Capítulo 10 - O Medo Da Perda

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ANGELA

Conversa pelo telefone

Angela
Tô quase chegando

Danny
Droga

Danny
Tô preso no restaurante

Danny
Desculpa

***

Eu estava a uma quadra do hospital quando recebi as mensagens do Danny e, mesmo sabendo o quanto Lucas e ele tinham trabalhado nos últimos meses e que eu não deveria ficar brava por ele priorizar o restaurante, eu fiquei chateada, sim.

Já era muito difícil ver o papai no hospital, ter que fazer isso sozinha era desesperador.

Depois de consertar o carro e voltar para casa ontem, eu fiz uma macarronada e vi um pouco de TV na sala, não me deparei com o Xavier em momento algum, acho que ele estava no quarto ou em alguma balada por aí, porque eu continuei sem vê-lo quando saí para pegar o trem de manhã.

Sim, eu poderia ter pedido uma limusine para ir até o hospital com o cartão que o Brad havia me dado, mas pegar o trem para Nova Jersey era relaxante, além disso, gastar dinheiro com esse tipo de coisa ainda era muito estranho para mim.

Já era começo de tarde quando passei pela porta giratória e fui atingida por aquele cheiro distinto de hospital  uma mistura de antisséptico com aflição, peguei o elevador com duas enfermeiras que vestiam um uniforme rosa com roxo, elas deviam ser da minha idade e estavam conversando num tom alegre.

Eu acenei para elas ao sair do elevador, pensando que gostaria de ser tão descontraída quanto elas pareciam ser, eu estava tensa, eu não conseguia nem imaginar o que estava prestes a ver, então comecei a me preparar para o pior.

As placas me conduziram por um corredor e depois por umas portas, até que eu chegasse numa sala de espera, fui até o balcão da recepção.

— Oi - eu disse, esperando que meu tom soasse alegre, otimista, talvez, se eu fosse otimista o bastante, poderia fazer com que aquela pontinha de esperança se tornasse realidade.

— Eu vim visitar o meu pai, Ken Carson.

— Ah, o Ken, ele é um amor, quarto 820, é só seguir o corredor até o final - a enfermeira disse, apontando para trás.

— Depois você vira à direita e entra na primeira porta à direita também.

— Obrigada - eu disse e fiz um movimento em direção ao corredor.

— Ele tá bem melhor - a enfermeira disse enquanto eu me afastava.

— Ele é guerreiro.

Eu sorri e continuei o caminho até o quarto.

Empurrei a porta de leve, enfiando a cabeça pela fresta para dar uma espiada no quarto, foi o bastante para que eu sentisse todo aquele otimismo desaparecer.

Ele estava mais pálido e parecia ainda mais frágil, seus olhos estavam fechados e ele estava em meio a tantos fios e tubos que eu nem conseguia distinguir uns dos outros, dei um passo em direção a ele.

— Pai?

Seus olhos estremeceram um pouco antes de abrir, ele virou a cabeça bem devagar e bem pouquinho, mas o suficiente para me ver ali no canto e um sorriso bem frágil apareceu em seu rosto.

— Minha batatinha - ele disse, com a voz tão rouca que parecia que tinha acabado de fumar um maço de cigarros inteiro.

— Oi - eu falei, tentando lutar contra as lágrimas enquanto ia em direção à cama, eu o envolvi num abraço da maneira mais gentil que pude.

Uma Proposta Indecente - Livro 1Where stories live. Discover now