parte do plano.
Mas... por alguns minutos, eu gostei de ser só uma garota vendo um filme com alguém que se importava comigo.
Mesmo que nada disso fosse meu.
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EU ANDAVA PELA FLORESTA DEVAGAR, prestando atenção em tudo. Pandora tinha esse jeito de prender a gente, cada cor, cada cheiro, tudo. Às vezes, eu esquecia do motivo de estar ali. Quase parecia... bonito demais pra ser real.
Eu estava tão distraída tocando umas flores grandes perto do pé de uma árvore que não percebi que não estava sozinha.
Só percebi quando senti. Não sei explicar... como se algo pesado tivesse encostado no ar.
Quando olhei pra frente, meu coração quase parou.
Um Palulukan.
Thanator, pros humanos. A criatura mais mortal dessa floresta e ele estava me encarando, olhos amarelos, corpo pronto pra atacar. Parecia que o mundo ficou quieto de repente. Nenhum som, só minha respiração presa na garganta.