— Terras do Sul, a parte sul da floresta. — minha voz soou firme, mas eu podia sentir o nervosismo apertando meu estômago.

— E o que aconteceu com você?

— Fui atacada por um Palulukan enquanto viajava nas proximidades. — Apertei a unha na palma da minha mão, tentando me concentrar para não deixar a ansiedade transparecer.

— E de qual clã você pertence?

— Nenhum. — respondi de maneira simples, olhando para eles sem piscar.

— Como assim nenhum? — Jake perguntou, ainda em português, mantendo a calma, como se soubesse que eu podia falar mais do que queria.

— Nenhum. Eu e meu pai vivíamos pela floresta sem um destino específico. — respirei fundo, me preparando para a próxima parte. — Mas ele acabou falecendo por conta de uma doença.

— Sinto muito. — ele expressou as condolências, e eu assenti em agradecimento.

Percebi que minhas respostas não davam a informação completa que Jake procurava. Ele queria saber se eu era filha de um Avatar, mas eu não mencionava nada sobre meu pai ou sobre minha mãe.

— Você tem quantos anos, Maeve?

— 15 anos.

— E desde quando você não tem clã? — Neytiri perguntou, agora em Na'vi, testando se eu realmente entendia a língua.

— Desde pequena. — respondi, mantendo os olhos fixos nela.

— Seus pais viviam com você sem lar desde a infância? — ela continuou, curiosa.

— Minha mãe não, era só eu e meu pai. — respirei fundo mais uma vez. — A floresta era o nosso lar.

— Você tem familiares vivos? — Jake perguntou em Na'vi.

— Não que eu saiba. — mantive a expressão séria, tentando parecer confiante.

— E sua mãe, Mieve? — Neytiri perguntou, arrastando meu nome com aquele sotaque pesado.

— Não quero falar sobre ela. — respondi seco, mantendo o plano em mente. Não era hora de me abrir.

— Por favor, Maeve. — Jake se aproximou, mas me afastei levemente, surpresa pela proximidade. Seus olhos me observavam de um jeito que transmitia segurança, como se quisesse me fazer sentir que eu poderia contar o que quisesse, sem medo de julgamento.

Respirei fundo e, lentamente, comecei a falar.

— Minha mãe era humana... — mordia os lábios e batia os dedos do pé no chão repetidamente. Por um instante, fiquei em silêncio, escolhendo as palavras com cuidado. — Ela tinha um Avatar, e eu nasci dele.

Eles se entreolharam, e percebi o assentimento de Jake nesse breve diálogo silencioso com Neytiri. Eu estudava cada reação, cada gesto, tentando entender o que eles pensavam.

— Como se chamava sua mãe?

— Liz. Liz Bailey.

Os olhos de Jake se arregalaram, e pude notar a surpresa também no olhar de Neytiri. Fiquei observando, curiosa, cada pequeno detalhe na expressão deles.

Jake manteve o olhar sobre mim.

— Eu conheci sua mãe.

— Conheceu? — meus olhos brilharam de surpresa, uma pontada de curiosidade e esperança percorrendo meu peito.

— Conheci.

— E como ela era? — perguntei, segurando o colar em meu pescoço, tentando me acalmar. — Quer dizer, como era como pessoa, era boa?

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now