—Ok, agora me explica, porque raios você convidou a menina que é afim do seu noivo pra ser madrinha?

    Na loja Ms.Simone, Lindsay e sua mãe, Hillary, se aprontavam para receberem as futuras madrinhas. E a futura noiva não poupou comentários sobre a nova visitante em HighHeart.

    —Amigos perto, inimigos mais perto, mamãe. —Lindsay prendeu a respiração e murchou a barriga quando sua mãe se aproximou para fechar o zíper de seu vestido. —Aquela carinha de inocente, boazinha, não me engana não! Mas você sabe, mamãe, eu nem mesmo gosto do Nick. Mas, se outra garota se aproxima dele, adivinha pra quem o dinheiro vai?

    —E se ele gostar de você? Homens são tolos, minha filha. —Hillary se afastou, rindo fraco.

    —Ele não. Finalmente consegui uma competidora a altura. —Lindsay ajeitou o decote do vestido e sorriu. —Não brigo por homem, mas pelo o que me beneficia mesmo. 

    —Senhorita WentWorth, elas chegaram!— A dona da loja avisou.

    No hall principal, sentadas em mesinhas de chá em meio á garotas que pareciam saídas da roda das meninas malvadas de um filme dos anos 2000, estavam Faith e Leigh. Se sentiam como patinhos feios naquele lugar tão cheio de enfeites, decorações claras e o cheiro sufocante de laquê.

    —Ah, meninas! Que bom que vieram!— Lindsay veio com um largo sorriso no rosto. —Eu fico muito feliz que todas estejam sendo parte desse momento tão único e especial para mim. Para as escolhidas do meu lado, minhas parceiras queridas, obrigada por nunca me abandonarem. E para as do lado do Nick, eu espero que possam me ver também como uma amiga, e me receberem na família de vocês. —Ela olhou em especial para Leigh, que sentiu uma estranha sensação de conforto.

    —Não é tão ruim, que fofo da parte dela!— Leigh cochichou com Faith, que olhava para a noiva com a maior expressão de deboche possível.

    —Antes da prova, servirei um cardápio de café da manhã para vocês, uma cortesia da Ms.Simone. Serão servidos Cupcakes de mirtilo sem lactose, patê de soja com tomatinhos cereja e muitas outras receitas maravilhosas!

    —É horrível!— Faith afirmou, virando para sua mesa.

    —Ah, e olhe o que me dei conta, tenho os tamanhos de todas menos o seu, Leigh. Que tamanho usa? —Lindsay foi para a cabeceira da mesa onde elas estavam.

    —Olha, eu sempre fico entre 44 e 46, mas pelo quadril é melhor um 46. —Leigh respondeu, tomando um gole do chá servido. Estava na temperatura perfeita e era de frutas vermelhas, seu favorito, mas era inteiramente sem açúcar. —Tenho a genética latina da minha mãe, então tenho o quadril largo, sabe?— Confessou com um risinho, mas logo parou ao notar o olhar de repulsa de todas. —Que foi?

    —Então, esse cardápio vai ser mesmo bom pra você. Tem umas receitinhas com baixa caloria e gostosas que são assim... milagrosas!— Lindsay enfatizou, gesticulando de modo exagerado.

    —Ah não, mas eu não ligo pra isso não. Não gosto de pensar nisso quando eu como porque tira o prazer que deve ter. —Leigh negou. —Mas obrigada, mesmo assim.

    —É, vamos ter que ver se temos um vestido do seu tamanho, o máximo aqui foi 42, mas... —Lindsay arqueou uma sobrancelha. —Mas vamos dar um jeito, quero você de madrinha!

    [...]

    —E aí, já fechou o seu vestido?— Faith foi atrás de Leigh, que estava em um dos provadores. —Tô entrando, viu?— Abriu a porta do provador onde a amiga estava. —Ah, que lindo! Combinou demais com você esse rosa mulher fresca.

    —Mas eu não sei... o vestido de todas parece mais delineado, mais bonitinho, porque o meu é todo cheio de tule?— Leigh virou de costas, analisando seu vestido. Tinha apenas uma alça no lado direito, e era justo somente no busto. —Ah, agora eu sei. Ela se incomoda porque sou mais curvilínea que ela, não quer que outra pessoa roube a atenção do dia dela. Ou... do homem dela.

    —Ah isso não deve ser, Leigh. Ela nem gosta mesmo do Nick, certeza que não é isso. —Faith a tranquilizou. —Você tá linda, e não vai precisar de dietas malucas e quilos de maquiagem  para ficar bonita, diferente delas.

    —É, tem razão... vou ficar com esse mesmo, nem sei se vou estar aqui até o casamento mas por enquanto, esse tá bom.

    Enquanto se trocava, Leigh ouviu uma voz masculina familiar do lado de fora, então se apressou e saiu do provador, encontrando Nick ali. Quando ele a viu, abriu outro daqueles sorrisos genuínos e calorosos, o que a fez suspirar involuntariamente.

    —Vamos, Leigh? Temos uma dívida a quitar. —Ele falou, enfiando as mãos no bolso do casaco.

    —Ora rapaz, acha que isso é certo? Sair com outra mulher quando está noivo da minha filha?— Hillary reclamou. —E você, garota? Acha que pode competir com a minha Linds?

    —Ah não senhora, me desculpe mas eu não tenho a intenção de competir com a sua filha, acontece que o Nick e eu, nós somos...

    —É claro que ela não quer competir, mamãe, basta olhar pra ela pra perceber que essa competição nem existe!— Lindsay interrompeu, alfinetando Leigh de modo indiscreto.

    —Desculpa, o que quer dizer com isso?— Leigh se virou, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços. —Tá me menosprezando?

    —Eu? Imagina, linda. Eu falo no sentido de você ser confiável. Você transmite isso. —Lindsay fingiu inocência. —Nunca ia destruir meu relacionamento com o Nick, né?

    —Só vamos logo, Mae. —Nick estendeu a mão para ela. —E senhora WentWorth? É melhor ser mais cuidadosa pra falar de quem você não conhece, não quer comprar essa briga.

    Quando saíram da loja de vestidos, Leigh ainda mantinha um olhar preocupado para dentro do local e estava apreensiva.

    —Não precisava ter falado assim com ela. Ela nem sabe quem eu sou, nem deve ter falado por maldade. —Ela murmurou.—Agora vai ficar o maior climão entre vocês!

    —Justamente por isso, ela não pode desrespeitar alguém só pela ideia errada que tem. E eu nunca me dei bem com ela, então é indiferente. —Nick deu de ombros e puxou Leigh pra mais perto. —Relaxa, tá? Não precisa remoer isso. Agora, temos que quitar uma dívida de infância, vem!

    —Falando assim, parece até mafioso. —Leigh zombou.

    —São negócios de verdade, ué? E na verdade? Eu só tô morrendo de saudade da minha melhor amiga, e quero compensar esse tempo. —Ele olhou para ela e sorriu. —E na sua antiga cafeteira favorita, o Macys ainda existe!

Um clichê de natal Onde histórias criam vida. Descubra agora