Segunda chance

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O sol lentamente desaparecia do céu, dando espaço ao céu noturno, com a lua em seu centro, iluminando levemente a escura noite que havia chegado.

Nessa noite estranhamente fria e calma, em uma das cabines de um banheiro de uma certa escola, uma garota se encontrava. Seu corpo estava jogado no chão e sangue escorria de sua cabeça, jorrando do ferimento que havia sido causado por seus agressores.

Seus olhos cinzas estavam lentamente perdendo sua cor, enquanto seus cabelos pretos eram banhados no próprio sangue que escapava de seu ferimento.

Me diga... Você pensa que o mundo é injusto? Que as coisas acontecem sem o controle de ninguém e somos incapazes de as mudar ou as prever?

As paredes brancas da cabine pareciam ficar levemente distorcidas conforme a visão da garota se embaçava.

Não... Não é assim que as coisas funcionam. Os acontecimentos desse mundo têm uma razão por detrás dos mesmos. Nada do que acontece é fruto da aleatoriedade. As ações de outras pessoas afetam a vida de outras pessoas, que por sua vez irão, em algum momento, afeta a vida de mais pessoas.

Seu corpo não mais se movia, e a falta do sangue em seu corpo fazia o frio tomar conta de seu coração, como se cada centímetro de sua existência estivesse congelando no frio daquela noite.

Sim... Até mesmo minha situação não foi fruto da aleatoriedade... Alguém decidiu me ver como inimiga e a me tratar com desdém... E eu permiti que isso acontecesse por anos...

Seus olhos se tornavam cada vez mais sem brilho, como se estivessem lentamente deixando esse mundo.

... Sim, não seria errado dizer que a culpa é minha... Eu permiti que me tratassem assim, enquanto abaixei a cabeça e apenas aceitei... O final para essas ações é óbvio...

Conforme seus olhos se fechavam e seu corpo dava seus últimos espasmos de vida, a garota apenas suspirou calmamente, aceitando o frio e a escuridão eterna que a aguardava...

Se eu apenas tivesse outra chance... Não esconderia mais quem sou... E, mesmo que só por um momento, me recusaria a abaixar minha cabeça novamente...

... E dessa forma, em uma cabine de um banheiro, após constantes horas de agressão, a garota pôde sentir seu coração finalmente alcançar seu limite, parando subitamente.

...

......

.........

Diferente do esperado, sua consciência se manteve. A garota era capaz de sentir e ver seus arredores.

Era como se seu corpo estivesse submerso em um espesso e extremamente escuro líquido, que lentamente tomava conta de cada poro de seu corpo, adentrando o mesmo.

Entretanto, estranhamente aquela situação não lhe causava dor, e sim um misterioso sentimento de calma.

Aonde eu estou...?

Se perguntou a garota, notando que era incapaz de mover qualquer parte seu corpo.

Isso... É a morte...?

Um pequeno sorriso escapou de seus lábios enquanto ela sentia seu corpo afundar naquele líquido negro e espesso.

Honestamente... Talvez não seja tão ruim...

Seus olhos se fecharam totalmente, a garota apenas buscava aproveitar aquela sensação... Entretanto, algo no fundo de seu coração era incapaz de aceitar aquela situação, incapaz de aceitar seu fim.

『Você quer viver?』

Apenas... Me deixe descansar...

『Você quer viver?』

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⏰ Last updated: Jul 11, 2023 ⏰

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Mary, A Caçadora De Heróis Where stories live. Discover now