Arcanums

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Havia uma cidade oculta nos confins do tempo, um lugar místico chamado Arcanums, onde a magia e a realidade se entrelaçavam como uma dança celestial. Seus domínios eram abraçados por um clima e uma paisagem tropical, que soprava suavemente como os sussurros de fadas encantadas. A cada passo pelas suas ruas de paralelepípedos, a magia se desvendava diante dos olhos dos sortudos que caminhavam por aquelas vielas iluminadas.

As casas eram verdadeiros testemunhos da imaginação mais extravagante. Cada uma delas tinha sua própria personalidade, com designs únicos que pareciam brotar de contos de fadas esquecidos. Mas não eram apenas as habitações que emanavam encanto, pois o comércio também era repleto de magia e mistério. A cada esquina, lojas encantadoras exibiam aparelhos mágicos e objetos de poder, cativando a imaginação dos visitantes com promessas de maravilhas inimagináveis.

Nas ruas, risadas de crianças, jovens e idosos enchiam o ar com a alegria contagiante de uma sinfonia. A música, suave e envolvente, ecoava em cada recanto, embalando os corações daqueles que ali residiam. Porém, em meio a toda essa beleza, um véu sombrio encobria a cidade, ocultando segredos terríveis, mentiras e traições.

Arcanums, como um reflexo da dualidade humana, estava dividida em dois estratos sociais: os Arcanistas e os sussurantes. Os primeiros, privilegiados por possuírem o dom da magia, desfrutavam da beleza e dos encantos da cidade. Eram os heróis, aqueles que contemplavam os raios de sol que acariciavam a face das nuvens, enquanto os sussurantes, desprovidos desse dom, eram relegados ao status de escória e tratados como tal, condenados a um destino de indignidade.

A cidade era governada pelos Arcanistas, a elite que controlava a força que pulsava nas veias de Arcanums. No entanto, sua busca incessante pelo poder e seu descaso pela igualdade entre as classes geraram um preconceito visceral, alimentando um fogo ardente de descontentamento e revoltas nas sombras da cidade encantada.

Em um dos becos de Celestia Nova, uma das favelas de Arcanums, Ayana vivia em seu barraco, como ela carinhosamente chamava seu modesto lar. Era apenas um único cômodo construído com placas de madeira de caixotes, o telhado feito de um material fino, semelhante a acrílico, com textura de papel filme. Pelo telhado, Ayana podia observar o mundo ao seu redor enquanto sentava em um canto, sobre caixas e amontoados de trapos que formavam sua cama. A jovem finalizava o ato de calçar suas botas e pegava seu equipamento de trabalho: uma bolsa surrada e empoeirada, toda remendada com uma faixa transversal. Dentro dela, guardava duas pedras, uma em formato de flecha e outra em formato de águia. Além disso, a bolsa continha uma garrafa de água e um lanche embrulhado em couro. Para completar, Ayana carregava consigo uma ferramenta que se assemelhava a uma picareta com motor e engrenagens, além de uma pequena lanterna presa à cintura.

Ayana era considerada uma jovem bonita de acordo com os padrões de sua sociedade. Media 1,67 de altura, sua pele morena apresentava leves marcas listradas em tons de chocolate, quase transparentes, lembrando a pele de um tigre. Seus olhos brilhavam em um tom violeta cintilante, que às vezes pareciam labaredas ardentes e fugazes, dependendo da luz. Seus cabelos negros ondulados se assemelhavam às sombras do mar, e apesar de se queixar constantemente de seus supostos "excessos", sua figura era esbelta. Os rapazes inclusive, pareciam não se importar com tais queixas, e não era raro que Ayana recebesse cantadas e elogios de outros trabalhadores da mina.

Arcanums: O Renascimento Dos GuardiõesWhere stories live. Discover now