Passo 2: Enterre o passado

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Jungkook tinha quebrado a primeira regra e se sentia um idiota. Afinal, que tipo de pessoa aceitaria ser amigo do ex? Um masoquista, com certeza.

Enquanto Taehyung dirigia, controlava o impulso de olhá-lo. Embora eles tivessem dito um “bom dia” naquela manhã — o que já era sim um avanço —, nada parecia ter mudado. Imaginou que seria um processo lento, mas não fazia ideia de como começá-lo, ou até se o ex seria quem daria o primeiro passo.

E pensando em primeiro passo, se lembrou que foi ele quem puxou a conversa da noite anterior e quem sugeriu que fossem amigos. Talvez estivesse esperando uma ação sua.

A corrida foi mais silenciosa que o normal e nem o som de algum cantor de jazz na rádio conseguia mudar o clima desconfortável — ao menos para si. E assim que chegaram no campus e estacionaram, criou coragem pra dizer algo:

— Por que tá usando máscara?

Uma pergunta boba e repentina, que surpreendeu até mesmo o Kim.

— Eu bebi demais e dormi pouco… meu rosto tá inchado. — disse, como se aquilo fosse lá uma boa justificativa pra esconder o rosto bonito.

— Entendi. — respondeu, mesmo que de modo meio incerto. — Tá de ressaca?

— Sim, nem todos são imunes a ele como você. — ele decidiu quebrar o gelo, lhe fazendo rir mesmo que brevemente. 

— Aqui… — mexeu em sua mochila, tirando dali um comprimido. — Não faz milagres, mas, pode ajudar.

Quando foi entregar o medicamento ao outro, suas mãos se tocaram. E, nossa, Jungkook não se lembrava a última vez em que tinham se tocado, mesmo com um gesto tão pequeno como esse…

— Obrigado, Jungkook. — embora ele estivesse usando máscara, só pela maneira como os olhos felinos se fecharam notou que ele tinha dado um sorriso.

Respondeu com um “de nada” em tom baixo e tirou o cinto, já saindo do carro assim como o outro. Ajeitou a mochila nas costas e disse:

— Boa aula, Taehyung.

— Pra você também.

Assentiu e fez menção de sair dali, mas após dar dois passos, o ouviu questionar:

— Sua terceira aula ainda é vaga nas sextas?

Se virou, surpreso.

— É sim… Por quê?

— Não quer pegar um café ou algo assim?

O fitou, procurando algo que denunciasse que Taehyung não tinha feito aquele convite e que estava alucinando, mas é claro que não encontrou.

— Pode ser. — respondeu meio que de modo automático.

— Certo. Então até depois.

E assim ambos seguiram direções opostas.

Conforme andava, mais idiota se sentia. Como é que mesmo após de tudo Taehyung ainda tinha aquele efeito estúpido sobre si de querer fazer com que o quisesse por perto, por mais torturante que fosse? Não entendia. O que devia ter feito era ao menos ter hesitado, mas disse “sim” sem pensar duas vezes. Era patético.

Em sua primeira aula, seguiu pensando no Kim; na segunda, não foi tão diferente assim.

Se questionava se tinha sido uma boa ideia concordar com o que o ex disse na noite anterior. Tinha noção que ele tinha razão sobre fazerem parte da vida um do outro quer quisessem ou não, mas para si tinha um muro entre ele fazer parte, e querer que ele fizesse parte. Porque, por mais que sentisse saudade do mais velho, sabia que aquela aproximação podia ter o efeito reverso em si. Queria superar Taehyung, e não continuar o querendo de volta.

Como Não Esquecer o Seu ExWhere stories live. Discover now