Caindo do cavalo

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Notas:
Oi!
Faz tempo que não apareço aqui.
Infelizmente, Verdade ou desafio vai ficar parada um pouco. Não desisti dela, só não estou conseguindo escrever agora.
Em vez disso, estou publicando essa fanfic que será curta, mas intensa.
Espero que aproveitem.

****

Colin sempre se orgulhou de possuir uma memória excepcional. Era capaz de relembrar cenas do seu passado com uma clareza impressionante e descrevê-las com um nível de detalhes que encantava a todos. Talvez tenha sido essa habilidade que o inspirou a se tornar escritor, afinal de contas.

Naquele dia, ele estava imerso em recordações do passado, especialmente do momento em que conheceu Penelope Featherington, seu primeiro amor. A ocasião era a data de aniversário da morte de seu pai, Edmund. Já faziam quatro anos desde que o patriarca da família Bridgerton havia falecido em decorrência de um choque anafilático causado por uma picada de abelha.

A atmosfera na casa era calma, quase solene, como sempre ocorria próximo à data de aniversário da morte de seu pai. A mãe de Colin, Violet, costumava ocupar-se na cozinha, dispensando os empregados e preparando pessoalmente as refeições do dia. Era uma espécie de distração para ela, uma maneira de amenizar a dor da ausência do marido, especialmente naquela data tão carregada de significado.

Os irmãos, em sua maioria, compartilhavam a mesma postura reservada e absortos em seus próprios pensamentos enquanto tentavam levar a vida cotidiana. O único momento em que se reuniam era durante o jantar, mas mesmo nessa ocasião o silêncio predominava enquanto todos se alimentavam. Desde a morte do pai, esse era o padrão estabelecido na casa Bridgerton e o aniversário de seu falecimento, acrescentava uma sombria atmosfera à residência.

Naquele dia específico, Colin recordava-se de estar assistindo a um jogo de futebol na sala de estar quando uma voz desconhecida interrompeu sua concentração.

Curioso, ele virou o rosto e deparou-se com sua irmã Eloise acompanhada por uma garota. Naquele instante, o nome da menina ainda era desconhecido para Colin, mas sua mente capturou vividamente a imagem dela: um vestido amarelo cítrico que contrastava com seus cabelos ruivos soltos, e uma estatura baixa e rechonchuda. Ele a descreveria como um adorável pacotinho ruivo por muitos anos seguintes. Os olhos claros e deslumbrantes em um tom azul observavam o ambiente com curiosidade e, finalmente, pousaram em Colin, que estava completamente virado para a entrada da casa.

- Ah, e aquele ali é meu irmão Colin, - apontou Eloise. - Como eu te disse, tenho vários, mas você não precisa se preocupar em decorar todos os nomes agora. A boa notícia é que estamos organizados em ordem alfabética para facilitar.

A garota ouvia atentamente e continuava observando Colin até perceber que ele também estava olhando para ela. Quando seus olhares se encontraram, suas bochechas branquinhas rapidamente ficaram coradas, denotando uma expressão de vergonha. Ela baixou os olhos e distraiu-se, brincando com a barra do vestido como se estivesse fascinada pelos detalhes. Colin achou aquilo a coisa mais adorável do mundo e, espontaneamente, levantou-se e dirigiu-se até onde sua irmã estava.

- Amiga nova? - perguntou ele, ao se aproximar.

- Ah, oi, Colin! Essa é Penélope. Ela será nossa vizinha. A família dela se mudou para nossa rua ontem, - explicou Eloise.

Colin estendeu a mão para cumprimentá-la, e Penélope ergueu o olhar para ele, apertando sua mão. O rubor ainda coloria suas bochechas, mas seus olhos azuis pareciam sorrir timidamente.

- Oi, Penélope. Eu sou o Colin. Muito prazer, - cumprimentou ele.

- Eu já disse o seu nome a ela, bobão, - comentou Eloise, mas Colin ignorou a irmã.

- Oi, Colin. Muito prazer também, - respondeu Penélope como se não tivesse ouvido a amiga falando.

Colin envolveu sua mão pequenina em um aperto rápido. Ela tinha a pele macia e quente. Eloise virou-se para a amiga e anunciou que iria buscar a comida para que as duas pudessem fazer um piquenique no jardim. Assim que Eloise saiu da sala de estar, os dois ficaram sozinhos.

Colin decidiu preencher o silêncio com uma piada. Ele tinha esse talento peculiar de soltar piadas sem graça nos momentos de silêncio.

- Você sabia por que uma plantinha não conseguiu ser atendida no hospital, Penélope? - perguntou ele, com um sorriso contido.

Ela pareceu surpresa por ele ter se dirigido a ela e respondeu, com sua voz baixinha e tímida:

- Não...

- Porque lá só tinha médico de plantão, - respondeu Colin, segurando o sorriso no final da piada.

Penélope abriu a boca duas vezes, confusa, até que o entendimento iluminou seu rosto e seus olhos se arregalaram levemente, seguidos por uma explosão de risadas. O som de sua gargalhada ecoou pela casa silenciosa e envolveu o coração de Colin. Uma mistura de surpresa e adrenalina percorreu seu corpo, deixando-o momentaneamente fora de órbita, como se tivesse caído de um cavalo.

A piada nem era tão engraçada, mas a risada de Penélope era genuína. Naquele momento, Colin não tinha ideia de que, anos mais tarde, consideraria aquele som de riso como um de seus favoritos.

Penélope continuava rindo, intensificando o rubor em suas bochechas. Incapaz de resistir, Colin se juntou a ela em um coro de risadas. Eloise voltou à sala, acompanhada pela mãe, com uma expressão desconfiada ao ver os dois gargalhando.

- Do que estão rindo? - indagou Eloise.

- Seu irmão contou uma piada... muito engraçada - respondeu Penélope, com os olhos levemente marejados, tentando recuperar o fôlego.

- Sério? Eu nem sabia que ele tinha senso de humor, - retrucou Eloise, e Colin fez uma careta para a irmã. Em seguida, Eloise prosseguiu: - Mas enfim, Penélope, essa aqui é minha mãe, Violet Bridgerton.

- Olá, querida. Seja bem-vinda - cumprimentou Violet com um sorriso caloroso.

Penélope estendeu a mão para cumprimentar Violet, que prontamente a recebeu. Ainda sorrindo por causa da piada sem graça de Colin, ela contagiou Violet com seu riso, provocando um sorriso de volta. Foi nesse momento que a matriarca da família Bridgerton percebeu o quão maravilhosa era Penélope Featherington. Em questão de minutos, ela já estava arrancando sorrisos de dois de seus filhos.

Sorrir, especialmente naquele dia, não era algo frequente na residência Bridgerton, mas aquela pequena garota ruiva parecia ter chegado para mudar essa realidade.

- Penélope, querida, por que não fica para o jantar conosco? - convidou Violet de forma inesperada.

- Se não for incômodo...- respondeu ela, hesitante, como se não quisesse se impor na vida daquela família tão rapidamente.

- Oh, claro que não. Você jantará conosco, - assegurou Violet. Ela se voltou para o filho. - Vá chamar seus irmãos e peça para se arrumarem para descer. Quero todos bem vestidos à mesa. Teremos um belo jantar hoje.

E, de fato, assim foi.

Pela primeira vez desde o falecimento de Edmund, a família Bridgerton compartilhou uma refeição com alegria e satisfação. Durante o jantar, todos conversavam, riam e brincavam uns com os outros, como costumavam fazer no passado.

Enquanto saboreava a comida, Colin olhou para o lado e viu Penélope envolvida em uma animada discussão sobre literatura com Benedict e Eloise. Ela falava com entusiasmo, suas bochechas coradas enquanto movia os lábios rapidamente. Ela nem sequer imaginava que era a responsável por aquela mudança repentina de atmosfera no jantar da família dele.

Ao comer pela terceira vez naquela noite, Colin sorriu e refletiu sobre o fato de que tinha a sensação de que Penélope se tornaria uma parte muito importante de sua vida.

Ele só não tinha ideia de quão significativa ela se tornaria.

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