A Hacker e o Criminoso - Parte II | LIVRO 03 • EM BREVE

SINOPSE

Martin Dolabella

Uma borboleta azul voou para perto de mim, eu soube que aquilo significava distância, a mais profunda e poderosa distância daquela que eu tanto queria por perto.

Eu a maltratei, machuquei, degradei e humilhei. Sua forma de processar tudo isso não era como de uma mulher normal. 

Ela nunca foi uma mulher normal, e apenas por isso ela ainda me queria, apenas por isso ela ainda me desejava, mas ela também queria sangue. Cada gota dele.

Seu paradoxo emocional se tornou a minha prisão. Seu prazer estava em me quebrar, em me submeter, exatamente como fiz com ela. O remorso mais doloroso que eu poderia sentir na minha vida apenas me fazia aceitar a sua punição, como o cordeirinho que eu nunca fui. Como o vassalo que ela me tornou.

Eu a destruí, e agora ela me destruía também. Mas para o meu azar, eu não era tão resistente como ela. 

Sem esforço ela me mantinha em sua gaiola.

A mulher que eu mais amei na minha vida. Minha esposa. Minha ruína.

Saulo Ortiz

Meus olhos se abriram e nuvens invadiram a minha visão, eu estava de volta ao lugar que eu fugi durante toda a minha maldita vida. 

Cada dor, cada sofrimento, cada peso. Tudo que suportei por amor a ela, não foi suficiente para fazê-la olhar para mim ao invés de para si mesma. 

Como sempre, sua vontade prevalecia, e eu como o tolo que sempre fui, ia atrás dela como um pequeno animalzinho carente e desesperado pelo seu amor. Eu era patético. 

Apesar das desgraças que havia nascido predestinado a viver, encontrei o amor graças a ela, um amor que eu jamais esperei viver, mas que me completava e me fazia acreditar que eu poderia finalmente ser feliz. Mas ela me colocou nas mãos do demônio que eu corri por anos, ela me tirou o amor que eu construí em meio ao caos, pois eu era doente o suficiente para ser incapaz de deixá-la para traz. 

Eu estava viciado em sua presença, em seu silêncio, em sua indiferença, como um drogado que implorava para um dia conhecer algum outro lado que eu queria acreditar que ela tinha. Alguma reciprocidade, por menor que ela fosse.

Sem esforço ela me mantinha em sua gaiola.

A mulher que eu mais amei na minha vida. Minha irmã. Minha ruína.