𝕷𝐎𝐒𝐈𝐍𝐆 𝐆𝐀𝐌𝐄

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       Mas não conseguiu se mover. Em seu corpo, o êxtase do toque dele ainda reinava, lhe entorpecendo os sentidos. Estava completamente entregue, inútil.

       Quando o olho de Aemond foi calmamente se abrindo e a íris de um gelado violeta se focou nela, não emitiu emoção alguma. Ele analisou-a, que olhava-o profundamente, por quase um longo minuto, quando enfim proferiu.

       — Estou surpreso que não tenha me matado enquanto eu dormia.

       Não havia ironia. Ele falava sério.

       Visenya lentamente negou com a cabeça. — Eu também estou.

       Ela também fora sincera. Mas, por maior que fosse o absurdo que pronunciava, ele gostava quando ela era sincera.

       — Por que não o fez?

       Ela ponderou sobre aquilo. A explicação era terrível demais. — Eu não quis. Não hoje.

      Não me pergunte por que, implorou. Não me pergunte. Não poderia ser franca com ele quanto a seus sentimentos, mesmo que ele tenha sido com ela. Eu te amo, ele havia dito, mas ela não diria de volta. Suas mãos sobre as rédeas do controle já haviam se fraquejado por tempo demais, e, pelos sete, se admitisse... se ele soubesse o sentimento que causa nela, além do desejo... não haveria mais salvação.

       — Hm. — disse, e sua mão se guiou até a cintura dela, puxando-a para mais perto. — Acho que terei que correr esse risco mais vezes.

       Uma sobrancelha dela foi ao ar. — Quantas vezes?

       — Todos os dias. Soa bom para você?
      
       Soou doloroso, na verdade. Como
uma apunhalada no peito. Pensou em sua fuga mais tarde, e parecia mais amarga do que nunca.

       Doía como um inferno saber que ela precisava abandonar algo, mas que não conseguia porque ainda estava esperando o impossível acontecer.

       Aemond pareceu perceber seu semblante pensativo — Está arrependida, minha senhora?

       — Você está?

       — Estou. Muito arrependido por não ter feito isso muito, muito antes.

      Um sorriso ameaçou brincar em seus lábios, mas ela precisava ser séria. Estava em uma enrascada mental, um dilema existencial, o maior labirinto de todos. E como sairia dele?

       Talvez não quisesse sair.

       — Não. — proferiu firmemente. — Nada de nada. Eu não me arrependo de nada.

       — Então por que parece tão miserável, Visenya?

       Aquela pergunta era séria? Ela ajeitou-se na cama, observando bem o olho do homem com certa petulância. A coberta cobria o tronco dele, deixando seu peitoral desnudo, onde uma mão de Visenya estava apoiada, e ela quase a usou para enforca-lo. Infernos, ela queria atirar um soco em sua face, talvez arrancar seu último bom olho por ser tão desatento a complexidade que era os dois estarem em uma cama juntos. Mas também queria beija-lo, sentir suas mãos passando por suas curvas, sua voz sussurrando seu nome. Que terror era, a dualidade de seus sentimentos.

       — Queria que eu estivesse como, caro marido? Regozijando de alegria? Como se essa situação não fosse a mais problemática possível? — pontuou, óbvia e impaciente. — Ter consumado esse casamento não resolve nossos problemas, em absoluto. É só uma... trégua.

       Uma trégua que está me custando muito caro, ela pensou. No dia anterior, Anya interpretou essa consumação como uma mera forma legítima de dizer adeus a ele, apenas. Enfim entregar-se antes de ir embora para sempre parecia uma maneira muito poética de se partir. Mas agora, nada era como antes. Seus sentimentos estavam pipocando de forma gritante, lembrando-a de que jamais sentiria as coisas que sentiu com ele com mais ninguém. Lembrando-a de que jamais amaria ninguém como o ama.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 - 𝘁𝗵𝗲 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗿𝗮𝗴𝗼𝗻Where stories live. Discover now