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Início de jornadas e alguns dramas

{passado

O pequeno Beomgyu comia com as outras crianças no refeitório do orfanato, era um espaço com muitas mesas e cadeiras, onde as crianças se juntavam para fazer suas refeições. Soobin estava sentado na cadeira ao seu lado, comendo verduras enquanto Beomgyu olhava com nojo para os tomates de seu prato, se preparando para pedir que Soobin os pegasse para pôr em seu prato. 

— Soobin — chamou o amigo, baixinho com uma das pequenas mãos ao lado da boca. — Você pode comer os meus tomates? 

— Você deveria ter dito antes — ele respondeu, mas olhou em volta, para ver se a Sra. Moon não estava por perto. Ele então logo puxou as três rodelas de tomate para seu prato, comendo rapidamente. — Não entendo porque você não gosta de tomate. São tão gostosos. 

— São horríveis! — disse de forma exagerada. 

Quando finalmente terminou de comer, Beomgyu se levantou, indo até a sala de filme. Aquele dia era uma sexta-feira, e a Sra. Moon gostava de fazê-los assistir a um filme antes de dormirem, mesmo que em pouquíssimas vezes fosse um filme bom. Eles assistiam em uma sala com sofás e poltronas, ainda que alguns deles tivessem que sentar no tapete, pois não tinha espaço suficiente. 

Quando todas as crianças e jovens escolheram seus lugares, a Sra. Moon disse qual seria o filme. Era um tal de "Os embalos de sábado à noite", um musical com um ator o qual a Sra. Moon gostava bastante. Beomgyu, com seus sete anos, não se sentiu tão animado com o filme, mas, sentado no braço do sofá, ao lado de Soobin, preferiu fingir que estava minimamente contente, já que seu amigo pareceu feliz por ser um musical. Como sempre, Soobin gostava de dança e música. 

Assim que o filme começou todos ficaram em silêncio, alguns minutos se passaram até Mi Sun, uma menina que Beomgyu quase nunca conversava, já que era nova no orfanato, falou:

— Eu já vi esse filme com meu pai — ela disse, tristonha. 

O pai dela foi encontrado sem vida em casa, e sem nenhum outro parente que poderia ter entrado em contato, ela foi levada até o orfanato. Mesmo que tenha ficado com pena por ela ter que se lembrar de um momento ruim, Beomgyu sentiu uma pontada de inveja dela. Pelo menos lhe sobraram as lembranças felizes com seu pai, pois ele queria ter alguma lembrança, qualquer uma, sobre qualquer coisa. Um filme que assitira com seus pais, ou uma comida que preparavam para ele, mas Beomgyu chegou lá tão novo que as lembranças o deixaram como se não existisse antes disso.

Beomgyu sentiu os olhos arderem como se estivesse prestes a chorar, triste em lembrar daquilo e por ser uma criança tão sensível. Passou suas mãos pequenas no rosto, a fim de acabar com aquela vontade terrível, os olhos quase marejados com as lágrimas que começavam a sair. Sentiu a mão de Soobin tocar seu braço, parou de esfregar seu rosto imediatamente, o observou entrelaçar seu braço ao dele. Beomgyu não sabia se ele percebera a situação, os olhos de Soobin ainda estavam vidrados no filme, mas ficou feliz por ter se distraído com o gesto do amigo.

Naquele mesmo dia, enquanto todos voltavam para os seus quartos, Beomgyu se surpreendeu quando ouviu batidas na porta velha de seu quarto. Aquele “toc toc” familiar que só Soobin fazia, já havia decorado como ele sempre batia da mesma forma, Beomgyu achava engraçado. Desceu da cama com cuidado e abriu a porta devagarinho para não chamar a atenção da Sra. Moon, encontrou Soobin encolhido em frente a porta, eles olharam em volta e Soobin entrou quando Beomgyu abriu espaço.

— A Sra. Moon disse que ia vir aqui em alguns minutos — Soobin disse quando Beomgyu fechou a porta. Eles se sentaram juntos na cama de Beomgyu, sua escrivaninha estava com poucos livros, mas ele sabia que não leriam livros naquele momento. — Fiquei com medo de que ela me pegasse ali na frente.

Tinnitus | Taegyu Where stories live. Discover now