bebida

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VISÃO DO MATHEO

- Que merda... Aaah a cerveja realmente acabou? Que saco... Melhor eu entrar logo, vai que aquela velha percebe que eu não tô no meu quarto... O que é aquilo ali?

Vejo que do outro lado da rua tem alguém, que está fazendo sei lá o que. Não dou importância, saber quem é ou o que está fazendo não vai mudar nada na minha vida, então só deixo de lado.

- Puta merda... Acho que bebi muito, to tonto pra caralho, hunf.

Não sei o motivo, mas começo a rir da minha própria situação patética, bêbado, em um domingo, tendo que ir pra escola no dia seguinte, e o motivo de estar bêbado é mais patético ainda, com bastante dificuldade, finalmente eu consigo levantar. Abro a porta de casa e quase caio, Tofu corre em minha direção e fica me rodeando, como se eu tivesse ficado três anos fora.

- Tofu... Não dá pra te dar atenção agora... Puta merda que sono do caralho. Eu tenho que passar cara, deixa eu andar vai.

Já que o cachorro insistia em ficar no meu pé, resolvo que dar um pouco de atenção para ele não vaie matar. Sento no chão com dificuldade e quase bato a cabeça na parede.

- Vou ficar só um pouquinho aqui, viu? E nem vem com essa cara, eu preciso ir pra porra da escola amanhã...

O cachorro anda em minha direção, e a única coisa que consigo fazer é chorar. Enquanto eu choro, rio ao mesmo tempo, ver a situação que eu me encontro é engraçado, ver o quão idiota eu sou, é realmente muito engraçado.

- Como eu sou patético... Não consigo nem resolver meus problemas sem ser com cerveja... Será que se eles estivessem aqui... Será que eles iam sentir nojo de quem eu sou? Você acha Tofu? Eu acho... Não... Eu sei que eles iam.

Odeio cerveja, mas gosto tanto dela. Gosto como o sabor desce pela minha garganta e me traz paz, gosto como a cerveja gelada da um alívio impossível de explicar em palavras, gosto como ela me deixa calmo, como ela me faz esquecer das coisas, me faz esquecer dos meus problemas. A tranquilidade que sinto, só sinto quando bebo, parece que a bagunça que tem dentro de mim é organizada em um passe de mágica, parece que aquele nó de palavras e sentimentos fica arrumado, ele finalmente se desembola, e eu finalmente tenho o sentimento de está tranquilo, de estar finalmente relaxado.

- Não vou ficar aqui me lamentando, né? Afinal, eles estão mortos, ficar pensando no que fariam se estivessem vivos não vai me fazer parar de beber... Eu vou ir dormir viu? Só não fica latindo se não aquela velha chata vai ficar me enchendo amanhã. Boa noite Tofu.

Me apoio na parede e levanto, fico alguns minutos parado e começo a andar em direção ao meu quarto, assim que chego me jogo na cama, pego o celular que tá no meu bolso e vejo que horas são, 22:48, penso e repenso se vou ou não tomar banho, mas como eu quero acordar mais tarde no dia seguinte, resolvo ir tomar.

QUEBRA DE TEMPO!

- Ai que merda... Para de tocar alarme do caralho! Porra que dor de cabeça...

Quando tô prestes a levantar, escuto alguém gritando e vindo pro meu quarto, era a velha da minha vó.

- EI! Vamo logo! Vai se atrasar pra escola, garoto! E não pense que eu não sei que você saiu ontem, eu escutei uns barulhos ontem de noite... Você não saiu pra beijar garoto né?

- QUE?! Que porra você tá falando?! É claro que não...Olha ... Só sai do meu quarto. Eu já vou me arrumar!

- Que seja. Não se atrase, ouviu?!

- Tá, tá eu ja entendi! Agora dá pra sair do meu quarto?

A senhora sai com raiva e bate a porta do meu quarto com toda a força que tem.

- Porra se for pra bater assim arranca logo a merda da porta, né?

Levanto e começo a me arrumar rápido, tenho só 20 minutos para me arrumar e chegar no ponto de ônibus. Enquanto me arrumo, acabo lembrando que ontem tinha um cara fumando na casa que fica na frente da minha.

- Quem será que era ele? Tava na frente da casa do Atila... Será que? Não, não é algo que ele faria... Se bem que eu nem conheço ele... A foda-se, tenho que ir logo pro ônibus.

Pego minha mochila, meu celular, meu fone e uma caixinha de chicletes que tinha na escrivaninha do meu quarto e saio.

- Tô indo pra escola, tá?

- Assim?

A velha diz me olhando de cima a baixo.

- Assim como?

- Bom... Cheio dessas pulseiras, aneis... Esse colar ve-

- A única coisa velha aqui é você, já disse pra não falar sobre o meu colar! Tchau pra você.

- Olha como você fala comigo, moleque! Tchau, vai embora logo!

Bato a porta na cara da velha e saio de casa logo, atravesso a rua e coloco pra tocar a playlist do lil peep, começo a andar mais rápido, já que o ônibus tá quase chegando.

MINI QUEBRA DE TEMPO!!

O ônibus tá lotado, como sempre, sento no fundo do lado de um velho com cheiro de cigarro, que além de estar roncando, tá com a camisa abotoada totalmente errada, tento sentar o mais próximo possível da parede, pra evitar o máximo de contato com o velho, percebo que quem está sentado na outra janela é o Atila, que tá dormindo com a cabeça encostada na janela, nunca tinha olhado tanto pro rosto dele, então só agora percebo que ele tem muitas sardinhas, e então o ônibus finalmente começa a andar em direção a escola.

MINI QUEBRA DE TEMPO, DE NOVO!!

- Ai finalmente chegou... PUTA MERDA O SINAL TÁ QUASE BATENDO!

Levanto totalmente desesperado e saio o mais rápido possível do ônibus, corro em direção a minha sala, já que em 3 minutos o sinal vai tocar, e nem fudendo que eu vou perder a melhor aula do dia, a de física. Esbarro em umas 4 pessoas aleatórias no meio do caminho, mas consigo chegar na sala antes do professor, quando eu tava prestes a fechar, quando uma mão segura a porta, o que faz um barulho extremamente alto, que só aumenta a minha dor de cabeça, mas consigo perceber que essa mão era do Atila, eu não sou de prestar muita atenção nas pessoas, mas quando olho a mão na porta, percebo que a mão desse garoto é assustadoramente branca, e a única pessoa que é assustadoramente branca na minha sala, é o Atila.

- A foi mal, não sabia que você tava ai atrás.

- Tudo bem... Eh... Licença!

O garoto sai e vai em direção ao fundo, e faço o mesmo, já que o professor já tava no corredor.



do outro lado da ruaWhere stories live. Discover now