🔥𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 12🔥

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15:16 𝐝𝐚 𝐭𝐚𝐫𝐝𝐞


𝐌𝐞𝐥𝐚𝐧𝐢𝐞 𝐀𝐝𝐚𝐦𝐬

Lá vai o meu coração batendo forte no peito de novo, enquanto meus olhos batem contra o vidro. Porque ele tem sido o motivo... Meus olhos o acompanham escondidos atrás da cortina do meu quarto. Seus passos são rápidos e precisos até minha casa, seus cabelos balançam com o vento à medida que se aproxima. Estou agitada por mais um dia ele não ter faltado para vir me visitar.

Passou uma semana desde o ocorrido, e desde então, Brayan todos os dias após as aulas, vem me visitar. Eu sei que ele está apenas cumprindo com o que disse. Me passar e me ensinar sobre o que foi discutido naquele dia. Vejo seu esforço em aprender para depois me explicar, a cada gesto ou pela sua maneira de se expressar, só para que eu entenda no meu tempo e com facilidade... Sua dedicação para comigo as vezes parece ser demais pra mim, e me pego pensando em como posso o retribuir depois deu me recuperar desse trauma...

Nas madrugadas, pensamentos intrusivos surgem como o de costume para me incomodar, não como antes com aqueles questionamentos acompanhados de medo pelo caminho que eu estava andando, mas de perguntas sobre o que está havendo entre Brayan e eu. Depois daquele dia que quase nos beijamos, não sai da minha cabeça o fato que pode voltar a acontecer, e nos dias seguintes a aquele, eu procuro ficar sempre fora do seu espaço pessoal. E ele respeita isso. Não quero que volte a acontecer, mas...no fundo eu mesma me questiono sobre isso as vezes, se realmente não quero isso... É o medo de mãos dadas com a loucura.

Minha mente está tão focada nele ultimamente, que nem me importa o fato de que policiais foram até a casa do Alexandre para comunicar e entregar em papel, a medida protetiva contra seu irmão. Que mora com ele. Fico orgulhosa dos meus avós estarem cuidando de tudo isso por mim, de conseguirem um advogado em tão pouco tempo e até mesmo da análise do juiz ter sido rápida no meu ponto de vista. Acredito que pela experiencia antiga de antes comigo contra meu pai no tribunal...tenha ajudado um pouco. E por coincidência, com o mesmo advogado que conseguiu minha guarda pra eles anos atrás. Pensei que tivesse se aposentado a muito tempo. O que foi difícil e está sendo ainda, é o fato deu não o denunciá-lo por abuso... não importa, não pretendo fazer isso mesmo. Não adiantaria de nada, além que meu foco principal é nas minhas sessões de terapia. É o melhor que posso fazer por mim. Até o momento, não chegou nenhuma mensagem anônima ou movimentações suspeitas ao redor de casa, então estou tranquila. Mesmo que no fundo, meu sistema de alerta primitivo me alerte para me preparar para sobreviver, pois ainda não me libertei das minhas correntes do passado. Como minha psiquiátrica mencionou ontem.

Nessa onda de pensamentos misturados com questionamentos e medo de certa forma, da possibilidade de existir uma pequena chama pelo Brayan. Seu rosto aparece em zoom em minha visão, me deixando corada pela fixação dos seus olhos sobre os meus, mesmos estando tão longe. Foi então que percebi que você está me olhando através da janela, e antes de entrar, me lança um sorriso formal. Eu fecho a cortina quase a arrancando do suporte da parede, e corro até o banheiro tropeçando nas coisas. Me olho no espelho e me analiso de cima a baixo.

Graças aos medicamentos que a psiquiátrica Helena me passou, não estou mais com bolsas fundas abaixo dos olhos como antes, mesmo que ainda existe algum resquício, por culpa do Brayan... Lavo meu rosto com sabão, ajeito meu cabelo com um pouco de creme com o delicioso cheiro de tuti-fruti, para amenizar os fris e arrumar minha franja, deixando reta. Para finalizar, passo um gloss de sabor morango. Me olho uma última vez no espelho, e até que não estou tão ruim. Minha roupa não está contra a moda e nem a favor também, hoje quis me sentir o próprio arco íris, sem o pote de ouro no final, claro. Uso uma camiseta amarela com um girassol desenhado no meio, com um short vermelho e por fim, um chinelo laranja recém comprado. Minha lição dessa semana, é aceitar aos poucos o que aconteceu, ver todos os dias meus cortes desenhados pelo meu corpo, e aceitar que eles fazem parte do meu passado...que um dia, deixarei pra trás, e verei de uma outra maneira. Espero que Helena esteja certa.

𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒐 𝑷𝒂𝒔𝒔𝒂𝒅𝒐    𝑯𝒆𝒓𝒐́𝒊 𝒐𝒖 𝑽𝒊𝒍𝒂̃𝒐Where stories live. Discover now