Parte V

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Anos se passaram, velho e cansado, sem esperança, 

Até que um aroma familiar, me trouxe uma bonança, 

Segui o cheiro, que me levou à cidade vibrante, 

Uma senhora com bolsa de palha, tão elegante.


No ônibus ela subiu, o aroma se foi com ela, 

Cego pelo faro, corri, sem descanso, pela avenida bela, 

Mas o ônibus parou, e ela desceu, enfim, 

Segui-a, minha intuição guiando-me até o fim.


Ela sorriu ao me perceber, meu coração se assustou, 

Corri, cauteloso, como o predador que me tornei, aprendi, realizei. 

Mas o aroma persistia, me guiando, sem desviar, 

Ela deixava comida, à noite, no mesmo lugar.


A senhora jogava alimento, todas as manhãs, em meu caminho, 

Ganhou minha confiança, aos poucos, com carinho, 

Um dia, seu toque, familiar e doce como o luar, 

Reconheci-a então, era a humana boa a me acariciar.


Mais velha e cansada, como eu, ela contou sua história, 

Filhos partiram, o companheiro também na memória, 

Agora vivia sozinha na floresta, como eu, em paz, 

Ambos procurávamos, o mesmo, um abrigo capaz.

A RaposaWhere stories live. Discover now