trinity // billie eilish

i still got a crush, that's obvious

BILLIE (POV)

— Claro que não! — Cora responde.

Me surpreendo com sua negação. Nós conversamos tantas vezes sobre ela, e Coraline não era tímida e gostava de resolver tudo da maneira mais direta possível.

— Cora? — questiono, e vejo sua expressão implorando que eu fiquei quieta.

Tive a impressão que ela sabia de algo que não me contou.

Era uma situação extremamente desconfortável. Eu nunca contei os sentimentos estranhos que tive pela Amélia nesses últimos tempos, dando total passagem para que as duas pudessem ficar juntas.

Mas está parecendo um tipo de tortura. Vai ou não vai, caramba?

— Hm — senta ao lado da minha amiga — Então isso fica resolvido entre nós, certo?

Franzi a sobrancelha, vendo que claramente havia algo que a ruiva não me contou.

Amélia me lança um daqueles olhares que nunca entendo o que significa, e sinto meu rosto ficar vermelho em resposta.

Algumas horas atrás eu achei que ela ia me beijar. E, quando vi que queria que eu desse aquele passo, estava preparada para trair a confiança da minha melhor amiga da pior maneira possível.

Que pessoa incrível que eu sou, não é mesmo?

Virei o rosto e arrumei a franja, não querendo me lembrar daquele acontecimento para que a situação não ficasse mais constrangedora.

Amélia se levanta para sair do quarto, imagino que vá jantar. Quando ouço a porta bater, o ar sai dos meus pulmões em alívio. Nem percebi que estava tão nervosa.

— Você endoidou, porra?! — Cora vem até mim, balançando meus ombros.

— Desculpa! Por que vocês não conversaram como você me disse que faria? — questiono, segurando suas mãos que estavam em mim.

Ela mexe no cabelo, e eu sabia que fazia isso quando estava com dúvida em alguma coisa.

— A explicação dela não está fazendo sentido — admite, encostando a cabeça no meu ombro — Acho que você estava errada. Não sou eu que ela gosta, Bill...

Encarei a parede do quarto confusa. Como assim?

— Mas...você acha que ela ainda está apegada com aquela ex chata? — pergunto.

Cora levanta a cabeça do meu ombro, me encarando com toda aquela tristeza que eu conhecia quando o assunto era Amélia.

Parece que um suspense estranho pairava sobre o cômodo. Minha amiga começa a andar para lá e para cá, nervosa, e sinto meu coração acelerar com o que pretende falar.

— Eu acho que...— começa, evitando olhar para mim — Eu acho que é você.

Nem sequer cogitei o que comentava.

— Ha ha! — brinco — Engraçado, amiga, próxima!

Ela torce a boca, me lançando uma expressão de quem não estava para palhaçadas.

— Eu tô falando sério! — exclama — Aconteceu...bom, eu não sei como te contar, mas...

Deixa frase no ar, colocando as mãos na cabeça e suspirando.

O que aconteceu de tão absurdo? Nunca tivemos um assunto que foi tão difícil de ser divido. Eu gostava tanto dela porque nossa amizade era calma, leal e eu não precisava me esforçar para que desse certo. Era natural.

— Só me conta, Cora — reclamo — Que enrolação é essa?

— Aquela hora no banheiro — murmurra — Você sabe, que ela saiu da monitoria?