0.6 - (Re)Descobertas e óculos novos

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–O que mais me enojou não foi nem a confissão da traição. Mas sim, a forma como ela falou de você, dos meus amigos e da minha família!

Harry estava sentado no sofá da sala de estar da casa Granger. Hermione havia feito um chá para o amigo, que estava muito nervoso, e aproveitou para tomar um também. Logo, se encontrava sentada de frente para ele na poltrona que pertencia a seu pai.

O garoto desabafava sobre o recente ocorrido enquanto Hermione se perguntava como poderia haver pessoas tão cruéis como Ginny. Por outro lado, se sentia aliviada em saber que a máscara da garota havia finalmente caído para o amigo, que mesmo depois do término, continuava acreditando na boa índole da ex.

–Ok, dessa vez a Ginny passou de todos os limites! Estou sem palavras!

–Eu devia ter escutado quando vocês me alertaram sobre ela! -tomou um gole do chá.

–Não pense assim. Quando estamos apaixonados tendemos a ficar dessa forma, cegos, não enxergamos mais nada além daquela pessoa e por muitas vezes deixamos passar seus defeitos!

–Eu não sei se era amor! -sussurou Harry.

–Como? -perguntou Hermione, com uma sobrancelha arqueada, como se tentasse decifrar o que o amigo havia dito.

–Mione, você já se apaixonou ou pelo menos gostou de alguém?

Hermione não podia acreditar que Harry estava mesmo fazendo essa pergunta. Será que durante todos esses anos ele nunca percebeu os seus olhares? Será que ele nunca havia percebido seu comportamento quando ele namorava?

Isso a fez chegar a apenas uma conclusão: Harry precisava de óculos novos!

–Sim, eu gosto de um cara, já faz anos. Mas ele é burro demais pra perceber que o que eu sinto por ele não é só amizade! -respondeu, tomando um grande gole do chá.

Harry se perguntou quem seria esse amigo, já que nunca a viu com nenhum outro garoto além dele e Neville. Mas logo lembrou que a amiga vinha da Pennsylvania e sempre viajava para lá no verão, para visitar seus parentes. Pode ser que ela tenha conhecido um garoto lá em uma dessas viagens e se apaixonado por ele.

No entanto, não sabia explicar para si mesmo o porquê sentiu seu coração doer um pouco ao pensar nessa possibilidade.

–Poxa... espero que algum dia ele perceba! -respondeu Harry, tomando mais um gole do chá.

–Eu também! -respondeu Hermione, colocando sua xícara de volta na mesa de centro.

De repente um silêncio se instaurou no lugar. Harry vageava o olhar pela sala e no final sempre acabava voltando-o para Hermione, que ao perceber o olhar do amigo, abaixava a cabeça ou vageava o olhar pela sala, bem como ele.


Felizmente o clima tenso fora interrompido por Elizabeth, que havia chegado toda sorridente na sala.

–Harry! Que bom ver você querido! -disse a mulher, indo em direção ao garoto afim de abraça-lo.

Elizabeth gostava muito de Harry, desde que o garoto se tornara amigo de Hermione. Ela o considerava um filho, o filho menino que ela nunca teve. Sempre fizera muito gosto da amizade entre os dois, e em seus pensamentos mais profundos, costumava fantasiar um cenário onde Hermione o escolhia como seu amado. Afinal, seria bem melhor ter um amigo como genro do que um desconhecido. Pelo menos, ela pensava assim!

–Oi tia Elizabeth! -sorriu de canto.

–Bom, eu vim avisar que o jantar está pronto. Quer ficar? Eu fiz aquela lasanha que eu bem sei que você gosta!

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