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Christian olhava para uma figura masculina, que usava um boné sob o capuz de uma camisa branca de moletom. O seu rosto estava envolto em sombras, sendo impossível reconhecer quem era.

- Qual é mermão? Esse aqui já tem dono, vai cantar em outro terreiro.

- Senão... – o encapuzado desafiou.

- Quer pagar para ver?

- Quero. Mas só depois que você acordar – o encapuzado lhe deu um soco seco, fazendo com que o outro desabasse no chão. A força do soco somada ao excesso de bebida, já consumida, levaram o importuno a nocaute.

- Você matou ele? – Christian se assustou.

O encapuzado, em silêncio, puxou Christian pelo braço boate a fora.

- Pra aonde você tá me levando?

- Há essa hora, lugar de neném é em casa, dormindo na caminha – disse secamente o encapuzado. Ele falava, como se quisesse disfarçar a voz.

- Eu conheço você? – Christian se chocava com as pessoas, quase não vendo o encapuzado, que mantinha o rosto sempre voltado para frente, escondido pelo boné.

Do lado de fora, ainda com a mão de Christian presa na sua, o encapuzado fez um sinal para um taxista, que estava livre.

- Leva ele para o Colégio Santa Clara. – o encapuzado instruiu o taxista, lhe pagando adiantadamente.

- Sim, senhor – respondeu o taxista, ligando o carro.

- Como você sabe... – Christian foi praticamente empurrado para dentro do carro.

Sem responder, o salvador de Christian apenas fez uma reverência e saiu andando na direção oposta. Saber que um estranho se preocupava com ele, era uma sensação muito interessante. A curiosidade o corroía. Com certeza se fosse dia, ele teria visto o rosto do cara.

Quando o carro parou em frente à escola, Christian viu Suzana do lado de fora, olhando para todos os lados, acompanhada de uma morena alta e muito bonita. A mesma garota que Pedro Miguel estava pegando.

- Aonde você se meteu com a Gisele? – exigiu saber Suzana. – Papai já ligou dizendo que vem nos pegar.

Gisele! Christian nem se lembrou da amiga, em meio à confusão em que se metera. Mas também, se sentiu bem por ter largado ela sozinha lá. Pois se não tivesse sido convencido por Gisele, não teria passado pelo ocorrido. É, mas o ocorrido lhe trouxe uma grata surpresa. De qualquer forma, Gisele conhecia bem a noite.

- Olha, Suzana, eu só fui dá uma volta com Gisele, mas não conta para os nossos pais – pediu Christian.

- Não tenho tanta certeza. Mas vou pensar no seu caso – disse Suzana, erguendo uma das sobrancelhas. – Vai ficar me devendo uma.

- Você é demais, maninha – comemorou Christian.

- Eu sei! – Suzana falou toda convencida.

- Por um acaso, você não viu o Pedro Miguel por aí, Christiano?

- É Christian! – corrigiu o garoto, irritado. – E o Pedro Miguel sumiu?

- Pois é. Ele disse que ia falar com um amigo, e não voltou mais – explicou a morena.

- Sabe, Fernanda, na minha terra isso se chama toco – Christian saboreou o momento.

- O Pedro Miguel não ia...

- O que é que eu não ia? – perguntou um voz masculina, abraçando Fernanda por trás.

- Aonde você se meteu? E cadê sua fantasia de índio.

EGEUOnde histórias criam vida. Descubra agora