– Mas esse não era o caso - assegura Harry - Quero dizer, lá no fundo eu queria desistir, eu acho. A maior parte do tempo, eu até gostava da vida que estava levando. E poderia ter continuado. Mas...

Então ele sela os lábios e balança a cabeça, controlando a vontade de contorcer o rosto numa careta desgostosa.

– Mas foi melhor eu ter saído - conclui – Eu gostava de lá, mas estou muito melhor aqui fora. Será que não dá pra falarmos de outra coisa?

– Eu só...

– O que mais você quer que eu diga, Louis? Só posso dizer que nada aconteceu. Nadinha.

Louis franze o cenho numa expressão discreta de descrença e não-conformidade, numa expressão de alguém que está disposto a insistir tanto quando o necessário para extrair as informações de que precisa. Todavia, ele enfraquece diante do "por favor" gemido por Harry.

– Tudo bem, foi mal.

Dois minutos são despendidos em silêncio absoluto. Com o motor do carro desligado, janelas abaixadas e com a brisa incapaz de produzir um sopro sonoro sequer. Somente o vazio ocupa o espaço entre eles.

O carro está estacionado no meio-fio, defronte a um parque pouco movimentado. Harry está no banco do motorista. Passara as últimas três horas conduzindo Louis pelas vias íngremes de Holmes Chapel. Havia o levado a visita ao pároco Julian no final da manhã e acabaram ficando lá para almoçar e também para ajudar a congregação com a organização da colônia de férias que começará neste final de semana.

São quatro da tarde e Harry não consegue pensar em mais nada de interessante para dizer ou para fazer.

Seu único desejo é que o encontro acabe logo. Ele só quer voltar para casa. Quer assistir algo na TV. Quer acompanhar a avó tricotar. E quer ligar para Niall. Tudo simultaneamente. Quem sabe assim a ansiedade seria apaziguada.

– Tá afim de assistir um filme? - sugere Louis, resgatando sua atenção e interesse.

É uma ótima distração. Soa tão atraente quanto o que poderia fazer em casa. Soa melhor, até. Num instante, ir ao cinema parece a solução perfeita para todos os seus problemas.

Harry aceita com um repentino bom-humor.

O clima entre eles se torna mais leve e, num instante, já na bilheteria do cinema eles têm uma discussão breve e acalorada sobre o que irão assistir. Harry quer ver A Branca de Neve e o Caçador, já Louis prefere Madagascar 3 - o que o outro interpreta como uma brincadeira até ver que o outro está falando sério.

Eles acabam assistindo ao desenho. E se divertem mais do que Harry esperava. E justifica o encontro se encerrar com um abraço apertado e a promessa de se verem de novo fervilhando em suas faces.

[...]

Jimmy o levou incontáveis vezes para Chester, e Harry não demorou para perceber qual era a sua intenção. Honestamente, até uma ameba conseguiria notar como ele jogara Harry para cima de Kristen.

Embora tenha estranhado, afinal, Kristen tem mais química com Jimmy do que teria com qualquer outra pessoa no mundo, o garoto mergulhou naquela situação.

Pra falar a verdade, até hoje Harry acha que eles tem algo às escondidas. Para ele, já não lhe resta nenhuma sombra de dúvidas quanto a isto. E mesmo considerando a relação - ou quase relação - que tem com Kristen, Harry curiosamente não sente ciúmes ao ver os dois brincando/flertando entre si. Apenas fica curioso.

Harry não se acha mais bonito nem mais interessante que Jimmy. Jimny poderia tomar Kristen dele se quisesse. Eles sabem disso. Independente, Harry não teme isso.

immaculate sin of the lovers • L.S.Where stories live. Discover now