𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚅𝙸𝙸𝙸

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"Tʜᴇ Pᴏᴛɪᴏɴs Mᴀsᴛᴇʀ"

A sala comunal da Corvinal era ampla e circular, e muito arejada. Graciosas janelas em arco pontuavam as paredes, ladeadas por reposteiros de seda azul e bronze e, agora pela manhã, Ayla confirmou o que tinha pensado de noite. Havia uma vista espetacular das montanhas ao redor.

O teto era abobadado e pintado com estrelas que se repetiam também no carpete azul-escuro. Havia mesas, poltronas e estantes e, em um nicho na parede oposta à porta, uma alta estátua de mármore branco. Ayla se sentiu em casa naquela sala confortável.

Saindo de lá pela porta com uma aldrava de bronze em formato de águia, Ayla e Jessica, que a morena agora chamava de Jess, se encontraram no lado oeste de Hogwarts, descendo uma longa escada em espiral.

- Aquela ali é a herdeira Black, né? - Jess perguntou.

- Onde?

Ayla se xingou mentalmente por perguntar de forma tão rápida.

- Ao lado da garota de cabelos loiros curtos.

A morena visualizou Kate, com a expressão entediada de sempre, junto da garota que ela havia visto a ruiva conversar no Salão Principal ontem. Segurou a vontade de ir atrás dela e perguntar o motivo de ter escondido tudo aquilo, mas não tinha coragem.

Viu que a garota estava numa situação parecida com a de Harry, com murmúrios e seguindo ela, apenas para vê-la. Se Kate estava desconfortável, não parecia.

No início foi difícil achar suas aulas, porque havia cento e quarenta e duas escadas em Hogwarts, largas e imponentes; estreitas e precárias; umas que levavam a um lugar diferente às sextas feiras; outras com um degrau no meio que desaparecia e a pessoa tinha que se lembrar de saltar por cima.

Além disso, havia portas que não abriam a não ser que a pessoa pedisse por favor, ou fizesse cócegas nelas no lugar certo, e portas que não eram bem portas, mas paredes sólidas que fingiam ser portas. Era também muito difícil lembrar onde ficavam as coisas, porque tudo parecia mudar frequentemente de lugar. As pessoas nos retratos saíam para se visitar e a morena tinha certeza de que os brasões andavam.

Os fantasmas também não ajudavam nada. Era sempre um choque horrível quando um deles atravessava de repente uma porta que a pessoa estava querendo abrir. Helena Ravenclaw era um amor e ficava sempre feliz de apontar a direção certa para os alunos de Corvinal, mas Peeves, o Poltergeist, representava duas portas fechadas e uma escada falsa se a pessoa o encontrasse quando estava atrasada para uma aula.

Ayla realmente estava irritada com Peeves.

Ele despejava cestas de papéis na cabeça das pessoas, puxava os tapetes de baixo de seus pés, acertava-as com pedacinhos de giz ou vinha sorrateiro por trás, invisível, e agarrava-as pelo nariz e guinchava:

"PEGUEI-A PELA BICANCA!"

Pior que o Poltergeist, se é que era possível, era o zelador, Argus Filch. Ayla não o encontrou muito, mas com certeza ele já não gostava dela, considerando que ele ameaçou levá-la para as masmorras por encostar na gata dele. Outro arrependimento considerando o arranhão em sua mão, agora já limpo e tratado.

Filch tinha uma gata chamada Madame Nor-r-r-a, como quem ronrona, um bicho magro, cor de poeira, com olhos saltados como lâmpadas, iguais aos de Filch. Ela patrulhava os corredores sozinha. Se alguém desobedecesse a uma regra em sua presença, pusesse o dedão do pé fora da linha, ela corria a buscar Filch, que aparecia, asmático, em dois segundos. Filch conhecia as passagens secretas da escola melhor do que ninguém (exceto talvez os gêmeos Weasley) e podia surgir de repente como um fantasma. Os estudantes a detestavam e a ambição mais desejada de muitos era dar um bom pontapé em Madame Nor-r-ra. E agora Ayla podia se colocar nessa lista com certeza.

𝐓𝐡𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐋𝐨𝐬𝐭 𝐖𝐢𝐭𝐜𝐡𝐞𝐬 | 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝟏Where stories live. Discover now