O homem continua: 

– Mas, enfim, se não era pra ser, é melhor que você tenha descoberto isso logo e não daqui há cinco ou quinze anos. De toda forma, você é só um menino ainda. Tem tanto pra viver, tanto pra descobrir. Tenho certeza que vai encontrar seu lugar no mundo no tempo certo.

Quando Horan enuncia coisas desse tipo, Harry custuma ficar constrangido. É como se sente agora. Não obstante, também sente-se honrado pela compreensão e afeto vindos dele.

Isso o faz pensar em como gostaria que seus pais fossem mais como ele, que expressassem abertamemte seus sentimentos ao invés de guardá-los possessivamente consigo.

Harry os ama, obviamente, mas tem noção do porquê não sentiu tanta saudades deles. Apesar de morarem debaixo do mesmo teto durante toda a vida, Harry sente que mal os conhece e vice-versa; sente que eles nunca conversaram honestamente, nunca revelaram seus interior, nunca tiveram um momento de profunda vulnerabilidade. Essas falhas abriram fissuras enormes na relação deles.

– Niall que vai adorar saber disso - Horan o trás de volta para o presente – Toda vez que ele vem aqui, pergunta se você já voltou.

Simples assim, a mísera menção do nome de melhor amigo faz espirrar respingos da magnificência do melhor amigo em Harry, e acalenta-lhe o espírito magoado, atormentado.

No final das contas, ao contrário do que temia, Niall não lhe deu as costas nem o esqueceu. Em vez disso, o aguarda ansiosamente. Deseja um reencontro tanto quanto Harry. 

A felicidade infla com essa constatação, quase extinguindo por completo a sensação de desamparo que, por todo esse tempo, ele mal havia percebido sentir.

O contentamento e o alívio ascendem-lhe o semblante.

– Ele tem vindo muito aqui? - pergunta, ansiando rever Niall o mais breve possível.

– Não tanto quanto eu gostaria - responde o pai, resignado – Mas a gente entende, sabe. Ele tá sempre muito atarefado. Até quando vem pra cá dizendo estar de folga, passa a maior parte do tempo estudando. Tô gostando de ver ele realmente dedicado a algo importante; era isso que faltava na vida dele, uma responsabilidade para focar. Mas não posso negar que o distanciamento é um ponto negativo.

Harry concorda.

– Mas ele tá se saindo bem? Quero dizer, tá gostando das aulas? Lembro que, umas semanas antes de ir embora, ele viu a grade de aulas e só falou disso o tempo todo.

Horan balança a cabeça, curvando um sorriso orgulhoso.

– Que tal ligar e perguntar isso diretamente pra ele? Sei que você prefere ouvir essas coisas da boca dele. E vai ser uma boa surpresa ele descobrir que você finalmente está de volta.

Sem esperar por uma resposta, o pai do amigo já vai tomando o celular do painel do carro e, após desbloqueá-lo, o entrega para o rapaz.

Enquanto procura pelo contato dele, Harry se esforça para não abrir um sorriso de rasgar os cantos da boca, entretanto, no instante em que a chamada é atendida com um preguiçoso e aí?!, a alegria torna-se tão irresistível e deslumbrante que não lhe resta saída além de se render miseravelmente

Por um momento ambos ficam em absoluto silêncio antes de Niall tentar uma nova abordagem:

– Pai, tá aí?

Harry continua sem abrir a boca pelo simples motivo de não ter ideia do que dizer. 

Passou-se bastante tempo desde a última vez que conversaram, tanto que ele sentiu como se tivessem há anos, não meses. A saudades foi tremenda. Quantas vezes desejou ouvir o grave cursivo da voz dele outra vez… Quantas vezes sentiu o peito contorcer-se pelo medo de nunca mais escutá-lo novamente.

immaculate sin of the lovers • L.S.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon