Harry sequer gosta de pensar na Congregação. Detesta imaginar o que falaram de si depois da sua fuga. 

Todavia, impossível negar que a visita o deixa lisonjeado. 

Entretanto…

– É melhor eu não deixar os outros cuidando de tudo sozinho…

– Falta uma hora pro expediente acabar, Harry, eles vão ficar bem sem você. Só termine os talheres. Vou avisar seu amigo que você já vai. 

Horan sai da sala antes que ele tenha tempo de protestar outra vez, então não há escolhas a não ser acatar ao pedido. Os talheres são polidos mais rapidamente do que de costume enquanto Harry se desculpa com Anthony, Dan e Claire por ter que sair mais cedo. Após se despedir, vai à salinha com os armários para trocar o avental azul pelo casaco de tricô cinza e só aí se retira da cozinha.

O tintilar metálico e as ondas de murmúrios que preenchem o salão do restaurante o recepcionam do outro lado da sala. O olhar do garoto imediatamente se direciona ao bar, mas não encontram Mitch sentado nas banquetas altas. 

As paredes do ambiente são de pedras expostas e as janelas amplas de vidro com visão para a rodovia A50, para os carros e transeuntes e estabelecimentos com fachadas arquitetonicamente semelhantes a esse. A ecleticidade encontra-se no interior do restaurante onde, quanto mais perto da entrada para a cozinha, mais íntimo e reservado o clima é, com sua iluminação indireta e com mesas perfeitas para um encontro a dois; e quanto mais próximo da porta de acesso, mais a iluminação é calorosa e as mesas, mais amplas. 

É lá que Harry vê Gemma de pé, uniformizada com um avental preto, mãos às costas segurando a caderneta de couro, se despedindo de uma família numerosa e barulhenta.

Sr Horan está mais perto dele e acena para si, chamando sua atenção. De repente, Louis também está de pé, abrindo-lhe um sorriso largo. 

Harry empalidece de choque e o coração bombeia um oceano de sangue por segundo. São necessários uns bons segundos até que volte a si mesmo.

É inegável que, se pudesse, Harry daria meia volta e fugiria pelos fundos sem pensar duas vezes. Ele não sabe o porquê dessa vontade nem o porquê de se sentir tão subitamente fraco, mas é o que é. 

Apesar disso, entretanto, ele toma coragem para seguir em frente, torcendo para que as pernas não lhe falhem. 

Ao alcançá-los, Louis exclama - enquanto o abraça apertado mas gentil - como é bom vê-lo novamente e Harry sente-se bombardeado por coisas que sequer consegue definir. É algo como vergonha e pavor e um grande e retumbante frenesi. Principalmente.

Então sua única resposta a Louis é um sorriso nervoso provocando três segundos de um silêncio constrangedor. 

Ele tenta consertar isso agindo casualmente, não com o amigo - por enquanto, Harry ainda é incapaz de tal feito -, mas com Horan.

– Prometo que vai ser só dessa vez - murmura num suspiro.

– Sim, absolutamente - complementa Louis - Obrigado por isso. Não foi minha intenção causar transtorno, como eu disse, poderia ter esperado até fecharem.

– Tudo bem - o gerente abana com a mão – Aposto que vocês estão doidos pra conversar um com outro.

Harry não diria isso mas Louis definitivamente está tão animado que não espera nem saírem do restaurante nem Harry perguntar como o encontrou para começar a jorrar as palavras que segurou por um dia inteiro. Ele nem se dá conta de que quando o segurança abre a porta para eles, o rosto do garoto de cabelos encaracolados entra em chamas. 

immaculate sin of the lovers • L.S.Where stories live. Discover now