Capítulo 2

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Com devoção, aceitei a tarefa de servir ao Príncipe Niklaus, uma escolha que me foi imposta, visto que não havia outra opção. Dediquei-me integralmente, desde a organização meticulosa de seus aposentos até a prontidão para atender a todos os seus pedidos, com o objetivo de superar as expectativas do Rei Henrique.

Apesar de estar disposta a desempenhar meu papel com excelência, não vejo esta posição como meu destino final. Mantenho a firme convicção de que, de alguma forma, encontrarei minha liberdade e transcenderei esta condição de servidão. Acredito em minha própria força e estou determinada a moldar meu próprio futuro, longe das amarras do palácio; terei minha liberdade de alguma forma, é o que espero.

Assim, saí do gabinete e caminhei adiante, mantendo meus olhos fixos em um futuro onde a liberdade seria minha fiel companheira.

Com a noite já avançada, notei a ausência de Lisa, que provavelmente já havia se retirado para seus aposentos. Continuei pelo caminho que havia traçado minutos atrás, mas, entre as numerosas portas e corredores, acabei me perdendo nos intricados labirintos do imponente palácio.

Enquanto percorria o extenso corredor, um impulso irresistível despertou minha curiosidade, uma voz interior que me levou a arriscar a abertura de uma das portas à minha frente. Com cautela, entrei.

Para minha surpresa, deparei-me com um cenário iluminado suavemente por velas, onde repousava um homem notavelmente belo, seus cabelos loiros acentuando sua beleza. Ele parecia imerso em uma profunda serenidade, alheio à minha presença.

Ao seu lado, uma mulher exalava uma aura de extravagância, com pérolas adornando seu pescoço, enquanto ambos se cobriam apenas com lençóis brancos. Por um breve momento, considerei recuar discretamente, mas antes que pudesse agir, meu olhar se encontrou com o dele. Seus olhos, uma combinação rara e perfeita de verde e azul, prenderam minha atenção.

Sua expressão tranquila exibia uma mistura intrigante de surpresa e curiosidade. Percebi que estava diante de um momento decisivo: retirar-me com delicadeza ou retirar-me rapidamente. O que eu faria?

Rapidamente, virei-me e, em questão de segundos, fechei a porta atrás de mim. No entanto, sua voz soou antes que eu pudesse concluir a ação.

—Quem se atreve a me perturbar? — Ele questionou, com uma voz serena.

—Sou Aurora... — Minha voz inicialmente trêmula, mas respirei fundo e abri a porta novamente, encarando-o com mais confiança. — Aurora Kleypas. E quem é você? O ambiente foi preenchido com uma risada misteriosa.

— Por mera curiosidade, quem você imagina que eu seja? — Eu podia sentir meu coração batendo mais forte, mas mantive meu nervosismo cuidadosamente escondido na voz.

— Para ser franca, não tenho a menor ideia de quem você seja.

Ele ponderou com elegância e respeito, fazendo um gesto gracioso com a mão na direção oposta à mulher nua, como se a estivesse conduzindo para fora da sala de maneira polida. A mulher, sem sentir vergonha da minha presença, ergueu-se e deixou o lençol que a cobria cair, revelando seu corpo nu. Ela vestiu seu traje luxuoso, ajustando seus acessórios, e então saiu pela outra porta no quarto, deixando-me com uma sensação de tensão crescente.

— Tente adivinhar. — Sua voz ecoou, deixando um mistério no ar.

— Um duque, talvez um marquês? Não tenho certeza. — Minha resposta foi acompanhada por uma suspeita, pois a única coisa que eu podia deduzir era que ele tinha um ar de perversidade.

— Sou Niklaus, príncipe de Belford. Peço que dê um passo adiante. — Obedeci ao seu comando, adentrando completamente o quarto, enquanto a porta atrás de mim se fechava, empurrada pelos ventos que entravam pela janela.

— Não era minha intenção perturbá-lo. — Sussurrei, minha voz trêmula. Niklaus parecia me avaliar por um momento, como se estivesse decifrando além das minhas palavras, buscando compreender o que me motivara a entrar em seus aposentos.

— Interessante. — Ele repetiu, sua voz envolta em um véu de mistério. — Não é todo dia que me deparo com alguém tão ousado e, ao mesmo tempo, tão inseguro.

Suas palavras me surpreenderam, e minha pele parecia se arrepiar sob o escrutínio dele. Eu não podia negar minha audácia, mas também não conseguia ocultar meu nervosismo.

— Vossa Alteza, eu... estava perdida pelos corredores do palácio e... uma voz interna me conduziu até aqui. — Minha explicação soou mais fraca do que eu pretendia, mas era a pura verdade.

— Uma voz interna? Interessante.

— Mais uma vez, peço desculpas, Vossa Alteza. Sei que não tenho o direito de estar aqui.

Ele me lançou um olhar avaliativo, seus olhos azuis cintilando à luz das velas. No entanto, o que mais chamou minha atenção foi a rara mescla de azul e verde em um de seus olhos, algo que eu nunca havia visto antes.

— Você é uma criatura intrigante, Aurora Kleypas. Muitos na corte vivem sob uma camada de formalidades, mas parece que você carrega algo mais profundo.

Minha respiração estava acelerada, e minhas mãos suavam ligeiramente. O Príncipe avaliava-me de maneiras que eu mal podia compreender, parecia estar lendo meus pensamentos com seu olhar marcante que não se desviava dos meus olhos. Eu tentei reunir minha coragem, mesmo diante da presença dominante dele.

— Vossa Alteza, se há alguma punição que devo enfrentar por minha audácia, estou pronta para aceitá-la.

— Tem certeza? Não sou conhecido por ser indulgente em minhas punições... especialmente quando alguém me interrompe em um momento tão intenso e prazeroso. — Ele declarou, pegando uma taça de vinho de uma mesinha ao lado da cama e dando um gole, ainda parcialmente coberto pelos cobertores, revelando seus músculos esculpidos. Eu lutava para não encará-lo, mas meus olhos pareciam ter vontade própria, deslizando até ele apesar dos meus esforços.

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Entre a coroa e o coraçãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant