CAPÍTULO 3

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Se apresentar em público nunca foi um de seus fortes.
O loiro lembra perfeitamente dos acordos que fazia com colegas na escola para que não tivesse que apresentar trabalhos ou como suas mãos tremiam e a voz parecia falhar quando estava na frente de todos. Em razão disso, sofreu muito com a incompreensão dos professores até que finamente começasse a se acostumar.
Obviamente, se comparado ao Cellbit de 15 anos, ele havia melhorado muito, o que não significava que agora gostava de se expor desta maneira.

Por isso, não conseguia evitar sentir uma inveja branca dos amigos.

Eles se apresentavam de forma fluída e natural, conseguindo mesclar informações pessoais a piadas que faziam todos rirem e interagirem com perguntas.

E ele sabia que não conseguiria fazer isto.

Não quer compartilhar tantas coisas sobre si, mas teme ser taxado como uma pessoa arrogante.
Não quer arriscar ser inconveniente ao fazer piadas.
Quer ser entendido, mas não quer falar demais.

— Cellbo?

Foi tirado de seus pensamentos quando Felps o chamou e tocou seu ombro com cuidado. Rapidamente virou a cabeça e o encarou, logo pressentindo o que o amigo diria.

— É sua vez. 'Se tá de boa?

— Sim. De boa.

Aquelas palavras pareciam ter sido mais para si mesmo do que para o outro. Ele apenas precisava dizer algumas coisas básicas sobre si e então ir descansar. Nada demais.

Levou uma das mãos fechada em um punho até a boca, a cobrindo, e então limpou a garganta. Logo em seguida, ajeitou a postura e ergueu os olhos, se deparando com todos esperando que ele finalmente dissesse algo.

— Bom... Meu nome é Cellbit, eu gosto de enigmas, mistérios, do paranormal, e-...

— Provavelmente vou matar alguém aqui um dia!

Foi interrompido por Forever que imitou sua voz de uma forma cômica, claramente querendo brincar com o amigo. Cellbit era conhecido por ser extremamente cabeça quente, teimoso e orgulhoso. Sendo assim, piadas relacionadas a isto eram normais entre si e os amigos.

Mas desta vez o loiro desejou sumir.

Sabia que o amigo tinha feito aquela piada para o fazer rir e assim se soltar mais. Mas temeu que as pessoas ali tivessem o levado a sério. Afinal, suas cicatrizes, pouca comunicação e expressão séria ajudavam bastante para isto.

— Matar de tiesura, eso si!

O comentário veio alto, levando apenas segundos para substituir os murmúrios por risadas altas.
O loiro claramente ouviu e rápido ergueu os olhos na direção da voz, acabando por mais uma vez conectar as íris azuis as castanhas do garoto com roupas em tons de vermelho e azul.

O que ele havia dito? Não entendeu.

— O que ele disse? O que significa tiesura?

Quebrou o contato apenas para que pudesse questionar Pac, este que estava ao seu lado também rindo. Nunca se incomodou por saber apenas o básico de espanhol, mas agora desejou ser fluente.

— Significa tesão! Ele lançou uma cantada na cara dura!

A resposta o pegou completamente desprevenido. Estava esperando qualquer outra coisa, mas não que a palavra fosse significar tesão.
Primeiro juntou as sobrancelhas e arregalou os olhos, mas logo precisou levar a destra até a boca, cobrindo um sorriso que o escapou seguido de uma risada.

E Roier não pode evitar o achar adorável mesmo com toda aquela aparecia.

— Roier, ni siquiera puedes ver su rostro correctamente desde esta distancia! (Roier, você sequer consegue ver o rosto dele direito dessa distância!)

AMARANTH. [Guapoduo]Kde žijí příběhy. Začni objevovat