Back To Me ミ★ 𝘤𝘩𝘢𝘯𝘨𝘭𝘪𝘹 - 𝘩𝘺𝘶𝘯𝘭𝘪𝘹 ★彡

📼 - 04.

PRESENTE
Hyunjin

Tenho um sonho recorrente.

Sempre estou sentado, imóvel. Algumas pessoas com borrões em seus rostos estão ao meu redor enquanto cochicham sobre mim. Sinto o coração bater de maneira desenfreada, meus olhos desorientados, sem saber ao certo para onde olhar.

É uma sensação de sufoco, como se eu estivesse me afogando mesmo que não tenha água.

"Olhe para ele, nunca será verdadeiramente amado"

"Pobre garoto, é bastardo e tolo"

"Teria sido melhor se ele tivesse se mantido calado como sempre fez"

As palavras duras eram cuspidas em minha direção e me machucavam como se fossem pequenas lâminas atravessando pela minha pele. Eu odiava aquele pesadelo.

Eu nunca conseguia acordar, em hipótese alguma.

Mas, alguma coisa diferente aconteceu pela primeira vez.

Agora, um rosto ainda borrado se aproximava e erguia a mão para mim. Mas, antes que eu pudesse me movimentar, fui bruscamente acordado do sonho.

Levantei a cabeça um pouco assustado, encarando olhos escuros se afastando de mim aos poucos.

— Calma aí, não precisa ficar assustado. - soprou um riso, seguido de um sorriso, enquanto jogava os fios escuros para trás. — Acho que você pegou no sono e não ouviu, mas vamos fazer dupla agora nessa aula.

Olho confuso para o garoto na minha frente, forçando a minha mente a lembrar de quem se tratava. Não me era estranho, de fato. Aos poucos a memória voltava, me fazendo esticar as mãos em frente ao rosto, em um pedido mudo de desculpa e um sorriso um tanto sem graça pairando nos meus lábios.

— Desculpe, realmente não prestei atenção. - olho em volta da sala, vendo as duplas já pondo em prática os seus devidos trabalhos. — Jeongin, certo? Me desculpe, não sou muito bom em lembrar nomes.

O garoto solta uma risada baixa, puxando uma cadeira para perto de mim e se sentando ao meu lado.

— Tudo bem, já estou acostumado com esse tipo de situação. - deu de ombros.

Jeongin então puxou o cavalete para mais perto, colocando-o ao seu lado, virando a cadeira para a frente do objeto. Não demorei a fazer o mesmo, me arrastando até o seu lado, até ficarmos de frente para a tela.

— Temos que fazer um desenho com os sentimentos, ou algo assim. - fez uma careta. — Esse lance de arte sentimentalista não é o meu forte. Mas com sorte, eu sei que é o seu.

Olhei para o garoto de relance, um tanto que curioso ao ouvir aquilo. Eu nunca falava sobre aquilo para ninguém.

Resolvo ignorar a minha curiosidade e volto a atenção para a tela.

— Não é tão difícil. Posso te mostrar.

Pego o lápis fino, posicionando-o sobre a tela. Fecho os olhos e tento me focar nos meus sentimentos naquele momento.