A minha Família vendeu-me a um Deus (João Félix ff)

Parte 5

Margarida mergulhou em suas lembranças, retornando a um tempo em que a vida era mais simples e seu coração estava repleto de compaixão. Ela se viu novamente como uma jovem garota, com cabelos loiros e olhos azuis brilhantes, em um pequeno povoado no planeta Félix.

As lembranças a levaram a um parque tranquilo, onde o sol brilhava e o riso das crianças enchia o ar. Margarida estava sentada em um banco, observando um jovem chamado Londo Niro. Londo era órfão e sempre tinha sido o alvo das brincadeiras cruéis de outras crianças por causa de seu amor pelas aves e pela maneira como cuidava delas com carinho.

Os outros garotos zombavam de Londo, chamando-o de "o garoto dos pássaros" e fazendo piadas cruéis sobre sua paixão. Mas Margarida nunca se juntou a essas risadas maldosas. Ela era a única que via a bondade no coração de Londo e admirava sua dedicação às aves.

Naquele dia, Margarida assistiu enquanto Londo cuidadosamente alimentava uma ave ferida que ele havia encontrado. Seus olhos brilhavam de alegria quando a ave finalmente estendeu suas asas e voou para longe, curada e livre. Foi um momento mágico que Margarida nunca esqueceria.

Enquanto ela observava, alguns dos valentões se aproximaram de Londo, roubando sua bolsa de alimentos para aves e zombando dele. Mas Margarida não conseguiu ficar parada e assistir. Ela se levantou do banco e enfrentou os valentões, protegendo seu amigo com uma coragem surpreendente para alguém de sua idade.

"Deixem-no em paz!" ela exclamou, sua voz firme e determinada. "Ele não fez nada de errado. Vocês deveriam aprender com ele, em vez de rir."

Os valentões hesitaram diante da determinação de Margarida e, finalmente, se afastaram, deixando Londo em paz. Desde aquele dia, Margarida e Londo se tornaram amigos inseparáveis. Ela o apoiou em sua paixão pelas aves, ajudando-o a cuidar delas e a resgatar aquelas que estavam em perigo.

A amizade deles floresceu, e Margarida aprendeu lições valiosas sobre compaixão e empatia com Londo. Ela nunca esqueceu o olhar grato nos olhos do amigo quando ele soltou uma ave ferida de volta ao céu.

Enquanto Margarida mergulhava nessas lembranças, ela sabia que o espírito de solidariedade que ela compartilhava com Londo ainda estava vivo dentro dela. Essa lembrança fortaleceu sua determinação em sua busca pela verdade e justiça, mesmo quando as sombras ao seu redor pareciam cada vez mais escuras.

No entanto, à medida que suas memórias retornavam, Margarida notou algo estranho. A lembrança de Londo terminou abruptamente, como se algo tivesse sido apagado. No dia do desaparecimento de Londo, Margarida recorda-se que na casa desfeita, o Lar de Londo, estava uma caneta no chão que nada transparecia a pobreza instalada naquele cantinho, que Londo chamava casa.

O coração de Margarida disparou quando ela percebeu que acabara de recuperar uma memória há muito perdida. A amizade com Londo e a caneta eram pedaços de um quebra-cabeça que ela havia esquecido. A medida que as memórias voltavam, Margarida sentiu uma mistura de emoções, incluindo tristeza e saudade. Como poderia ter esquecido de alguém tão importante em sua vida? E por que suas memórias estavam voltando agora, neste momento crucial de sua jornada? Estaria isso relacionado à sua busca pelo Deus do Planeta Félix?