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Alix finalmente fechou a tampa do vaso sanitário, se colocou de pé e seguiu em direção à pia para lavar a boca. Quando chegou ao quarto do hotel o banheiro foi o seu destino. Já estava no chão mais tempo do que podia contabilizar. Ela seguiu em direção ao quarto, retirou o vestido preto e o depositou com cuidado sobre a cadeira no canto do quarto. Colocou as sandálias ao lado e caminhou em direção à pequena mala e retirou do interior nécessaire e uma camisola. Segundos depois, com os produtos necessários para a remoção da maquiagem a mulher se conduziu ao banheiro.

Alix parou em frente ao espelho e analisou seu próprio reflexo. Sentia-se cansada, não só física, mas emocionalmente. Aquele pequeno ato de servir como isca ao seduzir um homem mexeu com seu interior, deixando-a pensativa. O que ela tinha na cabeça quando pensou em ficar e presenciar a morte de uma pessoa? Alix constatou com horror que, por breves segundos, cogitou a ideia de assistir a vida deixar os olhos de Jeremiah Lancer.

Tal vontade fazia de si uma criminosa?

Na verdade, quem era Alix Hine agora? Depois que Dale destruiu sua vida e depois de Rex Colton manipulá-la para ajudar a matar um homem?

Perdida em seus pensamentos, Alix demorou mais tempo que o necessário para retirar a maquiagem, mas assim que o rosto se encontrava limpo, ela voltou em direção ao quarto e guardou a nécessaire em sua mala. Assim que pegou o celular, constatou que não havia nenhuma mensagem, nem mesmo de sua mãe, então o jeito foi se deitar e se render a um filme de romance que a televisão transmitia em um canal fechado e em segundos, sem perceber, pegou no sono.

Já passava das duas da manhã quando Alix despertou com o barulho das portas duplas que dividiam a suíte do resto do quarto sendo abertas de forma abrupta. Rex chegou a elas, mas não passou. Alix o percebeu meio lento, com a respiração pesada e um olhar perdido.

— Rex. — Alix se sentou sobre a cama e o observou. — Você está bem?

Um olhar do criminoso seguido por um sorriso preguiçoso na direção de Alix deixou tudo claro. Rex não estava em suas condições normais.

— Eu o matei.

Alix sentiu um arrepio atravessar seu corpo.

— Jeremiah nunca mais tocará em qualquer menina, pelo menos não nessa vida.

Ela engoliu em seco e assistiu Rex fechar as portas duplas com um golpe forte e alto que a fez pular sobre o colchão. Ao dar o primeiro passo, Rex tropeçou deixando escapar uma risada baixa.

— Acho que você bebeu demais. — Alix se sentou na beira da cama e apertou as mãos sobre o colo em uma luta interna entre ajudar ou não, mas não queria receber gritos ou xingamentos como agradecimento e nem sabia o que esperar de um Rex embriagado. — Tem certeza que está tudo bem?

— Não — ele a respondeu de maneira séria. — Nunca estou bem, ou melhor...

Alix o viu parar com o dedo sobre os lábios e permanecer em silêncio.

— Nunca fico bem quando mato uma pessoa. — O silêncio foi quebrado pelo assassino. — E esse caso...

Alix o viu passar as mãos pelos cabelos, bagunçando-os.

— Mexeu comigo de uma forma pessoal.

— Então se matar pessoas perturba o seu juízo, por que cometer um ato tão monstruoso?

Alix entendia perfeitamente que a coragem de fazer aquela pergunta só surgiu, por Rex estar bêbado. Nunca na vida, com o criminoso, em seus melhores sentidos Alix teria aquela coragem. Acontece que ela necessitava de respostas, e só conseguiria em momentos como aqueles. O álcool desinibia as pessoas e por mais frio que pudesse parecer, Colton ainda era um ser humano com as mesmas fraquezas que uma pessoa normal.

REX - Série: Homens da Máfia - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora