Capítulo 1

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-Mais que droga!-Resmungo logo após perceber que não coloquei combustível em meu carro. Teria que ir andando o resto do caminho o que me faria chegar ainda mais atrasada do que já estava, trabalhando aonde eu trabalhava, cada minuto era crucial.

Tiro os saltos para correr mais rápido e em questão de cinco minutos já estava avistando a faixada da boate, se é que esse inferno poderia ser chamado assim, acho que não era nenhuma ofensa já que o diabo em pessoa tomava conta do lugar!

Me chamo Layla Garcia, tenho 25 anos, e moro em Atlanta na Georgia, mas as minhas raízes não são daqui, na verdade eu nasci no México em uma cidade chamada San Miguel onde eu cresci e vivi 15 anos de minha vida. Morar em Atlanta ia além da beleza quando se estava bem, mas a verdade é que nada ia bem, não mais depois que ela se foi...
Minha mãe, não existe um dia se quer que eu não pensasse nela, um dia se quer que eu sentisse sua falta, pois é, minha mãe morreu devido a uma doença autoimune que descobrimos cinco anos antes de sua morte, eu tinha 17 anos quando ela se foi me deixando a pior das vidas possíveis, não que eu a culpava por isso, mas eu me tornei refém disso! Talvez se pergunte sobre o que eu estou falando e agora eu vou voltar um pouco e lhe contar o que me faz sentir cada segundo dessa trágica vida.

ALGUNS ANOS ANTES...

2 anos antes da minha mãe descobrir sua doença, minha mãe e eu estávamos na pior, não tínhamos dinheiro para nada e ficamos a beira da rua até que ela conheceu um homem, Martin Gonzalez, ele era rico, possuía uma condição muito melhor do que a nossa de fato, bem melhor já que era dono de uma casa noturna em Atlanta, nada extremamente luxuosos, mas o lugar era muito frequentado. O casamento dos dois não tinha coisas especiais, na verdade eu nunca aceitaria viver a vida que foi proposta pra ela, saímos do México e viemos para cá, naquela época eu terminava a escola, então estudava pela manhã, a tarde ajudava minha mãe nos afazeres e sempre ia para o quarto dormir mais cedo, eu não suportava ver a tamanha ignorância que Martin depositava em cima de minha mãe, eu temia muito o que podia acontecer quando ele a pegava pelo braço e a arrastava para o quarto dos dois onde ela só sai no dia seguinte, ou quando ele voltava bêbado em casa depois de suas noites na boate em que era dono, onde com toda certeza traia minha mãe com suas prostitutas, eu odiava aquele homem, diversas vezes sugeri a minha mãe que fugíssemos mas ela nunca aceitava, creio que por medo, e com isso eu ficava, ficava por ela!

Descobrimos sua doença, foi o momento mais triste de nossas vidas, eu sabia que nada mais poderia ser como antes, com o passar do tempo ela foi ficando mais debilitada, eu fazia todos os afazeres sozinha e ainda cuidava dela, Martin por outro lado nunca mostrou muito apoio, ele comprava os remédios mas não perguntava como ela estava ou se ia ficar bem... Graças a Deus o destino nos presenteou com mais 5 anos da presença de minha mãe aqui, e no dia de sua morte eu sabia, sabia que estaria condenada pelo resto da vida a esse homem que ela havia me deixado.

E foi aí que o meu verdadeiro inferno começou...
Martin nunca havia demostrado o mínimo de afeto por mim, na verdade nem sei se ele devia isso, eu era apenas a filha da "mulher dele ", eu era apenas um fardo, uma bagagem que acompanhou e agora só havia sobrado eu.
Logo após a morte da minha mãe, (quando eu digo após é após mesmo, tipo, no dia seguinte) eu estava em meu quarto, chorava enquanto me abraçava a uma roupa de minha mãe, quando Martin entrou no quarto feito um furacão e me arrancou de lá arrastada, me enfiou em seu carro e me levou na boate onde trabalhava.

- O que estamos fazendo aqui?- a jovem Layla pergunta assustada, afinal esse não era um ambiente na qual eu devia esta.

- Voce não gosta de dançar?- pergunta ele com um olhar malicioso, me mantenho encolhida e com medo.- Sei que dança no seu quarto, eu estava de olho Layla, sempre estive!- fala mas eu não respondo, então ele grita- RESPONDE PORRA!

-SIM!- falo alto e ele sorrir perverso

- Ótimo, então a parti de hoje você vai dançar aqui!- Martin aponta para o nosso redor onde estavam varias mulheres seminuas em palcos, com bandejas nas mãos, outras se esfregando em homens, meu coração acelera e uma lagrima escorre do meu rosto- Se quiser ficar na minha casa, terá que trabalhar pra pagar esses anos que fiquei sustentando voce e a inútil da sua mãe, caso contraio é rua e eu acabo com você!

-Eu prefiro ir pra rua do que trabalhar pra você!- cuspo as palavras e ele agarra meu braço bem na altura dos cotovelos.

- Se for para a rua, eu garanto que nunca mais volta, pra lugar nenhum, alem do mais sua ingrata, eu também garanto que não tenha mais emprego e morra de fome!Quem vai querer uma inútil como você?- jura, meu corpo se arrepia e treme por dentro e assim começou minha trajetória aqui. Desde bem jovem comecei a trabalhar pra pagar um divida que eu sequer tinha feito, o medo faz isso com a gente, e eu não tinha escolhas, não sabia e não fazia ideia do que o verdadeiro Martin González poderia fazer.

Comecei a trabalhar todos os dias para ele, e por alguma misericórdia a mim ele me poupou de fazer programas, aqui na boate, para Gonzalez eu era apenas uma dançarina, dançava pole e servia drinks, de todas as coisas uma coisa eu tinha certeza, eu amava dançar, não aqui e claro, mas quando eu dançava eu podia esquecer de tudo, podia esquecer das dores, eu podia ser a Hanah, esse era meu nome de dançarina, Hanah, era comum que nós usássemos nomes fictícios para nossa segurança o que era uma controversa quando eu me sentia em constante ameaça em esta aqui. Mas não vai pensando que era uma maravilha trabalhar com a dança, por mais que eu subisse no palco esquecesse do mundo, quando eu descia eu sempre tinha que lidar com os olhares nojentos sobre mim, homens que esperavam eu passar para se aproveitarem de mim, para me tocar ou me lançar frases repugnantes e repulsivas, quando eu ia pra casa eu so queria me diminuir na cama do meu quarto enquanto torcia e acreditava profundamente que a minha vida teria que mudar, eu precisava de um anjo de um salvador!

ATUALMENTE

- Layla, graças a Deus que voce chegou, o Gonzalez ja mandou o Steve aqui duas vezes!- diz Katyni uma amiga que também trabalhava na boate como stripper, eu jamais jugaria, existiam mulheres que estavam aqui e realmente não tinham escolhas e conhecendo Katyni, ela não tinha escolha mesmo, ela tinha uma filha pequena e uma mãe doente, a renda de seu trabalho era tudo que elas tinham.

-Eu imaginei, minha cabeça anda tão longe ultimamente que eu esqueci de por o combustível no carro novamente!-falo começando a tirar minha roupa no camarim.-Eu estou exausta!

-Você anda muito pálida, qualquer hora poderá cair dura durante uma dança. Não sei como você aguenta aquele velho asqueroso, Gonzalez tem colocando você em trabalho mais horas do que qualquer uma de nós pode aguentar!

-A gente mora na mesma casa ele sai mais cedo só pra não me dá carona, eu até prefiro, não aguento ficar mais de 2 Minutos em um cubículo fechado com aquele homem, você acha mesmo que ele teria algum tipo de piedade de mim?-Pegunto vestindo a meia calça rendada, minhas pernas estavam doendo muito, ultimamente eu estava trabalhando quase que 10 vezes mais do que minha capacidade. De tudo que me aconteceu, a única sorte que eu tinha é que por mais que morassemos na mesma casa, era quase como se eu tivesse sozinha, ele quase nunca dormia em casa, sempre estava pela rua cheio de prostitutas ao seu redor, o dia que estava em sua casa era um milagre, e quando Isso acontecia, eu fazia questão de não esta presente em nenhum momento! - A única coisa que me faz suportar tantas horas de trabalho é poder ser a Hanah.

-Uma peruca e ser chamada de Hanah não pode fazer você sair por aí achando que é a mulher maravilha, a Layla ainda precisa dormir, comer, ir ao médico!Quando foi a última vez que foi ao médico?-Katyni adverte e eu me levanto equilibrando no salto, sinto minha vista rodar um pouco mas eu me equilibro, ela tinha razão, eu estava me alimentando mal, dormindo mal, uma hora meu corpo não iria aguentar.

-Eu vou cuidar disso, prometo!-Juro para ela- Mas agora eu preciso ir trabalhar, o pole três da área vip é meu hoje!

-Se cuida, Layla!-Katyni se mostra preocupada.

-Agora eu sou a Hanah!-Pisco para ela e saio dali.

Era assim, toda a sensação que me alcançava ao dançar, eu só podia fechar os olhos para não encarar com todos aqueles homens imaginando em esfregar seu corpo imundo no meu. Mas a Hanah, a Hanah era a concretização de tudo aquilo que eu era por dentro, era o meu espírito selvagem expurgado para fora de maneira sensual, e eu apreciava a forma como a construi mas destestava que ela fosse vista aqui, mas não sabia eu, que tudo estava prestes a mudar, a minha vida nunca mais seria a mesma!

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Jace- Os Herdeiros do Crime Where stories live. Discover now