Anti-romantic - taegi

08 - anti-segredos

t a e g i

Taehyung franziu a testa, exalando o ar de forma pesada e irritada. Seu pai sequer mudou de expressão, lentamente pegava alguns objetos da prateleira, lia o rótulo e colocava no carrinho quando o agradava.

- Pai, não podemos fazer isso outro dia? Tem que ser hoje?

Jaehyung o encarou brevemente com os óculos escorregando do nariz. Ele os empurrou de volta para o lugar com o dedo indicador.

- Claro, não sabemos se eu estarei vivo amanhã. Então, temos que fazer tudo hoje.

- Pai, você é tão saudável quanto um touro. E mesmo se morrer, já viveu demais. Eu sou jovem, tenho coisas pra fazer...

- O que é mais importante do que pescar com seu pai? - O velho bufou levemente e jogou outro pacote de petiscos no carrinho.

- Passou pela sua cabeça que talvez eu já tenha feito planos pra hoje? - Taehyung resmungou e continuou andando pacientemente, ainda que exalasse ansiedade ao olhar o horário no celular. Eram 17:40.

- Você? Planos? - Jaehyung debochou do próprio filho, usando um tom de desdém. - O que? Vai jogar tabuleiro de novo com aqueles três tontos? Você já faz isso todo fim de semana.

Taehyung tossiu levemente e negou com a cabeça, sentindo o olhar questionador do pai. - Não, é com outra pessoa...

Vendo a expressão envergonhada do próprio filho, Jaehyung parou com os pés e virou totalmente para ele. Nunca tinha visto Taehyung ficar tão tímido antes, com bochechas levemente coradas e desviando o olhar como uma criança que foi pega fazendo besteira. Ele colocou as duas mãos na cintura e abriu a boca em surpresa.

- Ah! Não me diga?! É aquilo que sua mãe me chamou pra fazer outro dia?!

- O que?

- Um date! Ela me disse que é assim que os jovens chamam pra dar uns beijos hoje em dia.

Taehyung se envergonhou ainda mais, grunhido de timidez. Ele abaixou o rosto e o escondeu entre as mãos, os braços apoiados no carrinho. - Se eu disser que talvez seja, você me libera?

- Não, sinto muito. Avisa pro garoto que você tem um compromisso muito importante com o sogrão dele.

- Como você sabe que é um garoto? - Encarou o homem com incredulidade. Jaehyung fez uma careta ofendida.

- Você acha que eu não conheço meu próprio filho?! Você saiu do meu saco!

Uma mulher velhinha que passava ao lado os encarou com julgamento, agarrando fortemente sua bolsa e acelerando os passos. Jaehyung sequer notou, enquanto Taehyung estava acostumado com a boca sem limites do seu pai.

Quando entraram no carro com as compras feitas e o kit de pescaria do seu pai, Taehyung aceitou seu destino e enviou uma mensagem para Yoongi com extremo desânimo e infelicidade. Ele queria amaldiçoar o céu por estar em um clima tão propício para pescaria e também por ser seu aniversário. Caso contrário, Jaehyung nunca teria inventado um dia pai e filho com peixes podres.

Os dois ficaram horas por lá, até começar a escurecer e Jaehyung desistir de pescar o peixe que ele queria. Durante o dia, Taehyung ouviu diversas balelas sobre lendas do rio e o dia em que seu avô paterno se apaixonou por uma sereia. Apesar de ter se divertido, no caminho de volta Taehyung não pôde deixar de se sentir triste por ter cancelado com Yoongi.

- Talvez seja Deus me castigando? - Ele murmurou para si mesmo, estreitando os olhos para o céu.

- Por que ele te castigaria? - Seu pai o lançou um olhar de estranheza, dirigindo tranquilamente o carro por uma estrada quase vazia.