O erro

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Escutamos gritos vindo de algum lugar da casa. Eu e Ethan estamos ainda deitados em sua cama, deve ser quase meio-dia, mas com esses gritos (parecem ser de uma mulher e de um homem) fazem Ethan e eu pularmos da cama. Colocamos rapidamente alguma roupa e saímos do quarto.
Chegando na cozinha, vejo uma cena horripilante, eu só quero sair dali. O pai de Ethan aponta uma arma para Laila. Ele está usando uma camisa social branca desabotoada e percebe-se as inúmeras tatuagens dele. Esse homem provavelmente está bêbado, pois se segura na bancada da mesa da cozinha.
- Saiam daqui - grita a mãe de Ethan. Mas nós não nos mexemos. Olho para a sala, o mordomo está preso em uma cadeira com uma fita na boca.
- Para de gritar, mulher louca - fala o pai de Ethan com uma voz gutural.
- Pai, por que você tá fazendo isso? - pergunta Ethan com tristeza no olhar.
- Porque vocês merecem, porra. Merecem sofrer.
Não consigo me conter e abro a boca:
- Por que eles merecem isso? - pergunto, e me arrependo na mesma hora de ter perguntado.
O pai de Ethan vem em minha direção e continua apontando a arma para Laila.
- Eu vou contar uma história a vocês. Era uma vez uma família feliz. Eles viviam em harmonia, eram ricos e tinham uma empresa ilegal que se deu muito bem. Mas, como nem tudo são flores, a mulher traiu o homem com um de seus amigos, seu nome era Domenic. A traição havia acontecido há muitos anos atrás, porém, o marido só descobriu 16 anos depois. Descobriu, então, que o seu "filho" amado, não era seu filho e que a mulher não o amava. A sua família era toda falsa e não poderiam ser chamados de sua família, já que o filho não era filho e a esposa não era a porra de uma boa esposa.
Ethan tenta segurar as lágrimas, porém elas rolam pelo seu rosto.
- O que você tá dizendo é mentira! - fala.
- Pergunte a sua mãe - diz o pai.
Ethan olha para a própria mãe que está sem palavras.
- Foi... Foi um erro. Aconteceu uma vez - diz Laila.
- Mas nessa única vez, você conseguiu ficar grávida. Uma salva de palmas - o pai de Ethan bate palmas.
- Então esse é o motivo de tanta vingança? - pergunta Laila. - Ethan não tem nada a ver com isso. Ele não tem culpa.
- Mas era pra ele ser meu filho, sua vaca!
Ele está pronto para atirar em Laila. Não sei o que fazer. Meu coração está apertado. Ethan corre na direção de sua mãe, quando tem certeza que seu pai vai atirar nela.
Só que eu atiro primeiro. Eu atiro no pai de Ethan. Peguei o revólver de dentro da gaveta, onde vi Ethan colocá-lo na noite anterior. Ele estava tão tenso para ver o que estava acontecendo, que esqueceu de pegar a arma, algo muito importante naquele momento. Mas agora, olho para as minhas mãos, estão tremendo muito, solto a arma no chão. Eu atirei em alguém. Não me atrevo a olhar para o pai de Ethan, porque provavelmente a cena nunca mais sairia da minha cabeça. Ethan volta para mim e me abraça. Me esconde da cena. Laila se aproxima e fala:
- Ninguém vai sentir falta dele. Muito obrigada, garotinha, você salvou a minha vida. Devo muito a você.
- Mãe, ninguém pode saber disso.
- É claro - responde.
Ela desamarra o mordomo e ele chama alguns homens para "limparem"o local. Ninguém vai ficar sabendo de nada.
- Mãe, então eu sou mesmo filho de Domenic? - pergunto.
Ela assente.
- E meio irmão de João - completa ela. - Desculpa nunca ter contado para você, não parecia seguro...
- Tudo bem. Não tem problema.
Ethan ainda está me abraçando. Quando me solta, fala:
- Hoje é seu penúltimo dia aqui, vamos ter que nos divertir.
Assinto sorrindo um pouco.
Alguns vizinhos vêm perguntar o que aconteceu e Laila fala que Ethan estava tentando matar um guaxinim que não parava de os importunar na casa. Todos acreditam.

Encontramos Sasha, João e Mari na praia

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Encontramos Sasha, João e Mari na praia. Ethan puxa João para um canto e conversa com ele. Olho de longe as expressões de surpresa de João e no fim eles se abraçam. Tomamos banho de mar, fazemos guerra de água e surfamos. Eu subo e sento no pescoço de Ethan e Sasha faz o mesmo em João. Depois, tentamos nos derrubar e Mari é juíza, chamam isso de briga de galo.
Conseguimos algumas madeiras na casa de Sasha, pintamos de branco e escrevemos em tinta verde, transformando em uma placa: "Life is better at the beach." Isso significa: "A vida é melhor na praia."
Ficamos um tempão sentados na areia, até o sol se pôr. Estou pensando: vou tentar convencer os meus pais e meus tios de eu morar aqui. Será que consigo?

 Será que consigo?

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- Meg - começo. - Gostaria de falar com você.
Meg está fazendo o almoço e diz:
- É claro, querida. Fique a vontade.
- Será que eu poderia morar aqui? Por um ano talvez. Eu terminei o ensino médio e queria um tempo antes de começar a faculdade. Conheci uns amigos ótimos, e até talvez... Um namorado. Eu sei que você não gosta do Ethan, mas eu gosto dele de verdade. Você acha que eu poderia ficar aqui por mais tempo?
Ela pensa um pouco e fala:
- Nós iríamos adorar, é claro que você pode ficar, sem problema nenhum. Mas, você precisa falar com os seus pais primeiro.
- Sim, vou falar com eles. Muito obrigada!
Dou um abraço apertado nela e ela ri.

Ethan e IslaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora