Estrelas são só mais um pedaço de falsa esperança açucarada pelos que mais te enojam aguardando pelo territorial fincar mortífero da bandeira. Com a tonelada de livros que diz ter degustado com o peito tão inflado, é o mínimo que deveria saber. Não as ame, não aja maldosa ou retruque quando esfrego a verdade explícita nessa sua cara branca e nariz empinado, não as ame! Elas explodirão nesse seu rostinho esnobe quando menos esperar.
Couffaine é um espectador a admirador, ele tem um telescópio e não faz ideia do quão letal admirar demais será. Marinette é uma estrela.
Não tento manipular ninguém, perceba: A amo e a olho em todas as esquinas que deixou seu rastro e seu perfume de cereja pairando pelo ar. Estive a perseguindo do primeiro mandato até o final da dinastia, desde a primeira batalha até a última vitória, desde o primeiro talismã até a destruição do último mal de Paris. Suspiro enquanto admiro o reluzir da guitarra, se eu aparecesse na festa você me teria? Iria me querer? Ou eu seria forçado a destruir todas as cordas e acordes caso quisesse um olhar, mesmo que de pena?
A doce estrela que me apelidou de Robin Hood pelas rosas que sumiam aqui e ali dos quintais dos mais endinheirados e subitamente renasciam onde um pingo de euforia a mais se fazia necessário, a doce estrela que observava suas similares junto a mim na varanda, a doce estrela que me trouxe até si e se recusa a eclodir completamente em frente a meus olhos.
Minha escova abriga um emaranhado gigante de cabelos loiros expulsos da raiz em momentos de raiva, raiva do não entender: Sou brusco e careço de algumas coisas, porém sei plenamente como devo olhar seus olhos azuis, reconheço como devo falar a fim de não te deixar transbordar, sei de quase tudo e o que não sei mantenho em colas nas unhas para as provas de inglês ou dissipo-me em redenção a possessividade do que é impossível de compreender. É impossível de compreender suas preferências, Marinette.
Estou mais que disposto a expor minha pele intocável, debruçar-me e ficar refém de ti por quantas horas sejam suficientes para sua felicidade, mais que disposto a quebrar minha cabeça com passos de dança para bailes, mais que disposto a sacudir seus ombros todos os dias para te puxar de volta à realidade.
O que um saco guitarrista de cabelos tingidos tem que eu não tenho?
Estarei contentando a mim mesmo com as noites escuras de sábado, dia típico dos parisenses loucos por sorvete e amor. Aguentarei a dor de ser aberto e dilacerado por dentro enquanto as semanas vão e vem, encontrando conforto na ansiedade dos erros, na ânsia de que uma rachadura se abra o mais rápido possível.
Um deslize seu e o Robin Hood aqui vai realizar a maior ladroagem da vida.
Um deslize seu e estará enraizado no labirinto de memórias. Um deslize seu e não haverá mais segunda chance. Um deslize seu e a garota será minha.
