Era surpreendente ter um supermercado aberto no domingo.

Abismada pela quantidade de espaços e prateleiras, tentei conter minha euforia. Pessoas de todos os tipos e origens arrastavam seus carrinhos ou escolhiam o que por em suas cestas. Os três caixas e seus atendentes eram ágeis e rápidos para calcular e por os ítens nas sacolas. Assim, comecei às compras.

Como tinha dois espaços no carrinho, comecei a por os produtos de limpeza separados dos alimentos.

Tive um pouco de dificuldade para levar — não me preocupei com o valor e sim, como iria levar. Talvez eu estivesse pegando um pouco do jeitinho de pessoas ricas, ri comigo mesma. O valor foi bem mais baixo do que cogitei. O motorista me ajudou a pôr às compras no porta-malas de seu carro — mas suas expressões não mostrava que estava contente.

Um homem alto, magro de cabelos ondulados e grandes o parou, suas roupas eram bem intrigantes e suas sandálias também. Logo me lembrei que o estilo que trajava era hippie, Margarida estudou algo envolvendo culturas e essa não foi excluída — como prestei atenção, foi fácil identificar.

Quando o desconhecido olhou em minha direção deu um largo sorriso.

— Uau... Nunca vi uma beldade mais linda que esta! — disse, admirado, me senti confortável com sua presença, então, sorri — Não sorria, por favor! — pôs a mão no peito.

— Por que?

— Vou acabar me apaixonando cada vez mais! — brincou, ri com sua fala — Meu amigo, eu posso levá-la... — falou para o moço que me trouxe — Sua cara não está das boas e ela precisa de uma boa companhia.

O homem revirou os olhos, sem se importar.

— Se a senhorita quiser...

— Eu irei!

— Ah, que maravilha! — gritou, feliz.

Animados, colocamos nossas compras dentro de seu carro, que era bem colorido por dentro. Paguei o que me trouxe e assim que me sentei nos fundos do automóvel, logo, esse começou a se movimentar. No canto, tinha diversos adereços e produtinhos, estes eram bem cheirosos. A fala contagiante do taxista combinou perfeitamente com o clima fresco. A música; Me Gustas Tu, ao fundo, e como ele sabia acompanhar, me deixou feliz e admirada. Com certeza ele faria parte do meu grupo de amigos preferidos... E com certeza minha melhor amiga teria amado conhecê-lo.

Assim que pomos a última sacola na varanda ele se afastou. Ia entregando o pagamento mas ele recusou.

— Mas, por quê?

— Não não, sua companhia é muito agradável e ela serviu como pagamento.

— Por favor, aceite...

— Não adianta, querida — afirmou, ele retirou a flor que tinha sobre sua orelha a pondo na minha em seguida — Ficou mais linda ainda. Uau... — ri, envergonhada.

— Mas, qual é o seu nome?

— Creio que não preciso dizer, o destino nos uniu e quem sabe, ele nos una mais uma vez — piscou — Tenha um bom dia, bela moça... — se afastou — Ah, E NUNCA DEIXE DE SORRIR! — gritou, ri novamente. Ele pôs a mão no peito como se fosse afetado pelo meu gesto, e assim adentrou o automóvel.

Enquanto se distanciava, suspirei profundamente, ele seria uma lembrança que eu teria para sempre em meu coração. A porta foi aberta atrás de mim e assim Ângelo apareceu. Seus olhos curiosos olhavam para a estrada, e assim que desceram para meu rosto, o brilho em seus olhos intensificou em suas pupilas — ficando dilatadas a cada segundo que passava, sobre minha pessoa. Juntei minhas mãos, tímida.

A Verdadeira Felicidade | Livro IWhere stories live. Discover now