Capítulo 2 - Meu quase encontro com uma garota.

4 0 0
                                    




31 de Agosto de 2023

2 meses para o Halloween

Dias se passaram desde o encontro com o espírito do ciclista e aquela....criatura. Se é que eu posso chamar aquela coisa assim. Parecia realmente um demônio que acabou de sair de um filme de terror e o pior é que eu não me assusto facilmente com filmes desse gênero. Mas aquele dia foi muito assustador — não consegui dormir naquela noite e nem na noite seguinte.

Quando finalmente consegui, tive pesadelos. Outra coisa com a qual não me assusto com facilidade. Acontece que, aquela foi a primeira vez que eu realmente fiquei com medo de alguma coisa. Fiquei pensando no acontecido por dias que minha irmã e meus pais até acharam estranho a maneira como eu estava agindo.

Minha irmã Cecília, que logo que me encontrou na frente de casa quando cheguei, percebeu que tinha alguma coisa de errado comigo e não parou de me perguntar o que era até que eu disse que vi um monstro na rua.

Veja bem, ela não sabe que vejo espíritos. Não acho que isso seja algo bom para contar para uma irmã mais nova que tem apenas 10 anos de idade, apesar de que ela parece estar muito à frente de seu tempo. E já ter me pego falando sozinho algumas vezes, mas não acho que ela saiba disso ainda. Quem me preocupa mais são meus pais.

Eu nunca falei sobre isso abertamente com eles. Me lembrou de uma vez, quando era uma criança, eu também tinha visto algo que me assustou muito. Não me lembro exatamente o que foi, mas acho que foi uma das primeiras vezes em que vi alguma coisa.

Eu corri para a minha mãe assustado e contei para ela. Lógico que ela não acreditou em mim, ou pelo menos, no início. Eu também lembro que foi na mesma época em que os espíritos apareciam com frequência, meus pais e colegas de turma me pegavam falando sozinho porque eu não tinha noção do que só eu podia ver os espíritos na época. A direção da escola chamou meus pais algumas vezes e indicaram um psicólogo. Porque claro que para eles uma criança conversando sozinha não podia ser algo normal. Contei para a minha psicóloga sobre as minhas conversas com os espíritos, alguns só queriam informações ou queriam apenas conversar.

E eu conversava com eles.

E é claro que não preciso dizer que a psicóloga não acreditou muito em mim. Ela explicou para os meus pais que eu estava em uma fase em que as crianças gostam de criar amigos imaginários, talvez por eu estar me sentindo sozinho na escola ou até em casa. Diante daquela informação, eu senti que meus pais também não acreditaram muito no diagnóstico da psicologia e tivemos uma conversa franca em casa em que eu falei que não estava imaginando nada. Ou pelo menos eu achava que não.

O que os levaram a crer que eu estava falando a verdade.

No começo, eles não sabiam muito bem o que fazer comigo. Não brigaram, nem gritaram nem nada. Nossa família nunca foi muito religiosa, mas eles acreditam em uma força maior que rege o universo. Porém isso não os impediu de ficarem assustados com a possibilidade do filho de ver espíritos de pessoas mortas. E por que não ficariam? As vezes eu também ficava, dependendo do que a alma morta estava fazendo e sua aparência também contava muito.

Mas felizmente, como eu já mencionei antes, da mesma forma como eles aparecem com certa frequência eles também desaparecem. E quando comecei a vê-los de novo, eu já estava um pouco mais velho. Acho que nos meus 11 anos e perto de completar 12.

Foi quando finalmente caiu a ficha para mim de que eu realmente conseguia ver espíritos e também quando passei a esconder essa minha pequena "habilidade". Por isso que nunca realmente conversei sobre isso com meus pais, porque eu aprendi a guardar essas coisas para mim mesmo, ao invés de esperar algum tipo de reação que pode ser negativa.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 14, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Entre Dois MundosWhere stories live. Discover now