Capítulo 11

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“Uma cama, cobertas e lençóis. Dois travesseiros vermelhos se desbotando. Um tapete marrom, um ventilador e uma janela com grades. Meu corpo está sobre a cama, meu rosto virado para a janela, a única entrada de luz e meu único relógio que observava com a claridade se era dia ou noite. Naquele dia, era noite. Sobre meu corpo havia um homem, entre minhas pernas. Mesmo com pouca idade, sabia exatamente o que ele estava fazendo. Meu corpo sentia, implorava e chorava. Mas, não tinha mais forças para lutar, estava cansado. Seu corpo esmagava o meu, ainda em desenvolvimento, novo demais para toda aquela violação. Sua boca estava em meu pescoço, suas mãos em seus seios pequenos, quase que inexistentes. Mas, ele parecia adorar aquilo, parecia gostar do meu corpo daquele jeito, ainda sem pelos, se desenvolvendo e já marcado por ele e outros homem. Ele parou, vejo de relance seus movimentos, seu pênis está fora de mim, ele o toca e movimenta. Estava produzindo seu “mel” era assim que eu chamava, sempre jogavam em mim. Algumas vezes era na barriga, em seus seios. Outras, na minha cara e boca. Uma certa vez, acertaram meus olhos, fui ao médico e fiquei dois dias trancada, sem receber ninguém. Foram os dias mais felizes da minha vida.

Ele terminou e saiu, minutos depois vejo Christoffer adentrar o quarto, ele era o atual namorado da minha mãe. Ele vem até mim e se senta ao meu lado na cama. Sua mão em minha coxa me fez revirar na cama, mas ele me segurou e me puxou para perto, suas mãos abrem minhas pernas, seu dedo toca meu último, o esfregando. Começo a chorar, mas, ele rir com aquilo. Para ele era diversão o que pra mim, era dor. Seus dedos ocupam o espaço que antes era do homem que estava aqui, ele mexe e mexe e sinto a mais coisa que sentia a minutos atrás, dor.

— Se lave... Você tem dez minutos. — diz ele retirando a mão de mim e ficando de pé, caminhou em direção a saída. Espero a porta sair e me encolho na cama. Não vou ao banheiro, não quero, não quero mais aquilo.

Viro-me para o lado e coloco a mão por baixo do colchão e tiro um pedaço de vidro que havia quebrado semanas atrás da janela, me sento na cama e olho para ele pensando onde passa-lo. Fecho os olhos e peço desculpas ao meu pai, mesmo sem ter culpa de nada. Abro meus olhos turvos por cansaço e dor e vejo uma silhueta a minha frente, uma sombra. Um belo homem, pele clara, assim como seus olhos. Leve barba e sua mão estendida para mim. Ele tinha um belo sorriso, uma voz calma.

— Senhor...? — meus olhos estão descem e vão até onde tudo acontecia. Choro até não conseguir mais segurar o pedaço de vidro, mas tenho até ser forte. Me pergunto quando uma menina de apenas dez anos precisou ser forte por si mesma. Respiro fundo, levo o lençol até a boca e o mordo e faço um corte, da esquerda para a direita. Uso toda a força que eu tinha para aquilo.

Quando acabei vejo o sangue escorrer, uso o mesmo lençol que havia usado para me cobrir todas as noites para limpar meu rosto e me cobro novamente.

— Dove? — ouço Christoffer no outro lado da porta. — Está pronta?

— Uhrum... — ardia, doía e queimava.

A porta é aberta e vejo mais uma pessoa entrar, um jovem mais velho que a maioria. Cabelos brancos, barba e barrigudo. Vejo o mesmo abrir a calça e tirar aquilo para fora, mexendo como se fosse produzir “mel” ele caminha até mim na cama e puxa o lençol. Por sua cara de espanto viu a poça de sangue debaixo de mim, ele soltou seu íntimo e se afastou, subindo a calça novamente.

— Hey! A garota está sangrando! Ajuda”

— Dove? — sou grata a ouvir a voz da Manu ao fundo em meu pensamento, quando volto a mim, a garota está a minha frente, ela sorrir para mim. — Você está bem?

— A-ah,,, estou sim. — respondo e passo meu olhar pela quadra e vejo Austin, lembro-me da cena que vi na biblioteca, da Mary e da Atena. Me pergunto se ele sabia sobre a irmã, mas, acredito que não. Esse não é o tipo de coisa que se deve espalhar, principalmente entre freias.

— Não vai participar da aula? — perguntou ela.

— Não. — respondi voltando meu olhar para ela. Eu estava na arquibancada olhando a aula em seguida olho para a entrada da quadra e vejo ele o padre Berrycloth e sua simples presença faz com que eu me arrepiasse inteiramente.

— Ele é lindo ne...

— O que? — viro meu rosto para Manu que estava sentada ao meu lado.

— O Matteo. — completa ela. — Pena que parece ser idiota só porque o pai dele é do exército.

— Meu pai também era. — digo. Meu olhar volta novamente para a entrada do ginásio e o padre Berrycloth não estava mais lá. Esse homem não é de deus. Ele está possuído não é possível, senhor me ajude.

— Sério? Que legal. — ela sorrir. — Meu irmão mais velho é guarda do palácio.

— Que? — novamente olho para ela e percebo que era isso que eu estava precisando, uma conversa tranquila com alguém. — Serio?

— Sim, mas ele é um daqueles que ficam na porta do palácio. — explicou ela e sorrio para ela.

Ficamos lá conversando por alguns minutos ate que ela precisava voltar. Enquanto ela descia Matteo fazia o mesmo caminho que ela, mas, vindo em minha direção. Olho novamente para entrada do ginásio para ver se o padre havia retornado, não estava. Respiro fundo e me afasto um pouco, me encolhendo com a presença do Matteo ao meu lado.

— Posso me sentar? — perguntou ele cauteloso já ao falar.

— Claro. — me afasto um pouco mais.

— Bem, eu... — ele começou, mas, da uma pausa no que ia falar e vira seu corpo ficando de frente para mim. — Eu queria me desculpar por mais cedo.

— Tudo bem. — respondo.

— Apenas fiquei surpreso quando falaram que você era uma noviça. — o olho e vejo que o mesmo estava sorrindo.

— Surpreso? Por que?

— Ah, porque eu gostei de você. — o olho supressa com aquilo que ele havia falado. — Te achei simpática e legal.

— Mas só porque eu sou uma noviça, não significa que eu não possa ser sua amiga. — explico.

— Ah, amiga.... entendi. — ele desvia seu olhar para os alunos que jogavam basquete e depois olha novamente para mim. — Não vai participar da aula?

— Não. — respondo.

— Bem, eu preciso voltar.  — ele fica de pé. — Te vejo na aula?

— Claro.  — assim que ele se levanta e sai, não demora muito para eu ser puxada para meus devaneios novamente.

“Teto branco, luz que fazia meus olhos arderem. Apitos e pessoas falando ao meu lado, após abrir meus olhos vejo sombras. Ouço a voz da minha mãe e a mesma chamar o médico. Permaneço com os olhos fechados e encolho meu corpo quando ela puxa o lençol e toca em minhas partes. Seguro o choro, não quero que saibam que estou acordada.

— Senhora Lancaster...

— É Zabott. — corrige mamãe. — Meu nome de solteira é Zabott.

— Ah, sim, sim. Perdoe-me. — dissera o médico. — Mas, como eu estava prestes a dizer, a sua filha está com vários machucados nessa área. Além disso, ela esta dilacerada por dentro.

— Ela tem problemas mentais... vive se machucando. — ouço minha mãe falar.

— Então teremos que acionar a assistência social. — falou o médico. — Se ela tem algum problema, o estado pode entrar com benefícios...

— Não precisa! — exclama ela. — Ela já é medicada.

— Você tem o histórico medico dela ou qualquer outra coisa? Receitas medicas. Qualquer coisa que posso ajudar a iniciar um tratamento mais...

— Vou falar com meu esposo. — não vejo mais a sombra da minha mãe, então, me viro para o lado e viro para o lado e toco o braço do médico.

— Por favor, me ajude. “

Perdão, eu pequei. Where stories live. Discover now