PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY

001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

Ele acreditava que adultos obedeciam, mas crianças podiam ser moldadas.

A filha de Grace seria o começo.

O primeiro teste.

O primeiro plano.

A menina recebeu o nome de Maeve. E foi criada por Valentim e por Liz, que carregava a culpa de ter roubado sua infância.

Quando a guerra entre Na'vi e humanos explodiu, Maeve tinha apenas um ano. Quaritch morreu em combate, mas Valentim sobreviveu, forjando a própria morte para se manter fora do radar de Jake Sully e dos nativos. Sabia que, se descobrissem a verdade, não hesitariam em matá-lo.

Em 21 de agosto de 2154, Grace Augustine morreu em meio ao conflito. Sua filha, no entanto, vivia em segredo, nas mãos do homem que mais odiaria, se soubesse.

Com o fim da guerra, os objetivos de Valentim mudaram. O unobtainium já não era o bastante. O que ele queria agora era vingança. Vingar os humanos que haviam caído ao seu lado e subjugar os Na'vi, escravizá-los, destruí-los, transformá-los em nada.

Enquanto isso, Maeve crescia. E, com ela, o plano de Valentim ganhava forma.

— Oi, papai! — a vozinha infantil ecoou pelo Posto de Controle. Maeve correu pelo corredor até os braços de Valentim, que estava absorto diante da tela do computador.

Ele interrompeu a digitação e a puxou para o colo.

— Oi, docinho.

— A titia Yisa disse que você queria falar comigo.

— Queria, sim. — assentiu, dando um leve sorriso. Antes de chegar ao ponto, distraía a filha com pequenas histórias, piadas bobas que arrancavam risadinhas dela. Só então endireitou o semblante, preparando-se para o motivo de tê-la chamado. — Mas primeiro... me diz, quantos anos você tem mesmo? Dez?

Maeve riu, achando graça da pergunta.

— Não, papai! Tenho seis!

— Seis? — Valentim arqueou as sobrancelhas. — Você parece tão grande...

— São meus músculos. — a menina mostrou os bracinhos, fazendo "muque", e caiu na própria risada.

Ele a observou, fingido espanto.

— Daqui a pouco vai ficar mais forte do que eu.

— Ainda vai demorar! — ela respondeu com o sorriso aberto. — Mas... o que você queria me dizer?

Valentim respirou fundo e segurou a mãozinha dela. Seus olhos, tão azuis quanto os da mãe, o encaravam cheios de confiança.

— Eu acho que você já está grandinha pra entender algumas coisas. Você sabe que eu e Liz não somos seus pais de sangue, não é?

— Sei. Mamãe já falou.

— Pois bem... eu conheci a sua mãe de verdade. A de sangue.

Maeve se ajeitou no colo, curiosa.

— E como ela era?

Houve uma breve pausa. Ele moldou as palavras com cuidado.

— Ela não era boa, princesa. Era inteligente, brilhante até... mas usava isso para coisas erradas. Fez pessoas sofrerem. Muitos morreram por causa dela.

Os olhinhos de Maeve marejaram.

— Por quê?

— Porque nem todos escolhem o caminho certo. — Valentim passou o polegar pelo dorso da mão dela. — Sua mãe, Grace, era ruim... perigosa.