Notas da Autora

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Desde que a novela da Globo "O Tempo Não Para" abordou o assunto, acredito que o termo "criogenia" ou "criônica" não seja totalmente desconhecido para a maioria das pessoas, especialmente no Brasil. No entanto, como imagino não ser também um assunto popularizado, achei por bem acrescentar aqui uma pequena explicação a respeito do tema, e a forma como foi utilizado neste conto.


Aqui transcrevo quase integralmente um artigo científico a respeito desse procedimento:

"A criogenia de humanos, conhecida cientificamente como crônica, é uma técnica que permite refrigerar o corpo até à temperatura de -196ºC, fazendo com que o processo de deterioração e envelhecimento pare. Assim, é possível manter o corpo nas mesmas condições durante vários anos, para que, no futuro, seja reanimado.

A criogenia tem sido utilizada especialmente em pacientes em fase terminal de doenças graves, como câncer, na esperança de que sejam reanimados quando a cura da sua doença for descoberta, por exemplo. Porém, esta técnica pode ser feita por qualquer pessoa, após a morte.

A criogenia de humanos ainda não pode ser feita no Brasil, no entanto já existem empresas nos Estados Unidos que estão praticando o processo para pessoas de todos os países.

Embora seja referido popularmente como um processo de congelamento, a criogenia é na verdade um processo de vitrificação no qual os fluídos corporais são mantidos num estado nem sólido, nem líquido, semelhante ao do vidro.

Para conseguir esse estado, é preciso seguir um passo-a-passo que inclui:

Fazer suplementação com antioxidantes e vitaminas durante a fase terminal da doença, para diminuir as lesões nos órgãos vitais;Arrefecer o corpo, após declarada a morte clínica, com gelo e outras substâncias frias. Este processo deve ser feito por uma equipe especializada e o mais rápido possível, para manter os tecidos saudáveis, especialmente o cérebro;Injetar anticoagulantes no corpo para impedir que o sangue congele;Transportar o corpo para o laboratório de criogenia onde será guardado. Durante o transporte a equipe faz compressões torácicas ou utiliza uma máquina especial para substituir o batimento do coração e manter o sangue circulando, permitindo levar o oxigênio para todo o corpo;Remover todo o sangue no laboratório, que será substituído por uma substância anticongelante preparada especialmente para o processo. Esta substância impede que os tecidos congelem e sofram lesões, como aconteceria se fosse sangue;Guardar o corpo dentro de um recipiente hermeticamente fechado, onde a temperatura será reduzida lentamente até atingir os -196ºC.

De forma a obter-se os melhores resultados, um membro da equipe do laboratório deve estar presente durante a fase final da vida, para iniciar o processo logo após a morte.

Já pessoas que não possuem uma doença grave, mas que queiram submeter-se à criogenia, devem utilizar uma pulseira com informações para chamar alguém da equipe do laboratório o mais rápido possível, idealmente nos primeiros 15 minutos.

O maior obstáculo da criogenia é o processo de reanimação do corpo, uma vez que atualmente ainda não é possível reavivar a pessoa, tendo sido possível apenas reanimar órgãos de animais. No entanto, é esperado que com o avanço da ciência e da medicina seja possível reavivar todo o corpo.

Atualmente a criogenia em humanos só é feita nos Estados Unidos, pois é onde se encontram as únicas duas empresas no mundo com capacidade para preservar os corpos. O valor total da criogenia varia de acordo com a idade da pessoa e estado de saúde, porém, o valor médio é de 200 mil dólares.

Existe ainda um processo de criogenia mais barato, no qual apenas a cabeça é preservada para manter o cérebro saudável e pronto para ser colocado em outro corpo, como um clone no futuro, por exemplo. Este processo é mais barato, estando perto dos 80 mil dólares".

(Fonte: Tua Saúde).


As informações contidas neste conto são, portanto, meramente ficcionais, e não contêm necessariamente precisão científica. Não existe qualquer programa, software ou tecnologia que seja capaz de manter um cérebro ativo enquanto o corpo está preservado pelo processo criogênico, e, embora eu acredite incondicionalmente nos avanços da ciência, acho pouco provável que tal tecnologia possa algum dia existir.

Entretanto, acredito ainda mais incondicionalmente nos poderes infinitos da literatura, capazes de criar em nossa imaginação condições e seres que, embora impossíveis ou improváveis no mundo físico, ganham vida, força e espaço nas páginas e nas histórias que tanto amamos.



O LaboratórioWhere stories live. Discover now