A onda

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É o dia da final do surfe. João quer muito participar, porém ainda não se recuperou ao ponto de fazer isso.
- Os outros sabem? - pergunto a Ethan. Eu nem preciso especificar para ele entender.
- João sabe quem foi que machucou ele e Domenic. Todos sabem, Mari e Sasha também.
- Então você não queria me envolver nisso, mas envolveu eles? - pergunto abismada.
- Querida, eles sabem se defender.
- Eu também sei!
- Você sabe usar uma arma? - pergunta levantando uma sombrancelha.
- Não...
- Eles sabem.
- Então me ensina - peço. - Assim eu também posso me defender.
- Hoje à noite. Na minha casa. Eu vou te buscar.
- Ok.
Pegamos as pranchas e ficamos em posição. Estou nervosa. É a final, não posso fazer burrada, se não nós perdemos. Tento me acalmar e me concentrar em minha respiração.
Sasha vai primeiro. Perfeita como sempre. Depois Mari. Muito boa também. Ethan. Incrivelmente maravilhoso. E por último eu. Só que... Eu vejo alguma coisa atrás das palmeiras. Uma pessoa. Vestindo preto. Sinto um arrepio. Já estou no mar, mas não consigo me concentrar nas ondas. Tento identificar quem é atrás daquela palmeira. Levanto de pé na prancha. A pessoa de preto abre um pouco a jaqueta e tira de dentro uma... Uma faca. Meu Deus. É o pai de Ethan.
O meu corpo começa a tremer. Lembro de ver João e Domenic naquele estado. Sufocando. Eu estou me sufocando. Mas, não é bem isso. Eu estou... Me afogando? Água salgada entra em meus pulmões. Sinto a pressão de uma onda gigante embaixo da água. A onda me enrola. Não consigo prender a respiração. O meu corpo fica mole. A minha visão fica preta e eu não sinto, não penso, não escuto e não vejo mais nada.

A água sai dos meus pulmões com tossidas. Estou deitada na areia e não sei como fui parar ali.
- Graças a Deus, Isla. Porra, quase me matou de susto - fala Ethan ajoelhado ao meu lado. O cabelo molhado, olhar assustado e o peito subindo e descendo rapidamente, sem fôlego.
- O que...? - começo, mas a minha voz quase não sai.
- Você quase se afogou - Sasha responde. Vejo que a minha cabeça está apoiada em seu colo.

 Vejo que a minha cabeça está apoiada em seu colo

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Visão de Ethan de alguns minutos atrás

Isla está estranha. Ela entrou no mar, mas nem olha para ele. Está deitada na prancha e depois levanta de pé na mesma. Por que essa garota não se concentra?
- Vamos Isla, se concentra. Você consegue - digo baixinho para mim mesmo.
Ela olha alguma coisa ao longe. Olho naquela direção e não vejo nada. Os olhos de Isla se arregalam. Olho de novo na direção que a garota está olhando, mas não vejo nada. Ela precisa se concentrar, tem uma onda gigantesca chegando nela. Aquela onda seria perfeita para alguém que tem experiência e sabe exatamente os detalhes sobre surfar. Mas Isla... Ela ainda está aprendendo. Começo a correr em sua direção, aquela onda não vai mantê-la de pé. Isla pode se machucar. Corro mais rápido. Mas a onda é mais rápida e a enrola. Parece ser aquele tipo de onda que tem tanta força que te enrola embaixo da água. O que eu faço?
Isla começa a boiar. Penso o pior e meu coração despenca. E se... Não. Não vou pensar no pior.
Puxo ela para fora do mar e a arrasto pela areia. Começo a fazer respiração boca a boca e a apertar seu peito. Está inconsciente. Verifico a pulsação e a respiração. Está viva.
Depois de alguns segundos ela gospe água e pergunta:
- O que...?
- Você quase se afogou - Sasha responde.

?- Você quase se afogou - Sasha responde

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Voltando para a visão de Isla

Agarro os ombros de Ethan. Puxo-o perto e sussurro em seu ouvido.
- Eu vi o seu pai atrás das palmeiras, ele estava segurando uma arma.
- Eu não vi nada - Ethan responde.
- Mas eu sim.
- Talvez seja a sua cabeça, sabemos que aquela noite foi complicada. Com certeza marcou a gente de alguma forma.
- Mas foi real.
- Tão real quanto o medo que eu tive de te perder hoje - responde.
- Você não vai se livrar de mim tão fácil assim - beijo a sua bochecha.
Eu tenho certeza que era o pai dele. Certeza.

Estão procurando Vicenzo

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Estão procurando Vicenzo. O garoto sumiu depois que eu "quase" me afoguei. O pessoal da gangue vermelha está louco:
- Porra, eu vou matar aquele filho da puta quando achar.
Não acharam. A competição foi cancelada e todos estão indo para casa. Ethan vai me abraçando em direção à saída da praia. Quando chegamos na casa de Ethan, Vicenzo está apoiado no portão sorrindo. Ele desencosta do portão e Ethan pergunta:
- O que você tá fazendo aqui?
Vicenzo olha para as próprias unhas quando responde ainda sorrindo:
- Não achei que seria justo a gente ganhar depois do que aconteceu com você - fala apontando com a cabeça para João. - E com seu pai.
Todos ficam boquiabertos. Quem diria que Vicenzo Tommaso tinha um lado bom e sensato.
- Isso não quer dizer que a gente te perdoa - diz João com raiva.
Vicenzo balança as mãos.
- Tudo bem, eu entendo. Só quero dizer que eu não queria que... Aquilo acontecesse. Considere o meu sumiço de hoje como um pedido de desculpas.
- Você acha mesmo que só isso é o suficiente? Meu pai ainda tá no hospital - fala João indo em direção a Vicenzo provavelmente para bater nele.
Ethan coloca um braço na frente de João e fala:
- Não vale a pena.
Ethan se vira para Vicenzo e diz:
- Se o que você queria era um obrigado. Obrigado. Agora vai embora.
- Tá bom, tchauzinho - Vicenzo fala levantando as mãos em defesa.
Ele vai embora e nós entramos na casa de Ethan. Mas antes disso, vejo a troca de olhares entre Vicenzo e Mari. Ele dá um sorrisinho para ela e ela quase sorri de volta. Esses dois devem ter alguma coisa.

Ethan e IslaWhere stories live. Discover now