A vida normal de um garoto normal

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Peter acordara em seu quarto com uma leve confusão em sua mente. Os raios de sol tentavam romper as barreiras das cortinas fechadas, mas falharam ao adentrar o ambiente. O quarto estava levemente bagunçado, com roupas espalhadas pelo chão, livros sobre a mesa e algumas teias de aranha que predominavam o local como abandonado e até mesmo sujo.

Podia-se ouvir os gritos agitados das crianças pela vizinhança, o Queens era um dos bairros mais simples e mais aconchegantes da cidade de Nova York mas Peter não estava sentindo aquele sentimento de vigor naquele horário. Ele percebeu que teria que recomeçar sua rotina; ir para o colégio.

Ao se levantar da cama, ele se deu conta de que ainda estava vestido como Homem-Aranha, e isso o fez esboçar um sorriso falso.

— Tá, eu acho que essa não é a primeira vez que isso acontece. — disse consigo mesmo. Rapidamente, Peter se apressou em se trocar, pegou as primeiras roupas que viu pela frente, sem se importar muito com o estilo ou a combinação.

Enquanto vestia as roupas, ele notou sua mochila ali perto, junto com seus remédios. Uma onda de emoções o atingiu, lembrando-o de que sua vida estava longe de ser apenas a luta contra o crime. Mas ele sabia que não podia se permitir afundar na melancolia, afinal, as responsabilidades de um jovem na idade dele o chamavam.

Com a mochila agora contendo seus remédios e outras coisas que precisava para o dia, Peter desceu as escadas, encontrando sua tia, May, sentada na sala, conversando ao telefone. Ela parecia preocupada.

— O aniversário do falecimento do Ben é daqui umas duas semanas, curiosamente um dia depois da formatura do Peter…

A expressão de ânimo de Peter ao ver sua tia se desfez naquele momento.

— Como vai ele!? Estamos indo… ele não vai mais nas consultas, algumas semanas, por conta da nossa renda, tem dias que me sinto culpada em não conseguir pelo menos pagar a psicóloga para ele.

Ouvir aquelas palavras trouxe uma dor familiar ao coração de Peter, que sabia que também era responsável pela dor de sua tia.

Quando ele apareceu na sala, May cortou o assunto imediatamente, "Ah, Peter, querido, estou com alguém no telefone, posso falar com você depois?", disse ela, tentando ser discreta. Peter fingiu estar descendo as escadas só naquele momento para dar uma chance da May encerrar a conversa, e com um sorriso, assentiu para sua tia, indicando que tava tudo bem, eles falariam depois.

Quando a ligação finalmente encerrou, os olhos de May se encontraram com os de Peter, e ela notou o sorriso forçado em seu rosto.

— Bom dia, tia May!  — Disse Peter forçando um pequeno sorriso que se foi logo em seguida.

— Tudo bem? Que carinha é essa? Quer conversar sobre alguma coisa? — perguntou ela, com todo o amor e preocupação. — Está com problemas com os remédios de novo?

— Não! Claro que não! — Interrompeu Peter. — Eu não tenho problemas de vícios com medicamentos faz um tempo, eu só tô meio cansado.

Peter hesitou por um momento, mas decidiu guardar seus próprios problemas para si mesmo, pelo menos por enquanto. Ele se aproximou de May e a abraçou carinhosamente.

— Estou bem, tia May. Apenas enfrentando algumas coisas, mas vou ficar bem. E você, como está lidando com tudo? — respondeu ele.

May sorriu, sentindo-se grata pelo carinho de seu sobrinho. — Um dia de cada vez.

Naquele momento, os dois se sentiram conectados por algo além dos laços familiares. Eles compartilhavam uma compreensão profunda, mesmo sem dizer todas as palavras em voz alta. May sabia que Peter carregava um fardo pesado como seus sentimentos e ela faria de tudo para ajudá-lo.

O MARAVILHOSO HOMEM-ARANHA Where stories live. Discover now