Avatar: O Caminho Da Água - O Cavaleiro Tulkun

Sentimentos Pós Bronca e Retorno De Uma Velha Amiga

Lo'ak se ligou a Payakan, o "tulku assassino", o pária, causando um grande alarde em todos, principalmente em Tonowari, Ronal e Jake. A bronca por ter se conectado a um pária doeu, mas ouvir de seu próprio pai o quanto ele era uma decepção, uma vergonha para a família, doeu muito mais, sobretudo, porque ninguém ali estava sequer tentando entender a situação em que o jovem Sully se encontrava. Quer dizer, ninguém exceto ela, a jovem Metkayna de olhos cristalinos, cabelos cacheados e sorriso brilhante, Tsireya. Como estava sendo desde o momento em que chegou em Awa'atlu, Tsireya estava do seu lado, ela não o ignorava ou maltratava como os outros, ela não o julgava por tudo, diferente dos outros, ela ouvia ele, ela compreendia ele, ela via ele; talvez até mais do que sua própria família. Porém, dessa vez nem mesmo ela pôde apaziguar o fervor de seu descontentamento e frustração; ele fingiu que conseguiria deixar para lá, para não preocupar ainda mais a pobre menina, mas sabia que não conseguiria esquecer tão fácil, ainda mais quando o motivo de seu incômodo ainda estava lá, caçando tulkuns em algum lugar talvez não tão distante em mar aberto; desdenhando de sua palavra para outros; ou simplesmente andando pelo marui de sua família com cara de quem comeu fruta azeda.

Dessa vez, a injustiça não afetava apenas o caçula Sully, afetava também o jovem trio Metkayna, Tsireya, Rotxo e Aonung, por não terem interferido quando puderam, mesmo que não mudassem sua decisão; afetava seu irmão mais velho, Neteyam, por não tê-lo controlado mesmo sabendo que não poderia ter feito nada para impedi-lo; e por fim, afetava Payakan, talvez o mais injustiçado de todos, por ter que conviver diariamente com o julgamento daqueles que o culpam pelas mortes causadas pelo Povo Do Céu, à quem eles sequer ligam para as maldades que fazem. Lo'ak estava cansado de tanta injustiça, mas sabia que se apenas mostrasse um pouco de seu descontentamento para com a situação atual, poderia prejudicar ainda mais a imagem de sua família nos recifes, além de ser ainda mais castigado pelo pai; então por hora, tudo o que ele poderia fazer era deitar de frente a varanda de seu marui, e observar o céu estrelado em contraste com o mar, rezando para Eywa lhe ajudar a superar isso. Mal sabia ele que a resposta para suas orações viria na forma de uma pessoa do Povo Do Céu, que estava esse tempo todo vendo tudo de longe.

Mais tarde naquela noite, enquanto todos dormiam, Lo'ak ainda brigava com o sono, tentando inutilmente desligar seus pensamentos e dormir, isso até algo inusitado chamar sua atenção: um ponto de laser verde se movendo na esteira a sua frente, próximo a sua mão. O jovem Sully esfregou os olhos confuso, mas quando se acalmou e confirmou que não estava vendo coisas, arregalou os olhos ao ver que já conhecia os padrões de movimento do laser, afinal eram exatamente os mesmos que ele e seus irmãos costumavam usar para brincar com uma grande amiga, quando ainda viviam na floresta.

- Não pode ser...

Ainda desacreditado, Lo'ak seguiu o laser até a ponta do marui, e olhando para as rochas que beiravam a mata, ele pôde ver uma figura pequena, que por sua pele clara se destacava na rocha escura em que estava sentada, usando máscara de ar e balançando uma caneta de laser em sua direção, fazendo sinal para que ele se aproximasse em silêncio, o que ele fez rapidamente.

- Olha só o que a maré trouxe. - diz ela sorrindo.

Para Lo'ak ainda custava um pouco acreditar em seus olhos. Depois que sua família deixou a floresta ele nunca pensou que acabaria revendo a garota à sua frente. Seus pais nunca souberam que Spider não era o único adolescente humano que ele e seus irmãos conheciam, eles eram muito bons em guardar esse segredo. Catrina, ou La Muerte, como havia sido apelidada, veio para Pandora de forma clandestina, escondida na nave que trouxe seus irmãos mais velhos, logo antes da batalha que expulsou os humanos de volta para a Terra, sendo não só a humana mais jovem a usar criogenia para uma viagem espacial, mas também a que usou mais vezes em pouco tempo, passando por períodos periódicos de "hibernação criogenica". Por isso e por alguns tratamentos para aumentar sua resistência física para suportar melhor as condições desse planeta, envelhecia mais lentamente, de modo que mesmo tendo chegado em Pandora com 15 anos, envelheceu o equivalente a 3 anos enquanto acompanhava o crescimento das crianças Sully durante seus 14 anos em Pandora.