Além do mais, a bebida escarlate o ajuda a perder o interesse pelo seu agressor - que parece tê-lo esquecido também - e a relaxar um pouco mais.

Ainda assim, Harry está longe de se sentir confortável. Ora essa, ele está entre pessoas parcialmente desconhecidas e qualquer disposição para socializar é inibida pela sensação de que todos ao redor o tratam com simpatia apenas por causa da irmã. 

Até porque, salvo por dois ou três que costumam sorrir para ele ao encontrá-lo por aí, o resto nunca demonstrou ter se dado conta de sua existência.

Sem problemas. Ele não se sente ofendido e nem diria que são um bando de falsos. Só não são a sua turma, então tudo bem ficar quieto.

Entretanto, isso muda ao receber um pouquinho de atenção.

– Você não tava numa escola de padres? - quer saber Jimmy.

Harry entende porque grande parte das garotas do vilarejo, em algum momento, já se apaixonaram por ele. 

Jimmy é lindo. Seu rosto é delicado e sua pele negra reluz com um brilho natural.  Seus músculos robustos, mas não intimidantes. Ele exala um cheiro bom. Além disso, sua boca está sempre curvada num sorriso maroto.

O curioso é que a febre Jimmy - Harry assim nomeou o fenômeno - já acometeu Gemma… que hoje namora Jesse, gêmeo não-idêntico dele.

Ambos fazem sucesso entre as meninas pois, apesar de não serem cópias perfeitas um do outro, as diferenças são tão sutis que passam despercebidas à primeira vista. 

O que mais destoa entre eles é a personalidade: Jimmy se comporta como um pavão e Jesse está mais para um flamingo, ou um cisne. Enquanto um é belo e elegante, o outro é exuberante.

Por isso, Harry também entende porque Gemma acabou se envolvendo com Jesse. Jimmy é o mais atraente, mas o irmão é a escolha mais segura para algo mais sério.

– Estava - concorda ele acenando com a cabeça.

– O que pensariam de você tomando vodka, huh?

O garoto dá de ombros – Não sei - e então argumenta: – Olha, lá a gente tomava vinho toda semana, então acho que eles não iriam se importar muito com isso.

Jesse arqueia as sobrancelhas e solta um: – Não brinca. Quem diria. Então você gosta mais de vinho? Por que não pegou uma dose? Tem umas duas garrafas no cooler.

Harry ainda se nega a tomar vinho. Não gosta de como bagunça seu corpo, de como o faz arder incomodamente.

Não é o caso da vodka diluída.

– Ah, não, tô bem com isso aqui - Harry diz, no entanto.

– Já experimentou virar um shot?

Harry por um instante reluta em dizer a verdade. Preocupa-se que Gemma vá relatar tudo para os pais quando chegarem. Receia que fiquem bravos por isso.

Mas ela não contaria, não é? 

Apesar de ela só bebericar o copo e ir jogando o resto fora esporádica e disfarçadamente, o irmão tem a acompanhado fazer isso desde que chegou, foi ela quem o convidou para vir e sibilou "não sou sua mãe" quando ele lhe lançou um olhar de dúvida antes de aceitar o copo que tem em mãos.

– Na verdade, sim. Uma vez. Foi terrível.

– A segunda é melhor, quer ver? - Jimmy não espera que responda – Dan, trás aqui a vodka. O irmão da Gemma quer virar um shot. 

Harry não reclamaria de outra dose com suco - ele só não quer beber até vomitar -, no entanto, vodka pura não lhe soa muito atraente. Mas com esse holofote jogado sobre si, ele não se atreve a dar pra trás.

immaculate sin of the lovers • L.S.Where stories live. Discover now