Não é "se", é "quando"

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Quatro anos depois.

Ele acariciou suavemente os cabelos ruivos, sentindo a maciez dos fios deslizarem entre seus dedos. Inclinando-se, ele mergulhou o nariz naquela cascata de cabelos, inspirando o delicioso aroma de morango que emanava deles.

Ela se acomodou mais perto dele, buscando um contato ainda mais íntimo, e ele a envolveu com seus braços. Sempre se maravilhava com o quão perfeitamente ela se encaixava nele. Ficaram abraçados, aproveitando o silêncio e a serenidade que reinavam no quarto.

No entanto, Colin não estava em paz. Não desde que Penelope havia aberto aquela conversa. As palavras que ela disse foram inesperadas e até agora ele não conseguia definir o que pensar a respeito. Na verdade, ele não queria pensar de forma alguma. Não queria ponderar sobre o que ela estava sugerindo. Mas, inevitavelmente, teria que fazê-lo.

- Você tem certeza, Pen? - ele sussurrou, buscando respostas.

Ela se mexeu mais uma vez, virando-se para encará-lo de frente. Seus olhos azuis, os mais belos que ele já vira, fixaram-se nos dele.

- Tenho, - ela afirmou com convicção.

- Por quê? Por que não podemos ficar juntos?

Colocando suavemente a mão em seu rosto, ela suspirou antes de responder:

- Colin, já discutimos isso antes... Em algumas semanas, estarei me mudando para a Irlanda. Vou passar três anos lá para me formar em jornalismo. Você sempre quis viajar, conhecer o mundo. Acho que chegou a sua vez.

- Mas não precisamos terminar por causa disso, - disse ele, segurando a mão dela e trazendo-a até os lábios para beijá-la. - Podemos ter um relacionamento à distância. Você pode vir visitar nas férias, eu posso dar uma pausa nas minhas viagens... posso ir para Dublin... podemos fazer isso funcionar, Pen. Não precisamos nos afastar.

Penélope sorriu enquanto admirava o homem que amava, acariciando seu rosto, sentindo a textura da barba rala fazer cócegas em seus dedos. Ela suavemente traçou o contorno de suas bochechas, deslizando a mão pelo nariz até chegar aos lábios. Fechando os olhos brevemente, ela o beijou suavemente uma, duas, três vezes, até que Colin a segurou pela nuca e aprofundou o beijo.

Ele não queria deixá-la ir, como se ao soltá-la, o momento mágico pudesse se dissipar com palavras indesejadas. Mas com as mãos no peito dele, Penélope se afastou.

- Você foi o meu primeiro em tantas coisas, Colin. Meu primeiro beijo, minha primeira vez... meu primeiro amor. E eu também fui a sua primeira - ela sorriu. - Tivemos muitos momentos felizes, mas agora eu quero que você realize seus sonhos. Assim como eu sempre quis estudar jornalismo, você sempre quis viajar. Chegou a hora de você viver a sua vida.

- E por que não podemos fazer isso estando juntos? - questionou Colin.

- Porque eu quero que você seja livre, - respondeu Penélope com ternura. - Não quero que você viaje pelo Mediterrâneo preocupado com obrigações que tem com a sua namorada. Quero que você aproveite cada experiência que surgir diante de você.

Colin não conseguiu evitar o ciúme e a desconfiança em sua voz quando perguntou:

- Você está dizendo isso porque quer ficar com outros rapazes, é isso?

Penélope o encarou e uma sombra de mágoa atravessou seus olhos. Sem dizer uma palavra, ela tentou se levantar da cama, mas ele foi mais rápido e segurou seu braço.

- Me desculpe! - ele implorou.

Ela o olhou com tristeza e ele baixou a cabeça, envergonhado.

- Não acredito que você está insinuando isso...

Todos os caminhos levam a vocêWhere stories live. Discover now