Capítulo 9 - A Dor De Ontem

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ANGELA

Conversa pelo telefone

Número Desconhecido
Oi, Angela?

Número Desconhecido
É a Betty da Curixon

Angela
Sim?

Número Desconhecido
Assistente do Sr.Kinfold

Angela
Ah, claro

Angela
Como posso ajudar?

Número Desconhecido
Na verdade, acho que eu que
posso ajudar você

Número Desconhecido
Você poderia me encontrar
hoje a tarde?

Número Desconhecido
No Starbucks da rua 54 com a 3

***

Eu estava a uma quadra do Starbucks em que encontraria a Betty, o senhor Kinfold era simplesmente o vice-presidente de uma das mais importantes empresas de tecnologia e eu realmente tinha achado que tinha mandado bem na entrevista. Saí de lá me achando, convencida de que a vaga era minha.

Ele era muito gentil, tinha uma filha da minha idade e falou logo que a minha média de notas era excelente, a gente se deu muito bem, por isso, foi muito estranho receber o e-mail de rejeição alguns dias depois da entrevista, precisei reler algumas vezes para entender, entender que eu não tinha conseguido o emprego, que eu não era boa o bastante.

Mas agora, com a assistente dele vindo falar comigo, eu senti o friozinho na barriga novamente, talvez, o senhor Kinfold tenha percebido o próprio erro e tenha enviado a assistente para pedir desculpas e perguntar se eu ainda estaria interessada na vaga.

Eu respirei fundo para acalmar os nervos abri a porta da cafeteria, deixando um executivo passar antes de entrar no estabelecimento lotado.

Eu olhei em volta e vi vários homens de terno trabalhando em seus notebooks e celulares, com um café ao lado, eu estava tentando lembrar como era a Betty, será que ela tinha cabelo ruivo? Ou era castanho-escuro e cacheado?

Mas, nessa hora, eu ouvi:

— Angela, aqui!

Eu me virei, seguindo a voz até uma mesa pequena no fundo da loja, era um espaço espremido no meio de outras duas mesas, uma com um universitário que fedia a cigarro e outra com uma babá que tentava controlar duas crianças loiras que não paravam quietas, a Betty, que realmente tinha cabelo castanho-escuro e cacheado, estava em pé, com um sorriso cortês no rosto, ela parecia nervosa.

— Oi - ela disse, oferecendo a mão para me cumprimentar.

— É bom vê-la novamente - eu disse, apertando a mão dela, nós duas nos sentamos.

— Obrigada por vir até aqui - ela começou, olhando em volta como se quisesse se certificar de que ninguém ouviria o que ela estava prestes a dizer.

— Eu sei que isso não parece muito convencional e que nós a recusamos no último contato...

E lá vamos nós, eu pensei, eu nunca me esqueceria daquele momento.

— Mas eu queria... eu queria que você soubesse o motivo, o motivo de não ter conseguido a vaga.

— Ah... - eu perdi o foco, claramente decepcionada. Isso não era uma oferta de emprego, era uma análise detalhada de onde eu havia errado.

Uma Proposta Indecente - Livro 1Where stories live. Discover now