When de party's over

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27 de março de 2019

"Você tá crescendo dentro de mim
E eu tenho tanto medo
Você parece se cansar
Me sinto como em um banco de reserva
Esperando por migalhas de atenção
Por que tem que ser assim?
Por que o amor dói?
No meio desse furacão
Sinto como se meus sentimentos fossem tinta em meio a água
Se recusando a se misturar
Se recusando a desaparecer
Queria ter você por um instante
Te abraçar como nunca abracei ninguém
E talvez nem soltar
Mas isso são só devaneios inalcançáveis
Devaneios que só espero o tempo levar"

Mais um dia se passava, mais uma semana se encerrava e tudo parecia igual. A dor era igual, minha ferida estava aberta e exposta ao relento. Sempre tentei encontrar o mínimo de força pra seguir, mas dessa vez eu não consegui. Tudo foi tão paralisante, tão assustador e esotérico. Eu vi Mathias ser destruído pela multidão e, de novo, me paralisei. Como eu podia ser assim tão fraca? Como eu não pude me mover um segundo para ajudar o Mathias? Esses pensamentos iam e sempre voltavam, espantando o meu sono. Como o Mathias, eu também perdi tudo, não só a minha vontade de viver, eu também perdi meu emprego. Agora eu vivo com uma prima, ela quase nunca fica em casa, sempre em viagens, me deixando junto a solidão. Os Galos Negros ainda continuavam juntos. Na turnê após a morte de Mathias foi a maior que eles já fizeram e farão, obviamente pela sede do público por uma explicação, ou só uma curiosidade fodidamente mórbida. Eles criaram um álbum de tributo ao Mathias, com sete músicas, sem o som da bateria. Mesmo sem esse instrumento tão importante, esse álbum parecia conter mais do que o que eles são atualmente, todos parecem quebrados, a cada dia com mais imperfeições aparecendo e eu pareço ser a pior, a mais quebrantada, a mais esquecida e a que mais se afastou. Eu só queria a chance de ser eu mesma, de gostar de mim, de me sentir bem quando me olho no espelho, me sentir acolhida de verdade por alguém, como Mathias fez eu me sentir, mas parece que até ele parecia querer algo de mim. Eu desaparecia mais e mais dentro de mim a cada vez que eu tentava me achar, eu tinha medo. Tinha medo da espiral confusa que eram meus sentimentos, tinha medo do calabouço que era a minha própria mente. Ficar deitada na cama era a única coisa que fazia sentido pra mim, as vezes, nem eu fazia sentido, nem eu me entendia, nem eu me aguentava, nem eu suportava ser eu. Ser quem eu sou, deveria me orgulhar. Ter a oportunidade de exercer o meu próprio eu, deveria me fazer feliz, mas não é tão satisfatório quando o seu próprio eu são apenas migalhas quebrantadas de um vaso que, mesmo quando estava por completo, nem era tão chamativo. Então eu peguei meu telefone e botei para tocar uma antiga e boba canção de ninar que minha mãe cantava para mim, naquele olho do furacão, era a única coisa que me acalmava, mesmo com toda a turbulência que era a nossa relação. Queria que a vida tivesse esperança, que a minha vida fosse o que eu sonhava que fosse, que fosse o que parece ser para os outros e que tudo não fosse só poesia...

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⏰ Última atualização: Nov 04, 2023 ⏰

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