Expresso Hogwarts

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Minha família sempre foi tudo pra mim, diferente da maioria dos bruxos, eu nunca estive ansiosa para ir pra Hogwarts, meus pais sempre me incentivaram a ir, me contavam as histórias da época de escola, me diziam quão bom era, mas eu temia ficar longe da minha família, porque eles sempre foram tudo para mim, principalmente meu pai, que viajava praticamente o tempo todo, eu nunca soube o que ele fazia, e nunca senti a necessidade de saber.
Meu pai, Derek Hyland, era um dos bruxos mais respeitados do mundo bruxo, vindo de uma longa linhagem de bruxos famosos, com grandes feitos, mas era uma das famílias mais antigas que não se importava com a pureza do sangue bruxo, meu pai também era membro do conselho de Hogwarts e frequentava jantares de todas as famílias mais influentes do mundo bruxo, sempre fazendo questão de deixar eu e meu irmão em casa, ele sempre disse que éramos "muito jovens para politicagem" e que nós apresentaria aos seus contatos quando terminassemos de estudar, e assim ele fez quando meu irmão se formou. Ele desapareceu em maio, e minha família nunca mais teve nenhuma notícia dele, para o desespero de todos. Eu não conseguia suportar estar em casa sem saber que ele voltaria, então dessa vez, já estava com as malas prontas uma semana antes da volta as aulas e nem fiz questão de ser acompanhada por minha mãe, Eleanor, e meu irmão mais velho, que já se formou em Hogwarts, Ethan. Insisti que não precisava de acompanhante, já que estava em meu sexto ano, e que queria ser independente, então apenas fui deixada na estação pelo motorista da família, e entrei no trem o mais rápido possível, bem cedo, para que eu pudesse escolher uma cabine vazia, e torcer para que ninguém escolhesse me fazer companhia, me deixando apenas com o meu gato, Garfield.
Quando o trem começou a sair da estação, eu ainda estava sozinha e me permiti relaxar um pouco, mas não por muito tempo, já que Draco Malfoy e sua turma um tanto quanto escandalosa, escancarou a porta da cabine, o loiro entrou primeiro, e me olhou de cima abaixo com um olhar de interrogação, pausando ao perceber que pertencíamos a mesma casa de Hogwarts, ele me fitou por mais um momento e disse: "Sonserina? Como pode eu nunca ter te visto antes? Em que ano você está?" - "Sexto" - respondi impaciente, é claro que ele nunca teria percebido a minha existência, eu fazia questão de passar despercebida. Apesar de amar a minha casa, odiava ser associada à pessoas iguais aquelas que acabaram de entrar na cabine. A interrogação no rosto de Draco após a minha resposta, pareceu maior, mas ele rapidamente disfarçou, então, se apresentou - "É curioso que a gente nunca tenha se conhecido, eu me chamo Draco Malfoy, e você é..." - "Elizabeth" - respondi - "Hyland" - completei - "Hyland? Filha de Derek Hyland?" - perguntou Draco. Acenei com a cabeça, concordando com sua pergunta, apenas por educação, tentando fazer com que ele percebesse que eu não queria continuar a conversa. Comecei a reparar em seus pupilos, cochichando sobre algo que parecia muito longe do que estava acontecendo, ou de qualquer coisa que fizesse sentido; Pansy Parkinson, me olhava de cima a baixo com uma expressão de indiferença. Ela, diferentemente de Draco, me conhecia muito bem, discutimos várias vezes no primeiro ano, quando dividíamos  o mesmo dormitório, ela simplesmente odiava meu gato, por alguma razão, e eu em troca odiava ela, certa vez brigamos tão feio que o Professor Snape, diretor da Sonserina, me mudou de quarto e foi lá onde eu conheci minhas amigas. Bem, não sei se posso mais chamá-las de amigas, depois que o meu pai desapareceu,  já no fim do ano letivo, minha mãe pediu para que eu fosse liberada mais cedo das aulas, pois eu já tinha passado em todas as matérias, eu estava muito abalada pela notícia então simplesmente ia para o meu próprio mundo sempre que alguém tentava falar comigo, quando voltei pra casa, recebia cartas todas as semanas, enviadas por minhas amigas, mas não tive coragem de responder nenhuma, até que Emily, minha melhor amiga, ligou para minha casa para saber se eu estava viva, e eu a disse que só queria ficar sozinha, depois disso, as cartas pararam de chegar.
Meus pensamentos foram interrompidos pelas risadas das pessoas na cabine, bem quase todas, reparei que Draco não gargalhava como os amigos, apenas sorria um sorriso amarelo, e parecia estar com os pensamentos longe.
Eu me levantei para ir ao banheiro, mas antes de sair olhei Pansy nos olhos e disse: "Fique longe do meu gato." - não fiquei para escutar sua resposta, sai pelo corredor e fui andando até o banheiro o mais rápido possível, apesar de não querer voltar a cabine e ter que passar o resto da minha viagem com aquela companhia desgastante, não estava a fim de encontrar nenhuma das minhas amigas no caminho, e só o pensamento de Pansy Parkinson, estar na mesma cabine que Garfield, me dava nos nervos.
No caminho de volta a minha cabine, vi Emily saindo de onde estava e vindo em minha direção, felizmente ela não me viu, então entrei na cabine mais próxima para me esconder dela, respirei fundo ao fechar a porta, pude sentir meu coração disparado com a adrenalina, sabia que uma hora ou outra teria que encarar as pessoas que eu tinha afastado de mim por causa do luto, mas ainda não estava preparada para reencontrar as minhas amigas, se é que elas ainda queriam ser minhas amigas. Fui puxada de volta a realidade por um pigarro vindo de trás de mim, me lembrando que que eu havia entrado em uma cabine de trem já ocupada por outras pessoas. Ao me virar dei de cara com quatro pessoas, três das que eu reconheci na hora, Rony Weasley e Hermione Granger, os famosos amigos de Harry Potter, e Luna Lovegood, conhecida como DiLua Lovegood, por causa de suas "loucuras", a quarta pessoa, uma menina ruiva, conclui que fosse a irmã de Rony, a única menina Weasley, mas não me lembrei o nome dela.
"Me desculpem por entrar assim do nada, vocês se importam se eu ficar aqui por um tempo? Prometo que não vou demorar, só estou evitando uma pessoa." - eu disse quebrando o gelo. "A gente se importa sim" - respondeu Rony, impaciente - a menina que eu presumi ser sua irmã, o deu um tapa por trás da cabeça e lhe proferiu um xingamento inaudível, depois se virou pra mim e disse: "Tudo bem, pode ficar." - eu sorri pra ela em agradecimento e prestei atenção nos passos do lado de fora da porta, quando percebi que se afastaram, abri apenas uma fresta da porta e olhei na direção em que Emily se dirigia, ela já havia passado pela cabine e seguia em direção ao banheiro. Aproveitei que o perigo já havia passado, e me despedi das pessoas que estavam na cabine, me virando especialmente para Gina (escutei um deles a chamar pelo nome) e agradecendo por me deixar ficar. Ao sair fechei a porta atrás de mim e pude escutar a fala de Rony: "Gina, você ficou louca? Não viu o uniforme dela? Ela é Sonserina, com certeza veio aqui nos espionar..." - sai sem escutar o resto da conversa, já que por escutar atrás da porta estava dando a ele razão, mas não pude deixar de revirar os olhos a conclusão do menino Weasley, é claro que Sonserina = má.
Me dirigi a minha cabine e por todo o caminho não pude deixar de me perguntar onde estava o líder daquela turma, Harry Potter.
Ao entrar na cabine onde estavam as minhas coisas, a primeira coisa que olhei foi o meu gato, conferi se estava tudo certo com ele e me encostei no banco aliviada. Esperava ficar em silêncio perdida em meus pensamentos, mas ao invés disso vi a porta da cabine sendo aberta e três meninas que eu reconheci na hora me encarando, Emily, Alisson e Claire, minhas amigas e colegas de quarto, estavam a porta me encarando.
"Elizabeth, precisamos falar com você." - disse Alisson - "Não podem esperar até chegarmos à escola?" - perguntei - "Não" - respondeu Emily, seca - "Pegue a suas coisas e vamos agora" - completou Claire. Eu apensas assenti e obedeci, por mais que eu tentasse correr e me esconder eventualmente teria que encarar essa conversa que eu temia tanto, mas no fundo estava aliviada de finalmente ver elas de novo (não mudaram nada), e de finalmente me livrar daquela situação desconfortável tendo como companhia, Draco Malfoy e sua turma. As meninas me ajudaram a carregar minhas malas e quando eu estava prestes a sair Draco se virou para mim e disse: "Te vejo na escola, Hyland."

As Coisas Que Não ControlamosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora