A semana passou e como eu não queria chatear os meus pais não voltei a ir à Ala Hospitalar.
Nos primeiros dias de escola fui até ao andar de cima para ver se voltava a ver aqueles olhos castanhos esverdeados, mas percebi que as aulas deles tinham acabado e que a preparação para os exames estava a decorrer.
— Maya! - diz Richard chamando-me a atenção.
- O que foi? - pergunto eu a olhar em volta para tentar perceber o que se passava.
- Estavas no mundo da lua mana. O que se passa? - pergunta Richard.
- Nada. - digo eu rapidamente.
- Estavas a pensar naquele rapaz da ala hospitalar? - perguntou Richard com um sorriso travesso.
- Não! Não te metas onde não és chamado Richard. - grito irritada.
Saio de casa a correr porque sinto uma necessidade alarmante de apanhar ar.
Vou até à orla da floresta porque adoro a natureza, as flores, plantas e árvores fazem-me sentir paz e harmonia.
Fico junto a uma árvore a observar todo o ambiente à minha volta quando ouço passos atrás de mim e alguém a tossir fazendo com que eu me virasse com curiosidade.
Identifiquei de imediato o garoto que estava na minha frente, segundo o meu pai o nome dele é Xavier.
- Olá. - respondo eu com um sorriso.
- Só venho aqui dar-te um aviso pirralha. Não te aproximes do Micael e não abras a boca em relação ao que viste na sala de aula. - rebate ele com um tom de voz ameaçador.
Eu encolho-me toda e não respondo.
Vejo ele a aproximar-se de mim e o meu coração começa a bater desenfreado no meu peito, o pânico congela-me o sangue nas veias e não me consigo mexer.
Ele toca-me na cara de forma cuidadosa e quando me sente relaxar agarra-me com força na parte de trás do pescoço e puxa-me para ele.
Sinto o hálito dele no meu pescoço e no meu ouvido, o nariz dele percorre o meu pescoço e começo a chorar de nervos.
Eu estava em pânico e não sabia o que ele estava a pensar em fazer, eu só queria fugir dali o mais rápido possível.
- Eu quero uma resposta. Entendeste o que te disse em relação ao Micael e a não falares do que viste? - pergunta ele com a boca encostada no meu ouvido.
Lágrimas corriam pela minha cara e eu em pânico respondi com a voz a tremer:
- S...Si...Sim
Sinto-o a comprimir o meu corpo contra a árvore e o corpo dele ao meu impedindo-me de me mexer.
- Se abrires a boca sobre o que quer que seja, incluindo isto, vais sofrer as consequências e acredita que não vais gostar porque eu não sou meigo. - diz ele no meu pescoço e morde-me a orelha.
Xavier afasta-se de mim e dá um riso cínico e maquiavélico.
Fiquei durante imenso tempo parada na mesma posição e só quando me acalmo é que decido voltar a casa.
Sinto-me molhada e vi que com o medo fiz xixi pelas pernas abaixo.
Tento-me recompor o mais rápido possível para ir para casa e tomar um banho para afastar esta cena da minha cabeça e colocar numa gaveta como se nunca tivesse acontecido.
Passaram-se 20 minutos até me sentir calma o suficiente para andar e ir até casa, as calças já não estavam tão molhadas, o que ajudava ao movimento.
O medo de ver novamente o Xavier e dele me encurralar fez-me olhar para todos os lado sempre que dava dois passos.
Ao chegar a casa ouço Richard a falar com o pai algo sobre irmãos de sangue, mas não entendi nada.
Aproveitei que eles estavam todos juntos lá em baixo para correr escadas a cima.
Fui para o banho e debaixo do chuveiro fui-me a baixo, abraçada ao meu corpo com medo do que me pudesse acontecer se não obedecesse às regras do Xavier.
Quando a água quente começa a falhar e eu começo a tremer é que decido sair debaixo do chuveiro.
A água lavou as minhas lágrimas e a minha cara não dava para decifrar se tinha estado a chorar ou não.
Enquanto me vestia ouço a porta a bater com força e Jonathan a falar sozinho.
Decido vestir um vestido azul curto e ficar no quarto sozinha, não me apetecia ter contacto com ninguém.
Abro as malas e tiro os cadernos para começar a estudar.
Ouço a porta a bater de novo e uma nova discussão a começar na sala.
Tento abster-me da discussão o máximo possível, mas de repente sinto o chão a tremer, a casa toda a abanar e um estrondo da sala.
Saio do quarto com o coração aos saltos dentro do peito e quando chego à sala vejo uma luz forte a volta do corpo de Richard e Tobias, os pais ao pé da parede e por cima deles duas marcas mostrando que tinham sido atirados contra a parede e onde antes estava uma sala cheia de móveis agora tinha uma fissura de fogo e destruição.
Ouço passos e escondo-me com medo de quem seja.
Ao ver Marcus e Isabella entrarem na sala com armas em riste começo a chorar e abraço a Isabella.
- Maya o que se passou aqui? - pergunta Marcus.
- Não sei. Eu ouvi uma discussão e de repente senti a casa toda a abanar, o chão todo a tremer e quando cheguei aqui uma espécie de luz a volta de Richard e do Tobias e todos desmaiados. - respondi eu atrapalhada com as palavras a atropelar-me enquanto falava.
- Calma Maya, vai ficar tudo bem. Vamos levá-los a todos para a enfermaria. - diz Isabella. - Podes ficar em nossa casa se quiseres.
Eu aceno e quando saio de casa olho em frente e vejo os olhos que quis ver a semana toda, mas desta vez esses olhos podiam significar um inferno para mim e desvio o olhar logo de seguida.
*****
Maya ficou a semana toda a pensar em Micael.
Xavier ameaçou Maya e ameaça fazer horrores com ela se ela não fizer o que ele lhe disse.
O que será que aconteceu lá em casa?
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O nosso amor: Destinados
RomanceSpin off do livro irmãos de sangue: um encontro inesperado. Maya é uma garota sociável, amiga do amigo e três vezes mais sobredotada do que qualquer outro. Micael, um garoto que vive com o pai e que perdeu a mãe na guerra, tem medo de sofrer bullyin...