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Uma tarde quente e ensolarada se estendeu no decorrer da sexta-feira. Ninguém estava muito disposto a explorar a fazenda debaixo daquele calor escaldante, até que a diretora Benedita autorizou um banho de rio, para animar os alunos. Não demorou quase nada para que todos saíssem de suas posições modorrentas.

Ficou a cargo dos voluntários organizarem os alunos que quisessem ir para o banho, o que foi quase todos.

- Atenção, pessoal! – Érico tentava pôr ordem nos alunos, que se aglomeravam na imensa varanda da casa principal. – Vocês estarão sob a responsabilidade de nós, voluntários, durante esse passeio ao rio. Por isso, peço que colaborem com as nossas instruções, para evitarmos contratempos. Aqueles que não sabem nadar, por gentileza, não nos acompanhe nesse banho, pois não é do nosso interesse entregar o corpo vocês para suas famílias.

- Cara, estou me sentindo diante da tia do jardim de infância – disse Pedro Miguel.

- Bom, meu caro, a presença da “tia do jardim de infância”, só foi necessária porque entre vocês, pelo que me parece, ainda existem alunos com a mesma maturidade do jardim de infância. Então neném, fale menos e ouça mais pra você não se machucar – Érico estava na sintonia do jogo de provocações.

- Tomou, distraído – um amigo de Pedro Miguel deu um tapa na sua nuca.

- Não enche, Júnior – Pedro Miguel empurrou o outro.

- Bom, pessoal, se não resta nenhuma dúvida, vamos ao banho, pois o caseiro está nos esperando para nos guiar até o rio.

Uma tropa de alunos marchava, contornando o lago, na direção de uma trilha que se estendia pela mata de frondosas. Era incrível como a mudança de temperatura ocorria no momento em se entrava na mata. A refrigeração, proporcionada pelas árvores, era revigorante ante o calor forte do sol.

- Vocês podem seguir direto por essa trilha – instruía o caseiro, apontando para dentro da mata. – Não tem como se perderem. Há uma pequena ponte madeira ladeada por dois jacarandás, que antecipa o rio mais bonito que vocês verão.

- Obrigado, seu Anastácio – agradeceu Érico. – Em fila indiana, todos vocês sigam-me.

Érico havia colocado, estrategicamente, os voluntários no final no meio e ele, na frente. Assim, ninguém se perderia ou tentaria bancar o aventureiro, desviando do caminho reto. Christian ia logo atrás de Érico, com William na sua cola, ou seja, nada de gracinhas durante o trajeto. Pedro Miguel é que não perdia a piada, fazendo todos rirem.

Antes de atingirem a metade do caminho, já era possível ouvir a corredeira do rio. Os alunos não se aguentavam de esperar. Algumas meninas só estavam com uma canga sobre o biquíni ou maiô, mas maioria só usava a peça de banho, pois não queriam perder tempo. O barulho do rio cada vez mais perto, e o suor que escorriam pelos pescoços de todos, só aumentava mais ainda a vontade de mergulharem.

- Um pedido das alunas do Colégio Santa Clara, que estão no final da fila – uma das voluntarias anunciava em voz alta, quase rindo do que estava prestes a dizer: - “Aos meninos esportistas. Por favor, não nos privem da visão de suas bundas e coxas, já que estão caminhando à nossa frente. O que estão esperando? Tirem suas roupas.

- É pra ficar pelado?! – um rapaz do atletismo, colega de Christian, gritou, arrancando risinhos maliciosos de todo mundo.

- Nem pensar! – Érico se voltou para trás. – Se eu vir algum passarinho fora da gaiola, vou ter que cortar as asas dele.

Mais risos. E em seguida os aplausos das meninas, quando os seus admirados ficaram apenas de sunga.

- Eu que dar uma apertadinha – uma voz feminina se esganiçou. – O Santa Clara só tem popozudo, haha-huhu!

EGEUWhere stories live. Discover now