Dia seguinte...

Eu limpava o porão com a ajuda de Tommy, subia e descia a escada de madeira, para levar qualquer coisa de útil para lá.

Eu havia ido ao mercado hoje mais cedo; comprei diversas comidas em latas, dizem que duram mais, é o que iremos descobrir.

A moça do caixa se impressionou com o número de comida enlatada, e apenas a respondi que iria fazer uma longa viagem com um amigo. Ela disse para eu tomar cuidado pois “há um homem vagando com uma serra elétrica por aí”, foi o que ela disse, além de acrescentar “Cuidado com esse tanto de comida, vai que ele a equestre e pegue essa comida toda pra fazer ensopado”.

Havia achado nojento então dei uma risada forçada apenas concordando, peguei as sacolas e voltei para casa.

Tratei de deixar as cortinas bem fechadas, até passei fita nelas as grudando na parede, para elas não se abrirem. Thomas havia me dado a ideia de pôr madeiras nas mesmas, mas eu recusei dizendo que estaria muito suspeita a casa.

Além de outra situação, na qual eu lutei e bati o pé para não acontecer, mas Thomas queria o bendito colchão de casal de Jacob. Droga, foi a minha pior decisão, mas se eu não concordasse, Thomas iria ficar gritando e alguém de fora o ouviria.

Terminei de arrumar o colchão com muito desgosto, e observei os armários com a comida já arrumada. Além de observar o canto onde havia uma escopeta e uma calibre trinta e cinco.

Peguei a escopeta no quarto de Jacob, e a calibre no quarto de Charlie; Jacob usava ela para quando havia muitas caças por aqui, quando estava bêbado até ameaçava mamãe. E Charlie, o vi usar algumas vezes a arma de fogo pequena, apenas para treinos como tiro em garrafas.

Eu ficava com medo de estar nos treinos dele, pois ele fazia também para se desestressar, mas Jacob quando não estava em casa, ordenava que seu filho me levasse. Eu podia jurar, que sentia Charlie apontando aquela calibre, na minha direção, mas nunca puxava o gatilho. Eu não sabia se era falta de coragem, ou medo de Jacob bater nele como algumas vezes.

Eu tinha medo quando Jacob o batia. O batia quando o velho estava bêbado ou irritado por alguma coisa, ou quando Charlie acabava mexendo nas coisas dele, ou o respondendo com palavras erradas, ou com o tom errado, e ainda mais quando ele falava mal de minha mãe. Tudo isso enfurecia Jacob, quando vinha da parte de seu filho.

Quando eu tinha tempo, corria para meu quarto e trancava a porta, as vezes ele batia naquela porta de madeira com força só para me bater. E quando não conseguia chegar a tempo, sentia seus dedos se envolver em meu cabelo, e me puxar para fora do quarto.

- Sarah!    - A voz de Bubba soa e voltei para a realidade tendo um pequeno sobressalto pelo susto.

- Sim? 

- Sarah... Pensativa.   - Me olhou atento.

- ... Oh, sim... Apenas acabei pensando em algumas coisas, deixa quieto.   - Sorrio fraco, segurando meu braço.

- Tá bom.

Passou um tempo e fiquei no meu quarto lendo uma revista velha, e escuto passos se aproximando e vi Bubba com uma bandeja pequena contendo um copo de plástico e pelo que parece, um sanduíche.

- Obrigada, grandão.   - Sorrio pegando a bandeja sem sair do lugar -  ... Eu não sei o que pode acontecer nessa noite... Quer dormir aqui ou no porão?   - O olhei.

- Durmo onde Sarah dormir!    - Diz sério e acenti o dando um selinho na sua bochecha.

- Deixe sua máscara por perto. Sabe onde a colocou?     - Mordi o sanduíche que continha queijo e presunto.

- Sim. Na sua gaveta.   - Ergueu os ombros e me engasguei com o pão.

- Que.. Que gaveta?!   - O olhei assustada.

- Sapatos, Sarah.   - Diz com a voz baixa, e suspirei em alívio.

Esses dias, flagrei Thomas mexendo em minha gaveta de calcinhas, sabe céus o porquê disso!

- Certo...

Após meu lanche da tarde, deixei a bandeja na escrivaninha ao lado de minha cama, esperei um pouco.

- Antes de escurecer, vamos logo pro porão, Thomas.

Este concordou comigo e fomos para o porão, tranquei bem a porta e prendi com uma cadeira de ferro já enferrujada.

Desci a escada de madeira e me deitei no colchão de casal, que se encontrava no chão.

Trate de me cobrir toda, para não ser mordida por algum inseto. Notei Bubba ir até onde estava as duas armas, Bubba pegou a escopeta, e foi para o colchão, mas em vez de se deitar, ele ficou sentado olhando seriamente a escada com aquela arma de fogo em mãos.

- Thomas..?

- Vigio. Sarah dorme.   - Diz sério.

Eu concordei e fechei os olhos mas segurei uma parte de sua camisa para sentir que ele está ali. E adormeci.











Na madrugada

Acordei rapidamente ao sentir Bubba me agarrar e me pôr em seus braços, o som dos vidros das janelas sendo quebrados me assustou, além da fumaça que provavelmente passavam pela porta do porão, vozes de pessoas adentrando em minha casa... Por pouco não gritei, já que Bubba me calou.

Ele correu para a janela que havia ali e eu não sabia o que ele via, apenas o olhava assustada e já derramando lágrimas.

- Eu vou tirar Sarah daqui, Sarah vai correr para a floresta, caminho livre para lá.

- Não, não, não.. Não sem você!

- Vai!

Quebrou a janela e forrou os cacos com coberta e me fez passar pra fora.

- Bubba!   - Exclamo soluçando.

- Thomas não passa por aqui. Pequeno... Vai!   - Rosnou baixo.

- ... Droga! Vai me encontrar?!

- Vou. Floresta.

Afirmo contrariada e me levanto dando alguns passos a frente, vendo a multidão que estava à frente da casa, sorte a minha que estava na lateral. Respirei fundo e corri rapidamente, escutei algumas vozes dizendo "Olha ela ali" mas não parei indo o mais rápido que podia.

Eu deveria ter ido para a floresta mas a casa dos Sawyers era bem mais próxima, e passei por ela indo para o quintal, e entrando na casa me escondendo ali.

Droga.






𝐿𝑒𝑎𝑡ℎ𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 - 𝑈𝑚𝑎 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑁𝑎𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎 +18 Where stories live. Discover now