ENTREI NA SALA DE REUNIÕES e senti o peso do meu corpo humano de volta. Cada músculo reclamava depois de tantas horas no avatar, e meu coração ainda batia acelerado.
A sala estava cheia: além do meu pai e da Liz, havia cinco soldados, dois cientistas e mais alguns observadores. Todos pareciam tensos, e o clima quase me fazia engolir em seco antes de começar a falar.
Valentim estava parado perto da mesa, os braços cruzados, o rosto fechado. Quando me viu entrando, percebi que seus ombros relaxaram um pouco e ele exalou um suspiro, como se estivesse aliviado por me ver inteira.
Liz, como sempre, estava sentada quieta, mas seus olhos me seguiam com atenção.
Respirei fundo e comecei:
— Cheguei ao clã. Não sei quem me encontrou, mas me levaram para a Tsahìk ver meus ferimentos. Conversei com Neytiri e Jake . Eles me aceitaram mais rápido do que eu esperava. — Parei um instante e continuei — Conheci os filhos deles. Neteyam, Kiri, Lo'ak e Tuk, a menina mais nova, que nos não sabíamos da existência. Eles me ajudaram a caminhar até a barraca e me deixaram descansar antes de interagir com o resto do clã.
Meu pai assentiu, franzindo levemente o cenho. Podia sentir que ele estava avaliando cada palavra minha, tentando decifrar se eu realmente tinha conseguido me manter segura.
— Conversei com Jake e Neytiri, falei sobre mim, sobre meus ferimentos, de onde venho, sobre meu pai — continuei, sentindo meus dedos batendo nervosamente na cadeira. — Também contei que minha mãe era humana e que foi o avatar da Liz que me gerou. Quando mencionei Liz, percebi algo... — olhei pra minha mãe — Eles pareceram surpresos, mas também como se estivessem escondendo algo. Não sei o que é, mas senti claramente que há mais por trás disso.
Minha mãe se encolheu na cadeira que estava. Estranho.
— Não fizeram muitas perguntas sobre minha vida com Liz, mas é evidente que sabem mais do que dizem. — falei.
A tensão na sala diminuiu levemente quando eu continuei detalhando os filhos:
— Neteyam observa tudo com atenção, Kiri é curiosa e rápida para perceber movimentos, Lo'ak parecia impulsivo, e Tuk não para quieta no lugar. Posso me aproximar de todos se continuar observando e aprendendo sobre eles.
Valentim cruzou os braços e deu um passo à frente, a expressão mais relaxada agora que estava me ouvindo relatar tudo com clareza.
Alguns soldados anotavam freneticamente, outros apenas mantinham os olhos em mim.
Os cientistas faziam perguntas pontuais, mas eu respondia firme, sem enrolar:
— Consegui me apresentar e estabelecer um contato inicial. Não houve conflitos sérios. Mas vou precisar de mais tempo para ganhar confiança e entender melhor a dinâmica da família e do clã.
Houve um silêncio por alguns segundos. Eu pude sentir todos na sala absorvendo cada detalhe, Valentim deu um passo à frente, visivelmente mais relaxado, e sorriu levemente.
Quando a reunião terminou, e todos se dispersaram, senti uma presença familiar ao meu lado. Lisa. Ou melhor, Yisa, como ela gostava de ser chamada.
Ela sempre tinha estado presente de alguma forma na minha vida, especialmente quando eu era menor.
— Sabe quem foi o sem mãe que arregaçou meu avatar? — perguntei, pegando um refrigerante na cozinha do complexo.
— Fui eu, lindona — ela respondeu, com aquele sorriso de sempre.
— Tinha que ser você, tia Yisa — revirei os olhos, dando um gole na bebida. — Odiei, tô parecendo uma velha caduca quando ando, é depressivo. Fora que vai ficar uma cicatriz horrível.
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PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY
FanfictionJOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras. Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança. Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial. Criada entre cientista...
002. WEAK POINT
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