Capítulo VI - Não Tão Simples

Start from the beginning
                                    

Quer dizer, você vai ter que mostrar que você não é inútil, nem tente dizer que só porque você vive e respira que é útil.

Enfim... Por que estou falando isso?

Simples... Estou pensando.

Até nisso nós somos complexos, reparou?

Pois bem. Quer pensar um pouco comigo?

Se você não quiser, pode pular essa parte.

۝ Rafaela ۝

O Mitsuo está agindo estranho, está com o olhar e mente tão distante. O que será que ele pensa?

۝ Mitsuo ۝

Começamos com o amor, depois simplicidade, ou é melhor dizer... Dificuldade? Agora vamos ver... O que ainda não pensamos?

Por que ninguém nunca pensou nisso?

O que nunca pensamos?

O que nunca sentimos?

O que nunca passamos?

Quantos nunca!

O que sempre pensamos?

O que sempre sentimos?

O que sempre passamos?

Por que esses sempre e nunca?

•••••

Olhei para o horizonte, para Rafaela, tão simples e tão complexa ao mesmo tempo.

- Rafaela? - Chamei-a.

Ela me encara, com os olhos gentis.

- O que houve?

- Estava pensativo sobre algumas coisas.

- Tipo Sherlock?

- Uh... Não.

- Como, quem?

- Uh... Como eu mesmo?

- É... É uma resposta.

- Bem, estive pensando, será que somos simples?

- Simples?

- Sim, simples... Na maneira de ver, ouvir...

- Depende do ponto de vista. Você não consegue ter a noção do simples.

- Não? ... Nunca pensei nisso.

- Nem eu. Por que estamos fazendo isso mesmo?

- Não sei. O que você quer assistir?

- Uh... Quer ver aquele novo programa?

- Qual?

- Ah, você sabe...

- Entendi.

•••••

۝ Rafaela ۝

O que Mitsuo faz, sentado naquela cadeira, ainda olhando para o nada, pro vazio.

۝ Mitsuo ۝

Acordei do meu transe. Será que eu pensei muito e acabei descansando a mente?

- Mitsuo? - Rafaela me chama.

- Sim?

- Ah, finalmente! Por que olha tanto para a janela?

- Quer que eu lhe olhe?

- Não... Apenas... Converse um pouco.

- Conversar? - Não entendi a frase.

- Sim. Quer conversar?

- Oh, sim, sobre o que?

- Uh, eu não sei.

- Gostou daquela pizzaria?

- Ih, não sei se posso opinar, não acho que vamos voltar tão cedo depois do apagão... - Ela riu com alegria.

- Sim! - Eu ri também.

Um olhar simples dela me faz sorrir, uma risada é como um sinal para fazer o mesmo, por que tudo é tão... Simples?

- Rafaela, eu tenho uma coisa para você.

- Oh... - Ela se espanta.

Entreguei um embrulho dourado, uma fita preta e branca, retirando-os, ela encontrou uma pequena caixinha. Ao abrir...

- Mitsuo... - Ela pega o colar e o examina.

- Gostou?

- Eu... Nem sei... - Ela calou-se.

Era um colar feito de ouro, não era lá muito bonito mas o pingente compensava, era uma esmeralda roxa e cintilante, que recebi de um antigo amigo que não vejo faz anos.

- Oh, onde você comprou?

- Bem... Recebi.

- Entendi.

Rafaela bota o colar no pescoço, algo estranho se faz presente no ar, como se todos os desejos que tinha precisassem ser realizados naquela hora.

- Rafaela... - Ela me encara.

- Mitsuo....... - Ela fez uma pausa enorme.

- O que houve?

- ... Por que você está com os olhos vermelhos?

- Uh?

Eu me aproximei dela, tão rápido quanto possível, olhei para o colar, o pingente...

O que diabos está acontecendo comigo?

- Mitsuo... O que você está fazendo?!

- Rafaela... - Eu fiquei paralisado.

Coloquei as mãos na cabeça. Rafaela reparou que era o colar, então rapidamente o tirou.

- Mitsuo... - Rafaela colocou a mão no meu ombro.

- Eu... Sinto muito. Rafaela.

Sem pensar muito, falei:

- Vá embora.

- O que?

- Eu não sou mais seguro para você. Me desculpe.

- Mas... Mitsuo... Foi o colar... Se acalme, não foi você... - Rafaela tentou me consolar.

- Não, Rafaela! Vá embora.

Lua De Sangue ( Livro 1 )Where stories live. Discover now