Capítulo 40

241 26 8
                                    


Jake

Desde que os caras se foram eu não conseguia relaxar, era como se sentisse que uma tempestade vinha em nossa direção e não pudesse fazer nada. Isso estava me comendo por dentro e quanto mais dias passávamos sem noticias pior eu me sentia.

Desde que Jeff havia ordenados que voltasse, uma sensação incomoda se instalou em meu peito, tanto por Emilia quanto pelos caras. Estávamos jogando um jogo perigoso com adversários mais perigosos ainda e manter todas as nossas mentiras e omissões não seria fácil, tínhamos que estar o tempo todo em alerta, um escorregão e as coisas poderiam se complicar para caralho.

Quando foram embora no dia seguinte a ligação, eu sabia que não teríamos noticia suas tão cedo. Os idiotas rodariam o máximo de horas possíveis na estrada, só parando em algum hotel de merda para tomar um banho, dormir e repetir o mesmo processo nos dias seguintes. Perigoso para caralho, mas era a melhor jogada no momento.

Só não imaginava que os filhos da puta sumiriam por quinze dias.
Quinze malditos dias que eram mais que suficientes para chegaram la na puta que pariu onde ficava a porra do MC. Então porque diabos não haviam dado noticias ainda?

Luke e eu estávamos começando a nos preocupar com todo esse silêncio. Se os filhos da puta não dessem noticias nos próximos dias nós teríamos que intervir nessa merda. Ligar não era uma opção, então Luke usaria seus contatos para descobrir que diabos estava acontecendo na porra do Cervus MC.

Eu temia que a ordem inesperada de voltarem rapidamente fosse a porra de uma armadilha. Não conseguia dormir a noite pensando em todas as coisas terríveis que poderiam ter acontecido com eles e em como essa merda devastaria Emma, Emilia e honestamente a mim também. Um certo companheirismo havia surgido entre nós não havia como negar e apesar das discussões e ameaças em minha direção eu gostava dos filhos da puta. 

Desde o dia que Jeff havia ligado comecei a ser atormentado pela porra de pesadelos. Era sempre a mesma merda. Eu chegava em casa e dava de cara com  Emilia no chão, o rosto machucado, sangue escorrendo de sua boca e o mais puro terror refletido em seus olhos.  
Seu corpo tremulo protegia o de Emma da melhor forma possível, enquanto minha pequena chorava baixinho em seu peito.
Eu tentava chegar até elas, mas no minuto que dava um passo em sua direção um filho da puta sem rosto surgia por trás das duas, o idiota sorria, não sei como, mas sabia que ele sorria para mim e no minuto seguinte vinha o som que me atormentaria pelo resto da vida. Um tiro. A porra de um único tiro que assistia horrorizado atravessar o peito de Emilia e atingir Emma em seguida. Seus corpos caiam imóveis no chão, fazendo um grito de pura agonia sair de mim enquanto via a vida se apagar nos olhos de Emilia e o sangue se acumular ao seu redor.

 O sonho sempre acabava na mesma cena todos os malditos dias e eu me via acordando com um grito de puro terror entalado em minha garganta, completamento suado e o coração tentando fugir da porra do meu peito. Tremendo tanto que mal conseguia sair da cama e ir até o quarto das duas precisando ver por mim mesmo que ambas estavam bem, que era tudo a porra de um pesadelo, que nada daquilo era real.

Me recusava a tentar voltar a dormir, morrendo de medo de reviver aquele maldito pesadelo, então antes mesmo de o sol nascer já estava acordado, andando pela casa  pensando em um milhão de melhorias de segurança  e principalmente... pensando se ali era realmente o lugar mais seguro para elas. 

A cada dia que se passava mais e mais perguntas invadiam minha mente, me fazendo duvidar cada vez mais de mim e da minha capacidade de protege-las. Eu estava perdendo a porra da minha mente.

Precisando falar com alguém, recorri a única pessoa que me entendi melhor do que ninguém, Luke.  O pirralho atendia minha ligações mal humorado para caralho, mas me ouvia e quando todas as duvidas e merdas saiam de mim me mandava a merda, dizendo que esse não era a porra do irmão forte e confiante que ele conhecia. Que se eu não pudesse protege-las ninguém mais poderia. Depois disso me mandava me fuder, tirar o pau do meu cu e parar de acorda-lo todo o maldito dia tão cedo com perguntas idiotas.

O moleque era abusado, mas sabia me colocar no meu lugar como ninguém. Saindo da minha nuvem de merda resolvi ser produtivo, ao invés de me afogar na alto piedade.

Todos os dias após acordar daquele pesadelo de merda me sentava nos degraus da varanda dos fundos, com uma enorme xícara de café nas mãos e apreciava o nascer do sol. Em alguns dias a vista era espetacular, uma miriade de cores incríveis que só a natureza poderia produzir, Em outros era apenas o esvanecer da escuridão e o surgimento da luz por traz das espessas nuvens. Era reconfortante, pacifico, mas nem sempre me ajudava a acalmar aquela sensação de medo dentro de mim.

Um dia para minha surpresa Emma se sentou ao meu lado. Ela estava lindamente descabelada, enroladinha em uma manta e mal parecendo estar realmente acordada. Perguntei para ela o que fazia acordada tão cedo e ela me disse que ninguém deveria ficar sozinho parecendo tão tristinho. Então se virou, olhou para o céu e aproximou seu corpinho de mim até que eu a abraçasse e assim ficamos curtindo o nascer de mais um novo dia.

---------------->
Continua... 

Eu escolho você!Onde histórias criam vida. Descubra agora