📍São Paulo
Camille Brandão.
— Então, eu não vou conhecer sua casa nova não? — pergunto me olhando no retrovisor.
— Vai. — ouço a risada dela.
— Quando? — ajeito os cabelos que o vento bagunçou e olho pra ela.
— Agora! — ela grita empolgada.
Avisto o condomínio de luxo bem a nossa frente e só acredito quando entramos, eu sei que o marido de Lea é rico mas não imaginava que era tanto. Eu lembro que quando eles casaram no fim do ano passado ela me disse que a futura casa deles estava em reforma, mas eu não imaginava que fosse aqui. É um condomínio com prédios chiquérrimos e logo nós estávamos estacionando e indo em direção ao elevador.
— Eu moro no 207. — ela disse quando o mesmo abriu.
E nós seguimos pro 207 que é um apartamento enorme, todo mobiliado e luxuoso. A gente sempre viveu bem mas nunca desse jeito, depois que nossos pais morreram a gente dividiu um apê juntas que é onde eu moro atualmente. Ela me mostrou o quarto de hóspedes que é onde eu vou dormir quando vier aqui e eu fico feliz que ela pense em mim assim.
Ricardo, o marido dela, trabalha muito praticamente o dia inteiro e ele chega tarde em casa, às vezes a gente fica conversando por telefone pra passar o tempo e nenhuma das duas se sentir tão sozinha. Decidimos estrear a cozinha dela antes que a empregada nova comece a trabalhar e eu sugeri um bolo de cenoura com chocolate.
— Como a mamãe fazia... — ela sorriu e eu também.
Começamos a receita e eu noto que estava faltando a farinha de trigo e ela sugere que eu peça ao amigo de Ricardo que mora no 214 e eu fui lá com um potinho morrendo de vergonha. Bato na porta mas não sou atendida e resolvo tocar a campainha, no segundo toque ouço uma voz pedir pra esperar.
E a porta se abre revelando uma empregada.
— Oi, eu sou cunhada do Ricardo do 207 e a Leandra mulher dele me pediu pra pegar um pouco de farinha de trigo emprestada. Fomos fazer um bolo e não tinha o suficiente. — explico timidamente.
— Claro, entre.
O apartamento é incrível e bem decorado, coisa de rico né? Ela enche meu potinho inteiro.
— Ana, você viu a minha camisa azul de botões? — ouço uma voz atrás de mim e me viro.
— Oi Seu Raphael, claro. Vou pegar. — ela corre pra dentro.
— Desculpa invadir a sua casa, eu sou Camille irmã da Leandra que é mulher do Ricardo do 207... peguei um pouco de farinha de trigo emprestada pra um bolo. Tudo bem? — me apresento.
Agora que noto que ele está sem camisa.
Que isso.
Que isso hein?!
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INESQUECÍVEL - Raphael Veiga
RomanceÉ normal de todo ser humano ser um pouco egoísta, agir como se os sentimentos dos outros fossem pouco importantes e como se só a nossa vontade importasse. Mas há também o exagero. Há o excesso de si próprio. Esperta é a mulher que sabe tirar um hom...